Acordão de cúpula – Ela se salva! Mas e o povo?!

Por Rubens Alves*

Venho acompanhando atentamente os desdobramentos inéditos no PT de Dourados. Inéditos, por que por mais que algumas das suas principais lideranças públicas venham a algum tempo fazendo um forte deslocamento a uma política cada vez mais distante da esquerda, ou mesmo petista, o histórico do PT douradense não tem paralelo com o que vem sendo proposto neste momento.

Estou me referindo, é claro, a defesa bancada por algumas das principais figuras públicas do partido na cidade (o recém eleito deputado Laerte Tetila, o ex-deputado João Grandão e o vereador Dirceu Longhi). Patrocinados, segundo o jornal o correio do estado, por alguns da bancada federal petista.

Os argumentos para justificar a façanha são os mais variados possíveis. Desde afirmações estilo: “que o PT ocupando espaços no governo do DEM acumulará força para as próximas eleições”, até mesmo a citação de erros já cometidos pelo partido ou grupos, frases prontas (que outrora era utilizada pela direita para estigmatizar o PT junto à sociedade) são lançadas contra os petistas que não concordam com a proposta: “precisamos pensar grande e não podemos ser radicais e extremistas”.

O PT cresceu e se transformou em um dos mais fortes e respeitados partido de esquerda no mundo, com os pés bem presentes na organização social, a luta eleitoral articulada com a luta política e a ideológica, com presença no debate de idéias, expressando valores e visão de mundo. Infelizmente alguns setores e lideranças, resumiram e empobreceram a sua ação exclusivamente a dimensão eleitoral, abrindo mão de todas as demais.  Não é por acaso, que após oito anos de uma rica experiência administrativa, o PT de Dourados saiu derrotado politicamente das urnas, e parte de suas principais lideranças consumidas pelo pragmatismo estreito e sem limite.

Este rebaixamento político, programático e ideológico é conseqüência deste fenômeno mais geral. E é por isto que alguns petistas passam a considerar natural um partido como o PT, de esquerda, de característica populares e democráticas, se aliar com outro de características totalmente opostas: de direita, conservador e reacionário.

O subproduto deste processo é isto que estamos presenciando: lideranças que não apostam mais na luta política como fator de fortalecimento dos partidos e de mudanças da sociedade, optando por “facilidades” tão tradicionais e comuns na velha cultura política brasileira: negociar espaços nas esferas públicas, que neste caso em tela, significa secretarias, vice, e possivelmente acordos presididos por fortes interesses individuais para 2014, e por aí vai…

Mas vamos direto ao ponto. Segundo os nossos companheiros petistas pró DEM, o momento é de grandeza política, portanto devemos participar do governo de coalizão para “salvar” Dourados da crise que se encontra; uma espécie de “todos unidos e irmanados por Dourados”. Cá entre nós: politicamente chega ser patético! Será que salvará mesmo? Mas salvará quem? O povo douradense? Salvará do que? E de quem? A história esta cheia de exemplos: toda vez que os acordos de cúpulas acontecem, o resultado é um só: ELES SE SALVAM – e o povo se arrebenta!

Neste momento cabem três perguntas: Por que a coalizão não pode se dar em torno de um candidato de um outro partido, como por exemplo o PT? O DEM possui mais legitimidade do que o PT? O DEM de Dourados esta imune a tudo que vem sendo explicitado na operação Uragano? Os seus quatro vereadores passaram ilesos das denuncias?

Mas vamos mais além. O DEM ex-PFL já conhecemos suficientemente: mudou de nome para tentar, com uma espécie de verniz, rejuvenescer a sua imagem já carcomida, que conquistou graças a sua política truculenta e de extrema direita. E o seu candidato? Pelo que eu saiba um empresário do ramo da educação. Pois bem, os problemas já começam aqui, pois enxerga e se relaciona com a educação como meio de acumular capital, portanto mercadoria. Muito diferente do compromisso histórico do PT que sempre lutou para que educação (como saúde, cultura entre outros) seja um direito básico e universal, garantido pelo Estado a toda a população de forma gratuita e com qualidade. Isto significa concepção de estado e visão de mundo muito diferente!

E como deputado, qual foi o seu desempenho? Pelo que eu saiba, tanto como estadual, quanto federal seu desempenho é pífio e apagado. E como vice-governador, nos quatro anos? Sinceramente: não disse pra que veio! Foi uma figura nula, sem expressão, bastante leniente e servil ao atual governador, mesmo quando ele era vítima de posições autoritárias e truculentas.

Parece-me, também que os petistas pró DEM, se esqueceram, ou não entenderam, o que ocorreu nesta eleição nacional a menos de dois meses. Será que a disputa tão intensa e agressiva, não passava de encenação e teatro? Os nossos companheiros do PT podem até não ter entendido, mas a direita em Dourados (do DEM, PSDB etc) tem consciência e sabe claramente o que estava em jogo e que ela representa setores sociais distintos aos do PT; sabe que as disputas que estamos travando não se resumem a dimensão eleitoral, basta reler abaixo parte do texto da resolução aprovada pela Executiva Nacional do DEM, em 2008, proibindo aliança com O PT: “considerando a notória divergência programática e política entre os Democratas e o Partido dos Trabalhadores – PT;

Art. 1°. Fica vedada a formalização de coligação para a eleição majoritária municipal em apoio a candidatos do Partido dos Trabalhadores – PT. Como se vê o DEM tem total clareza das imensas diferenças ideológicas entre as duas forças. Porém, é claro, se o PT capitular e aceitar “jogar água no moinho deles” tudo bem, eles aceitam serem apoiados!

Será que de fato participar de um tipo de alianças como esta significará acumular forças para o PT? Todos sabem que a principal tarefa do prefeito eleito agora em fevereiro, será se reeleger em 2012, portanto isto também significará o PT ter candidatura própria em 2012. E em 2016, será possível? Se levarmos em conta que após oito anos de administração, a política que hegemonizou o PT douradense o levou a uma dura derrota em 2008, como acreditar que após seis anos de gestão com os DEMOS, ao invés de aprofundar e ampliar a cooptação destes setores do partido, ao contrário, ele se revigorará, resgatando seu papel protagonista na cidade? Nem mesmo os mais otimistas, por mais que se esforcem, conseguirão acreditar nesta possibilidade.

Parece-me que a tal aliança cumpre apenas um papel: de atender projetos individuais de figuras do PT de Dourados de outras lideranças em nível estadual. Me chama atenção também o fato que as principais lideranças do dois grupos que estão defendendo a aliança com o DEM, são as mesmas que recentemente, na última disputa interna petista, no ano passado, se degladiaram de forma muito dura e intensamente pela direção do partido no município, protagonizando uma verdadeira “guerra” pelos votos dos filiados. A pergunta que é necessária responder ao conjunto dos filiados que inclusive majoritariamente os apoiaram é: o que de fato estas lideranças estavam disputando nas eleições internas passadas? Quais as divergências políticas de fundo entre estes dois grupos? Parece-me que o alinhamento político delas, neste atual episódio, ou seja, pró DEM, demonstra que de fundo não existia e nem existe nenhuma divergência política ou ideológica; a disputa de 2009 se resumia estritamente ao aspecto eleitoral e ao aparelho partidário. Ainda bem que nestas duas chapas, vários dos militantes que fizeram parte vêm demonstrando uma importante lucidez política e se posicionando de forma contrária.

Esta talvez seja a significativa nota positiva deste episódio do PT em Dourados: a resistência da militância, demonstrando muito mais lucidez que parte dos seus dirigentes. Esta é a contradição que vale a pena apostar, e que demonstra que o PT é muito maior do que qualquer liderança individualmente. Quando os seus líderes perdem as suas referências, cabe a base militante derrotá-los e retomar a construção do novo, reatando os laços da sua organização partidária com os seus compromissos e bandeiras de lutas e com a sua própria história.

* Rubens Alves é Vice – presidente Estadual do PT/MS
Fonte: pagina13.org.br

A consolidação da decadência: o PT e o governo Roseana Sarney

Por Bruno Rogens*

 

Na foto Whasington, Roseana e Raimundo Monteiro

 

 

Concluída a composição do governo Roseana Sarney se confirma aquilo que alentávamos já em outros artigos. Consolida-se o processo de reestruturação do poder oligárquico no Maranhão sob a benção do Lulismo. Recairá sobre os ombros de historiadores a análise do significado político do apoio do talvez, maior presidente que o país já teve, à reestruturação da mais moribunda oligarquia política do país. Nem tudo serão flores para essa análise futura. O atual governo não difere em nada do que significou politicamente os 8 anos de governo Roseana na década de 90. Àquele tempo Roseana era filiada ao PFL e apoiava o governo tucano de Fernando Henrique Cardoso. O atual governo começa sob a hegemonia conservadora do DEM, do personalismo roseanista, do fisiologismo dos partidos nanicos, e do apoio oportunista à ocupante do Palácio do Planalto. A única diferença é a participação de Whashington Oliveira na cadeira de vice-governador.

Não se pode afirmar literalmente que o PT esteja no governo roseana. A grande maioia dos diretórios, das lideranças e dos militantes fizeram campanha para Flávio Dino do PC do B nas eleições de 2010. Whashington levou cartorialmente o PT do Maranhão ao rearranjo oligárquico sob a benção do Diretório Nacional do PT, do Lulismo e da presidente eleita Dilma, mas não sob a anuência de milhares e milhares de petistas maranhenses que não concordam em hipótese alguma com a rendição incondicional à oligarquia. Não há legitimidade sob a condição oficial da participação do partido no atual governo. Foram fundamentais para a consolidação da atual situação do partido no Maranhão os interesses nacionais e a fragilidade institucional do partido no Maranhão que ficou refém do personalismo de Whashington e das consequentes benesses do apoio à oligarquia.

Mas vejamos o que a CNB-Ma afirmava  por ocasião do PED de 2009:

Sobre a queda de Jackson lago: “O retorno da velha ordem, recebida melancolicamente e sem euforia pelo povo, bem como a queda do consórcio tucano-pedetista, também pelo povo não lamentada, configura o esgotamento dos dois projetos e o limiar da transição por que passa o Maranhão na busca do seu verdadeiro destino, à partir da exploração correta de suas possibilidades”.

Sobre a composição do governo Jackson: “Ainda que a formatação do governo sinalizasse a contradição entre a fala e a prática, haja vista os postos subalternos e periféricos reservados para a esquerda na estrutura de poder, (…)”

Essas são citações da tese da CNB-Ma inscrita no PED, e foi com essa tese que a CNB pediu votos e elegeu Raimundo Monteiro presidente estadual, que menos de um ano mais tarde posaria envergonhadamente na famosa entrega da camisa do PT à Roseana Sarney na briga pelo controle dos delegados petistas pela definição da posição do partido nas eleições. Interessante notar que a CNB-Ma falava em transição e esgotamento dos dois projetos em curso, o oligárquico e o pretensamente libertador jacksista e menos de um ano depois estava rasgando a tese, jogando-a no lixo, cometendo estelionato eleitoral com os eleitores do PED e fazendo envergonhadamente campanha para Roseana Sarney.

Para instigar o imaginação do leitor petista pergunto: por que a CNB-Ma fala em transição e esgotamento do poder oligárquico e na campanha eleitoral faz campanha envergonhadamente para a oligarquia? Eles estavam lá a contragosto? À mando de quem eles faziam esse verdadeiro ato de traição aos ideais de fundação do PT e dos valores da esquerda? Amilhados agora na periferia da periferia do governo oligárquico o que Whashington Oliveira “vai contar lá em casa?” O pobre Maranhão vem pagando um alto preço pela governabilidade do projeto nacional.

A Articulação de Esquerda do Maranhão conclama a união das forças políticas do PT do Maranhão, incluindo valorosos companheiros da CNB-Ma para fazer oposição ao governo Roseana Sarney, para defender um PT vinculado aos movimentos sociais, populares, à intelectualidade engajada, à juventude de luta, para a construção de um polo político de esquerda no Estado que defenda o governo Dilma, o liberte das forças conservadoras da coalizão, e o faça avançar para a consecução de reformas estruturais fundamentais para a continuidade do projeto de mudanças iniciado sob o governo Lula.

*Bruno Rogens é professor e militante da Articulação de Esquerda no Maranhão

Ciranda – Por Ricardo Fernandes de Menezes

No dia 20 de maio de 2006, foram disponibilizados no sítio do Partido dos Trabalhadores (PT) na Internet os documentos intitulados Conjuntura, Tática e Política de Alianças e Diretrizes para a Elaboração do Programa de Governo, aprovados no 13º Encontro Nacional do PT, realizado no final do mês de abril do presente ano. Nos dois documentos encontram-se análises sobre o governo Luiz Inácio Lula da Silva e diretrizes para a elaboração do programa de governo a ser apresentado à sociedade brasileira nas eleições de 2006.

Chama a atenção, nos dois documentos, a ênfase com que a questão social é abordada e, por isso mesmo, revela-se a preocupação com um dos pressupostos para o encaminhamento de soluções para a superação das enormes desigualdades que caracterizam a sociedade brasileira: as condições de operação do aparelho de Estado nacional.

Assim, diz-se que o país “experimentou os efeitos de uma década de governos neoliberais, com efeitos gravíssimos nas condições de vida do povo, na vida econômica do país e na capacidade de atuação social do Estado”; fala-se “na desestruturação do aparelho de Estado”; aponta-se que “o contexto do processo de privatizações no Brasil foi marcado também pelo desmonte neoliberal da máquina estatal e de suas já combalidas estruturas de controle e fiscalização”; afirma-se que “foi necessário desencadear um processo de reconstrução do Estado, enfraquecido por forte crise fiscal, por privatizações, terceirização de seu pessoal” e, agrega-se, que “abandonou-se a opção anterior pelo Estado mínimo”.

E lê-se ainda naqueles documentos: “Interrompeu-se o ciclo de privatizações, concursos recompuseram áreas fundamentais do serviço público. Foram retomados os investimentos no saneamento básico, tendo sido já contratados 6.2 bilhões de reais de serviços nesta área. Deu-se vigoroso impulso às grandes estatais.

A Petrobrás, a Caixa Econômica, o Banco do Brasil, o BNDES, a Infraero, para só citar algumas empresas, passaram a ter papel estruturante na reorganização do país, ao mesmo tempo em que exibem uma rentabilidade que nunca tiveram”. E lê-se também: “O investimento em pessoal e equipamento na Polícia Federal permitiu inéditos avanços no combate ao crime organizado” e, por fim, que “Os programas de transferência de renda têm forte impacto sobre a reativação da economia, transcendem o assistencialismo, mas o desafio para o segundo mandato é transformar esses programas em políticas sociais universais, tais como a Previdência Social e o SUS mais adequados ao nosso país que se caracteriza por profundas desigualdades sociais”.

No dia 27 de maio de 2006, em matéria publicada na Folha de São Paulo, intitulada “Tarso pede fim do “conceito arcaico” de direito adquirido”, assinada por Malu Delgado, da  Reportagem Local, Seção Brasil, foram veiculadas supostas declarações do Ministro de Relações Institucionais, Tarso Genro, entre elas as contidas no seguinte trecho da matéria:

O ministro de Relações Institucionais, Tarso Genro, defendeu ontem a “redução drástica de despesas da União, com corte de salários, pensões e aposentadorias como uma medida exemplar” e crucial para que o país consiga crescer a médio prazo. Especializado em direito trabalhista, afirmou que é preciso “remover o conceito arcaico de direito adquirido” e “cassar privilégios para os quais as pessoas não contribuíram”.

Tais supostas declarações causam espécie, porque destoam completamente do eixo político central que inspira os aludidos documentos aprovados no 13º Encontro Nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), agremiação da qual o ministro faz parte.  

Há de se ter críticas ao Estado – lato sensu – historicamente erigido pela elite econômica (burguesia) brasileira, mas a solução é trabalhar com persistência e competência para democratizá-lo, reorganizá-lo e torná-lo coisa pública. No entanto, para que isso seja possível, o “insumo” vital é gente – profissionais de carreira, concursados, bem remunerados, sistematicamente capacitados e compromissados com a causa pública. De certo, entes públicos eficazes da Administração Pública no país – citarei a Petrobrás face à exemplaridade que lhe é inerente, mas existem muitos outros – não teriam sido construídos à luz do Estado mínimo, cujo discurso tem como característica mais saliente a estigmatização dos servidores públicos, dos servidores do Estado ou, ainda, como preferem alguns, dos trabalhadores sociais. 

Atualmente, a sociedade brasileira assiste às graves conseqüências da desestruturação do aparelho de Estado brasileiro, iniciada no final dos anos 1980, em todos os setores que convenciona-se denominar de sociais, com crises na segurança pública e na saúde para não nos alongarmos. Contudo, afrontando mesmo a realidade, continuamos a conviver com um dado discurso que, por ser ideologicamente dotado de lógica interna complexa, contribui para estigmatizar sobremaneira os servidores do Estado perante a sociedade.

Este discurso é uma espécie de ciranda, na qual joga-se remediados contra pobres, e pobres contra excluídos.

Os que são remediados e pobres, o são porque, mal ou bem, têm direitos sociais que, ao longo de décadas de duras lutas, foram sendo conquistados, mas escribas e oradores disso se esquecem.

Os que não são remediados, nem pobres, nem tampouco excluídos, não aparecem na história daqueles escribas e oradores esquecidos. E pior: o topo da pirâmide social, de um país cuja concentração de renda e exclusão só fez aumentar durante o paraíso prometido por Fernando CoIlor de Melo e Fernando Henrique Cardoso (chegou-se a afirmar que estaríamos vivendo um “novo renascimento”, lembram-se?), simplesmente não existe, pois, provavelmente, trata-se de entidade divina, atemporal.

Advoga-se que os remediados não têm direitos sociais, não, eles têm privilégios em face dos pobres, portanto, pobre que é pobre (o que é ser pobre?) deve buscar esquartejar os remediados?; já os pobres também não têm certos direitos sociais, não, eles têm privilégios em face dos excluídos, portanto, excluído que é excluído, deve combater os pobres? E assim continua a moderna “ciranda da solidariedade” do novo milênio, com sua proverbial vocação para, quem sabe?, entoar a ordem de ataque dos excluídos aos remediados e, deste modo, ensejar a contra-ofensiva política desses com relação aos excluídos e pobres, ou – pior dos mundos – brotar da terra o grito de guerra dos pobres, não contra a degradação da vida humana originária dos interesses da divindade do Capital, não, mas contra os excluídos!

A intervenção do Estado não pode dar curso à possibilidade de se estabelecer no imaginário popular a inusitada dinâmica daquela ciranda de ressentimento, que, por outro lado, não eleva, muito menos solda, o princípio da solidariedade social no sentido (apenas) da busca da consecução de emblemas da Revolução Francesa (1789): igualdade e fraternidade.

No aparato estatal existem remediados e, a depender do que se considere pobreza, existem por certo pobres, mas não existem excluídos. O círculo de servidores federais, estaduais e municipais, que vertebra a face visível do Estado na vida cotidiana das pessoas, aguarda historicamente ser conduzido por mãos arrojadas que, no mínimo, o leve a implementar ações e a executar atividades estruturantes de políticas públicas, norteadas por princípios de proteção da vida, que visem:

a) num primeiro momento, impulsionar os excluídos para cima, para a pobreza que seja, porém objetivando assentar esses seres em definitivo na condição de cidadãos cujos direitos sociais foram reconhecidos – de fato;

b) ungir os lídimos pobres, bem como os novos-pobres – os quais, então, seriam lembranças tristes da exclusão passada -, à dignidade que resulta da ampliação das possibilidades de acesso à cultura, ao trabalho regular e formal, à proteção social (educação e seguridade social – saúde, previdência e assistência social), à prática de esporte, ao lazer;

c) valorizar a importância do trabalho dos remediados para a construção coletiva de uma sociedade que transite da perspectiva de barbárie – verossímil como conseqüência de desdobramentos políticos imponderáveis da profunda desigualdade econômico-social e cultural  reinante no Brasil – para uma sociedade menos desigual.

O círculo de servidores a que me refiro partilha de sentimento singelo e, talvez por isso mesmo, não associa aquelas políticas públicas à caridade, porque ele mesmo não se enxerga como objeto de políticas de corte benemerente ou de políticas públicas de eliminação de direitos – instituídos há décadas – de quem vem, com todas as sabidas dificuldades, constituindo-se em agente principal da prestação de serviços voltados para a proteção social de excluídos, de pobres e de remediados.

Sim, os servidores públicos brasileiros não entendem o giro de uma ciranda que, a pretexto de impulsionar a solidariedade humana, consagra a divindade do Capital e de seus negócios, os quais, por um passe de mágica, tornam-se invisíveis, desprovidos de interesses concretos e passam a pairar no Brasil como almas penadas que, persistentemente, distribuem o sofrimento, sugam a riqueza e a soberania nacionais e tentam inculcar-nos o menos nobre dos sentimentos: tudo haverá de ser como antes, porque, de novo, não há nada mesmo a fazer…

 

Contudo, embora não se saiba bem porque, os servidores públicos brasileiros ainda conseguem extrair do fundo d’alma a esperança. Por que será? Talvez porque acreditem que o desafio do mandato popular é implantar políticas sociais universais, tais como a Previdência Social e o Sistema Único de Saúde (SUS), mais adequadas a um país que, conforme foi mencionado anteriormente, se caracteriza por profundas desigualdades sociais.

 


Ricardo Fernandes de Menezes é médico sanitarista.

Alckmin anuncia os últimos nomes e completa secretariado

Fernando Taquari | Valor

SÃO PAULO – O governador eleito de São Paulo, Geraldo Alckmin, anunciou hoje os três últimos nomes que faltavam para completar o seu secretariado. O tucano decidiu manter o economista João Sampaio na Secretaria de Agricultura e Abastecimento.

Potencial candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo em 2012, o deputado José Aníbal assumirá a pasta de Energia. Já o deputado Júlio Semeghini (PSDB) será o secretário de Gestão Pública.

Com os nomes anunciados hoje, Alckmin montou sua equipe de governo com 26 secretarias. Nas escolhas, o tucano optou por técnicos e aliados antigos, sobretudo os que estiveram ao seu lado durante a campanha municipal de 2008, quando o PSDB se dividiu entre sua candidatura e a reeleição do prefeito Gilberto Kassab (DEM). 

Partidos aliados também foram contemplados com cargos, como é caso do PPS, PSB, PTB, DEM e PV.

Os demais nomes são: Sidney Beraldo (Casa Civil), Giovanni Cerri (Saúde), Admir Gervásio (Casa Militar), Linamara Battistella (Direito da Pessoa com Deficiência), Saulo de Castro Abreu (Transportes), Guilherme Afif Domingos (Desenvolvimento), Jurandir Fernandes (Transportes Metropolitanos), Andrea Calabi (Fazenda), Emanuel Fernandes (Planejamento) Elival da Silva Ramos (Procuradoria Geral do Estado), Lourival Gomes (Administração Penitenciária) e Antônio Ferreira Pinto (Segurança Pública), Silvio Torres (Habitação), Herman Voorwald (Educação), Eloisa de Sousa Arruda (Justiça), Davi Zaia (Emprego e Relações do Trabalho), Edson Giriboni (Saneamento e Recursos Hídricos), Márcio França (Turismo), Bruno Covas (Meio Ambiente), Edson Aparecido (Desenvolvimento e Gestão Metropolitana), Paulo Barbosa (Assistência e Desenvolvimento Social), Jorge Pagura (Juventude, Esporte e Lazer) e Andrea Matarazzo (Cultura).

(Fernando Taquari | Valor)

ANOTAÇÕES: CAMADAS MÉDIAS (via página13)

Por Ricardo Menezes*

Depois das eleições de 2010, o presidente do Partido dos Trabalhadores no Estado de São Paulo (PT-SP), Edinho Silva, deu uma entrevista e escreveu a avaliação do processo eleitoral estadual cuja expressão síntese é a seguinte: “o PT terá agenda que dialogue com os setores médios”. Objetivamente, nenhuma política pública a ser instituída e ou aprofundada no governo Dilma Rousseff, que inclua as camadas médias tradicionais, é firmemente defendida pelo presidente do PT-SP. Na ocasião, mais precisamente em 10 de novembro de 2010, a esse respeito escrevi o seguinte pequeno comentário:

“Além da importante questão ideológica, que nos deve levar à disputa de idéias, de programas e de soluções dos problemas concretos da maioria da população brasileira, inclusive das camadas médias clássicas, existem fatos objetivos que, ou o Partido dos Trabalhadores (PT) se dá conta ou continuaremos a discutir em tese nosso ‘diálogo’ com as camadas médias”.

Exemplos: setores do petismo não falam em público, mas agem em público como se as camadas médias adorassem pagar mensalidades escorchantes de planos e seguros de saúde e, ainda por cima, tenham que pagar mensalidades igualmente escorchantes para seus filhos acessarem boas escolas, no caso do ensino fundamental e médio.

Passa também pela defesa e construção de políticas públicas no campo social para todos os brasileiros e todas as brasileiras a capacidade de ampliação da nossa penetração eleitoral e político-ideológica em certas camadas da sociedade brasileira. Traduzindo em miúdos, apresento dois exemplos: caso o protagonismo político do PT e do governo Dilma Rousseff caminhem no sentido de ampliar e consolidar o Sistema Único de Saúde, de fato, para todos os brasileiros e todas as brasileiras e, também, de solucionar o grave problema da insuficiência da educação pública (ensino fundamental e médio), em 2014, seria interessante conversar com o companheiro Edinho da Silva.

Outros exemplos existem, porém estes dois são emblemáticos da não compreensão de setores do petismo de que é preciso defender concretamente, na práxis social, políticas públicas universais, portanto, políticas públicas para o conjunto da sociedade brasileira.

O Brasil tem todas as condições de implementá-las e consolidá-las: recursos financeiros, universidades para formação e capacitação de pessoal, centros de pesquisa, entre outros.

O companheiro Wagner Hosokawa, coordenador municipal de Juventude da Prefeitura de Guarulhos, retomou a discussão sobre os setores médios, naturalmente não nos termos ocos da análise do presidente do PT-SP. Desse modo, agreguei mais umas observações.

Na nossa – do PT – disputa político-ideológica para também sermos sufragados e mesmo incorporar ao nosso partido e ao núcleo duro do nosso eleitorado parcela maior das camadas médias clássicas ou tradicionais, o PT as trata igual a burguesia e as camadas médias altas de endinheirados. Não existe melhor ilustração para esse equívoco ou desvio liberal do que o sistema tributário brasileiro. Regressivo e assentado no consumo, a estrutura tributária do país penaliza as camadas médias – as tradicionais e aqueles estratos populacionais que ascenderam nas categorias de consumo nos últimos 8 anos – e poupa quem tem maior renda e patrimônio. Isso porque o sistema tributário brasileiro não está assentado na tributação progressiva da renda e do patrimônio, ou seja, paga mais quem mais tem e mais possui.

Resumo da ópera: o PT enquanto conjunto não defende a reforma tributária visando tornar o sistema progressivo e, assim, lastreadas em circunstâncias fáticas, as camadas médias aderem ao discurso conservador de que no Brasil paga-se muito imposto. O que é fato? As camadas médias pagam proporcionalmente mais impostos do que a burguesia e as camadas sociais endinheiradas e, isso, por meio de mecanismos complexos, acaba sendo percebido pelas pessoas que as integram. Diferente seria se as camadas médias da sociedade brasileira percebessem que, concretamente, a redistribuição de renda se dá por meio da tributação dos realmente ricos e afortunados – pessoas físicas e jurídicas – e, seria mais diferente ainda, se eles fossem beneficiários plenos de políticas públicas universais de saúde, de educação (ensino fundamental e médio, desde que se mantenha a atual política quanto ao ensino superior público) e de cultura.

O mais preocupante em relação ao sistema tributário: setores do PT (não são setores do Capital, mas do PT) advogam a “desoneração da produção”. A presidente eleita Dilma Rousseff fala em desonerar investimentos, mas setores partidários acham que o Brasil conseguirá seguir mudando desonerando a produção. Ou seja, a mágica seria fazer mais com menos, o que é risível operacionalmente e poderá ser desastroso politicamente no curto prazo. Ressalvo: combate ao desperdício, à corrupção e à incúria no planejamento da prestação de serviços voltados para a proteção social – Seguridade Social (saúde, previdência e assistência social), educação e trabalho – é obrigação de governantes, especialmente de esquerda.

Terminando esta mensagem (depois voltarei ao assunto) chamo vivamente a atenção para o que se segue.

Setores do PT acreditam piamente que ascender os desvalidos para pobres e os pobres para remediados será sempre percebido pelas massas como um grande feito do presidente Lula e, esperamos, também da presidente Dilma. Não é bem assim que funciona a dinâmica social, política e ideológica das massas populares.

Tais ascenssões sociais, caso não sejam devidamente politizadas, não gerará uma cultura de massas permeada  pela solidariedade social, ou melhor, permeada pela idéia-força de que todos os brasileiros e todas as brasileiras tem que ter acesso aos serviços, bens e produtos socialmente produzidos. Ademais, a necessidade de politização não é um cocoete de análise: quem ascende socialmente pode se conformar em ter um punhado diminuto de dinheiro, fruto do salário ou do pagamento por serviços prestados, mas que é o suficiente para comprar no shopping bens aos quais antes não tinha acesso, porém não se conformará em sofrer pela insuficiência do Sistema de Saúde nacional,  assistir à desqualificação do ensino fundamental e médio oferecido pelo Estado aos seus filhos, morar precariamente, conviver diuturnamente com a violência e assim por diante.

Ou seja: no seio da nossa base social na qual, de fato, se insere grande parcela desorganizada politicamente para vocalizar os seus interesses, existem reivindicações latentes para além daquelas que foram em parte atendidas no governo Lula. E isso parte do petismo, me parece, não vem estudando, mas é importante que o faça, já que essa parcela desorganizada politicamente das massas populares reage nas urnas à percepção da iniquidade e da desigualdade que lhes afeta . Ao menos, até hoje, vem sendo assim.

Por fim, esta importante discussão é antiga: no Brasil pelas formulações do Partido Comunista Brasileiro (PCB) a partir de dado momento histórico e do PT, na Itália pela elaboração do Partido Comunista Italiano (PCI) até antes de 1976 e no Chile pelas discussões dos partidos de esquerda antes do golpe militar de 11 de setembro de 1973.

Precisamos discutir bem estas questões entre nós, porque análises intuitivas à semelhança daquela realizada pelo presidente do PT-SP são más conselheiras.

* Ricardo Menezes é médico sanitarista e militante do Partido dos Trabalhadores de São Paulo (PT-SP).

Companheiros de cela na posse.

Enviado por luisnassif,

Presidente eleita convidou 11 ex-companheiras de cela para a posse 

Entre as convidadas, que também estarão no coquetel no Itamaraty, está a economista Maria Lúcia Urban, que, na época, chegou grávida ao presídio e recebeu todos os cuidados de Dilma.

– A Maria Lúcia e a Dilma tinham uma relação muito forte, que se manteve – disse a socióloga Lenira Machado, outra integrante do grupo e responsável pelo convite da posse às outras colegas do Tiradentes.

Maria Lúcia hoje é diretora do Centro de Formação Estatística do Paraná. Lenira trabalha com projetos e programas do Ministério do Turismo.

Dilma ficou presa, foi condenada e passou três anos na cadeia. Antes de seguir para o Tiradentes, foi torturada durante 22 dias seguidos. A chegada da companheira à Presidência da República é motivo de orgulho para as colegas de militância política, ainda que atuassem em grupos de esquerda distintos e com pensamentos diferentes sobre como enfrentar o regime militar.

– Éramos de diferentes organizações, mas ocupávamos o mesmo espaço. Se não fosse a cadeia, jamais teríamos nos encontrado. Essa coisa nos unia – disse Rita Sipahi, que atuou na Ação Popular.

Dilma era da Var-Palmares. Rita é advogada e integra a Comissão de Anistia do Ministério da Justiça.

Os grupos de esquerda divergiam em especial sobre a adesão ou não à luta armada. Lenira e Dilma tinham uma posição idêntica e defendiam o confronto com os militares.

– Eu e ela concordávamos com a luta armada, embasada na formação de quadros. Não para ser uma simples aventura – disse Lenira, que foi torturada no DOI-Codi e, em 2008, reconheceu seu torturador e o denunciou publicamente.

Dilma gostava de “Chico mineiro” e de crochê

Ela comemora a eleição de Dilma.

– Não tenho postura feminista, mas é uma vitória ter uma mulher presidente. E nem em sonho imaginava que alguém da luta armada chegaria um dia a esse posto – disse Lenira.

A jornalista Rose Nogueira, que também estará na festa da posse, ficou alguns meses no presídio e tem muitas lembranças de Dilma. Ela se recorda do apego da petista aos livros. De todos os tipos, de teorias da economia aos clássicos da literatura universal. Nos trabalhos manuais na cela, Dilma tinha predileção, segundo Rose, pelo crochê. Fazia bordados em pano.

– Naquela época, Dilma já tinha uma presença forte. Era naturalmente uma líder e muito solidária. Quando a vi num cargo importante no governo Lula, não tinha dúvida que chegaria a presidente do Brasil – disse Rose, que lembrou ainda do gosto de Dilma pela música.

– Ela gostava de cantar “Chico mineiro” – contou Rose, citando uma música caipira que fez sucesso com a dupla Tonico e Tinoco.

As outras colegas de cela que estarão na posse são: a arquiteta Maristela Scofield; a uruguaia Maria Cristina de Castro, que trabalha no Ministério das Minas e Energia; a psicóloga Lúcia Maria Salvia Coelho; a arquiteta Ivone Macedo; Francisca Eugênia Soares e as irmãs Iara de Seixas Benichio e Ieda de Seixas, de uma família que atuou na oposição aos militares.

MP-SP: Reservar vagas em hospital público para planos é inconstitucional

Lei estadual não pode restringir o que lei federal não restringe, afirma promotor Arthur Pinto Filho

Agência Brasil

SÃO PAULO – O Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) promete protocolar ações civis públicas para impedir a implementação do projeto de lei complementar que prevê que 25% dos leitos de hospitais públicos administrados por organizações sociais de saúde em São Paulo sejam reservados ao atendimento de clientes de planos e convênios particulares.

“Esse projeto é inconstitucional e tem vários vícios em sua origem. O primeiro deles é querer que uma lei estadual restrinja o que uma lei federal não restringe, quando uma lei estadual não pode contrariar uma lei federal, exceto se for para aumentar o benefício da sociedade, o que não é o caso”, afirmou à Agência Brasil o promotor de Justiça da Procuradoria de Direitos Humanos na Área de Saúde Pública, Arthur Pinto Filho.

Para o promotor, o projeto também fere o princípio constitucional de que todos os usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) sejam tratados de forma igualitária. Em 2009, os deputados já haviam aprovado um dispositivo semelhante, que, depois, foi vetado pelo então governador José Serra (PSDB).

“A justificativa de que é necessário aprovar o projeto para criar formas de o governo cobrar as empresas é falso, porque leis já existem. Trata-se, isso sim, de tirar um de cada quatro leitos do SUS e entregá-los aos planos privados. O que já era pouco e ruim vai se tornar dramático e pior”, avaliou Pinto Filho.

De acordo com ele, praticamente todos os órgãos e entidades que atuam no setor são contrários ao projeto, que chegou a ser reprovado inclusive pela entidade que reúne os secretários municipais de Saúde de todo o Estado.

Fonte: estadao.com.br

Para Jobim, é difícil localizar corpos de desaparecidos no Araguaia


 Daniella Cambaúva | Redação

Dias após a Corte Interamericana de Direitos Humanos da OEA (Organização dos Estados Americanos) definir que o Estado brasileiro deve se empenhar nas buscas dos corpos dos desaparecidos na Guerrilha do Araguaia, o ministro da Defesa, Nelsom Jobim, encaminhou um relatório ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre os trabalhos realizados no local.

No documento, Jobim conclui que a “situação da paisagem da região dificulta substancialmente” a localização dos pontos onde os corpos foram escondidos pelos repressores durante a ditadura militar (1964-1985). Com a decisão da OEA, entidade da qual fazem parte 34 países latino-americanos, exceto Cuba e Honduras, Lula havia cobrado Jobim publicamente durante uma cerimônia de entrega do 16º prêmio de Direitos Humanos.

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O documento entregue pelo ministro da Defesa faz parte do relatório da atuação do Grupo de Trabalho Tocantins, criado pelo próprio governo para tentar encontrar os corpos, como solicitam os familiares das vítimas. O grupo, no entanto,  é criticado por entidades de direitos humanos, já que, membros do Exército fazem parte dele.

Segundo o ministério da Defesa, desde 2009, foram ouvidas mais de 150 pessoas, entre camponeses, ex-guias e militares da reserva; foram vasculhados 33 mil metros quadrados com um radar de solo e feitas 104 escavações.  Em 2010, foram recolhidas duas ossadas, que estão sob exame do Instituto Médico Legal. Por conta das chuvas, os trabalhos de busca foram suspensos e serão retomadas em 2011.

No final, o relatório de Jobim trata das dificuldades encontradas pelo grupo e conclui: “A Guerrilha do Araguaia ocorreu em área superior a 7 mil quilômetros quadrados, abrangendo mais de uma dezena de municípios nos estados do Pará, Tocantins e Maranhão. Os restos mortais buscados foram enterrados há quase 40 anos em região tropical muito úmida. A paisagem da região foi totalmente alterada, a floresta amazônica da época da guerrilha cedeu lugar a fazendas e pastagens, fato que dificulta substancialmente a localização dos pontos de inumação (enterrados)”.

Sentença da Corte

Numa condenação internacional  inédita, emitida no dia 14 de dezembro, por crimes cometidos pelo regime militar, a Corte da OEA obriga o Brasil, no prazo de um ano, a investigar e, se for o caso, “punir graves violações de direitos humanos”. 

Com a sentença, o Estado brasileiro foi considerado culpado pelo desaparecimento forçado de pelo menos 70 pessoas, entre os anos de 1972 e 1974, por não ter realizado uma investigação penal com a finalidade de julgar e punir os responsáveis. Além de ser obrigado a investigar o caso, o Brasil deve também realizar um ato publico de reconhecimento de sua responsabilidade e publicar toda a informação sobre a Guerrilha do Araguaia e as violações de direitos humanos ocorridas durante o regime militar, especifica a sentença.

Ainda assim, o ministro da Defesa insiste em afirmar que a condenação da OEA não afetará o Brasil.

Estudantes prometem parar Salvador na próxima segunda-feira

Líliam Cunha, do A Tarde On Line

Após o anúncio do aumento da tarifa das passagens de ônibus de R$2,30 para R$2,50, os estudantes de Salvador prometem parar o trânsito da cidade na próxima segunda-feira, 3. A manifestação estudantil está marcada para acontecer a partir das 15h, com concentração na Rótula do Abacaxi e saída em direção à estação de transbordo do Iguatemi.

O movimento, denominado de Exú Tranca-Ruas Salvador, comandado pelo estudante de direito da Universidade do Salvador (Unifacs), Marcos Vinícios Ribeiro, ganhou força na internet por meio das redes sociais, como Orkut e Twitter, e em menos de cinco horas de criação já alcançou mais de 550 simpatizantes. De acordo com Ribeiro, a expectativa é que pelo menos 300 estudantes participem do ato.

Integrantes de entidades estudantis como a União dos Estudantes da Bahia (UEB), Associação dos Grêmios Estudantis de Salvador (Ages), Praças Vermelhas (grupo independente criado por estudantes do antigo Cefet) e outros estudantes se reuniram na Biblioteca Pública dos Barris, nesta quarta-feira, 29, para definir detalhes do ato de segunda-feira. O grupo se reunirá também na quinta-feira, 30, às 16h, no mesmo local.

De acordo com Ribeiro, o objetivo do Movimento Exú Tranca-Ruas Salvador, que é uma reedição da Revolta do Buzu, manifestação estudantil que, entre agosto e setembro de 2003, parou as ruas da cidade, é provar para o poder público municipal que os estudantes podem se organizar e lutar pelos seus direitos, mesmo no período de férias. Segundo ele, com a realização do ato os estudantes buscam barrar o aumento anunciado nesta terça-feira, 28.

Ribeiro disse ainda que a manifestação de segunda-feira não será um ato isolado. Os estudantes prometem seguir mobilizados, paralisando vários pontos da cidade, com o intuito de que a sociedade entenda e possa aderir à causa que estão defendendo.

A reportagem do A Tarde On Line entrou em contato com a assessoria do secretário municipal dos transportes urbanos e infraestrutura, Euvaldo Jorge, que afirmou não ter conhecimento do movimento.

O deputado nos defende dos silvícolas vende-pátria (via Candangas)

Não dá pra fazer de conta que nada está acontecendo. O PC do B tem sido, há muito, uma parceiro de caminhada e construção do PT. Aldo não é um Deputado qualquer, ocupa posição de destaque e transita com desenvoltura na Camara do Deputados. Se apresenta inclusive a possibilidade de disputar a Presidencia da Câmara.

O texto traz uma visão bastante crítica quanto a ação de Aldo. Não é necessário muito esforço de memória para lembrarmos da presente polêmica quanto ao relatório do novo Código Florestal.

Figuras de destaque do PT na Câmara como Vaccarezza têm tambem assumido posições aparentemente distantes das posições históricas do PT em situações que causam extranheza, para dizer o mínimo, ao ponto de rivalizar com a CUT.

Povos indígenas sendo colocados como a serviço de interesses imperialistas. Comunistas atuando em aliança com ruralistas contra ecologistas e povos indígenas. Tudo permeado com as revelações, via WikeLeaks, quanto ao valor extratégico do Nióbio, minério presente no alto Rio Negro.

Tudo permite uma conclusão, precisamos pensar, debater, entender… e rápido. Gostaríamos de saber sua opinião. Boa leitura.

Vinte dias atrás, a Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara Federal aprovou o PL-4791/2009, de autoria de Aldo Rebelo e Ibsen Pinheiro, que “submete ao Congresso Nacional a demarcação de terras tradicionalmente ocupadas pelos índios”. Hoje, a decisão sobre a demarcação de terras indígenas cabe ao Executivo, como determina a Constituição Federal. Se, atualmente, os processos demarcatórios correm em ritmo lento, lento, desnec … Read More

via Candangas

Alckmin anunciará Edson Giriboni (PV) para Secretaria do Saneamento (via Folha)

O governador eleito de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), anunciará nesta terça-feira o deputado estadual Edson Giriboni (PV) para a Secretaria do Saneamento.

O nome de Giriboni foi negociado com a bancada do partido –com nove deputados, a legenda será a terceira maior presença da Assembleia na próxima legislatura, atrás apenas de PT e PSDB.

Após racha interno, a direção estadual do PV abandonou negociações.

Lei também: https://murilopohl.wordpress.com/2010/12/23/pv-sp-recussa-participar-do-secretariado-do-governo-alckmin-psdb/

Alckmin chegou a sinalizar Luiza Eluf, filiada ao PV, para a Secretaria de Justiça. Recuou, contudo, ao saber que a escolha esbarrou com resistência dos próprios verdes. A pasta acabou ficando com Eloisa Arruda.

TURISMO

O governador eleito também poderá indicar o deputado Márcio França (PSB), presidente do PSB de São Paulo, para a Secretaria de Turismo.

Lei também: https://murilopohl.wordpress.com/2010/12/24/tucano-aproveita-insatisfacao-do-psb-com-formacao-de-ministerio-e-convida-marcio-franca-para-turismo-pps-comandara-trabalho/

Segundo o “Painel” da Folha, a indicação afasta do prefeito Gilberto Kassab (DEM) um aliado importante, que o tucano tentava atrair desde o fim da campanha eleitoral.

Com França no governo estadual, o PSB ficará mais distante do prefeito paulistano.

FERNANDO GALLO
DE SÃO PAULO

O ministério de Dilma e as críticas prontas – Marcos Coimbra

É sempre surpreendente a má vontade de nossa “grande imprensa” para com o governo Dilma. No modo como os principais jornais têm discutido o ministério, vê-se, com clareza, seu tamanho. Por Marcos Coimbra

Por mais que a esperemos, é sempre surpreendente a má vontade de nossa “grande imprensa” para com o governo Dilma. No modo como os principais jornais de São Paulo e do Rio têm discutido o ministério, vê-se, com clareza, seu tamanho.

A explicação para isso pode ser o ainda mal digerido desapontamento com o resultado da eleição, quando, mais uma vez, o eleitor mostrou que a cobertura da mídia tradicional tem pouco impacto nas suas decisões de voto. Ou, talvez, a frustração de constatar quão elevadas são as expectativas populares em relação ao próximo governo, contrariando os prognósticos das redações.

As críticas ao ministério que foi anunciado na última semana estavam prontas, qualquer que fosse sua composição política, regional ou administrativa. Se Dilma chamasse vários colaboradores do atual governo, revelaria sua “submissão” a Lula, se fossem poucos, sua “traição”. Se houvesse muita gente de São Paulo, a “paulistização”, se não, que “dava o troco” ao estado, por ter perdido a eleição por lá. Se convidasse integrantes das diversas tendências que existem dentro do PT, que se curvava às lutas internas, se não, que alimentava os conflitos entre elas. E por aí vai.

Para qualquer lado que andasse, Dilma “decepcionaria” quem não gosta dela, não achou bom que ela vencesse e não queria a continuidade do governo Lula. Ou seja, desagradaria aqueles que não compartilham os sentimentos da grande maioria do país, que torce por ela, está satisfeita com o resultado da eleição e quer a continuidade.

Na contabilidade matematicamente perfeita da “taxa de continuísmo” do ministério, um jornal carioca foi rigoroso: exatos 43,2% dos novos integrantes do primeiro escalão ocuparam cargos no governo Lula (o que será que quer dizer 0,2% de um ministro?). E daí? Isso é pouco? Muito? O que haveria de indesejável, em si, em uma taxa de 43,2%?

Note-se que, desses 16 ministros, apenas oito tinham esse status, sendo os restantes pessoas que ascenderam do segundo para o primeiro escalão. A rigor, marcariam um continuísmo menos extremado (se é isso que se cobra da presidente). Refazendo as contas: somente 21,6% dos ministros teriam a “cara de Lula”. O que, ao contrário, quer dizer que quase 80% não a têm tão nítida.

Para uma candidata cuja proposta básica era continuar as políticas e os programas do atual governo, que surpresa (ou desilusão) poderia existir nos tais 43,2%? Se, por exemplo, ela chamasse o dobro de ministros de Lula, seria errado?

Isso sem levar em consideração que Dilma não era, apenas, a representante abstrata da tese da continuidade, mas uma profissional que passou os últimos oito anos trabalhando com um grupo de pessoas. Imagina-se que tenha desenvolvido, para com muitas, laços de colaboração e amizade. Mantê-las em seus cargos ou promovê-las tem muito a ver com isso.

No plano regional, a acusação é quanto ao excesso de ministros de São Paulo, nove entre 37, o que justificaria dizer que teremos um “paulistério”, conforme essa mesma imprensa. Se, no entanto, fizéssemos aquela aritmética, veríamos que são 24,3% os ministros paulistas, para um estado que tem 22% da população, se for esse o critério para aferir excessos e faltas de ministros por estados e regiões.

Em sendo, teríamos, talvez, um peso desproporcionalmente positivo do Rio (com seis ministros nascidos no estado) e negativo de Minas (com apenas um). Há que lembrar, no entanto, que a coligação que elegeu a presidente fez o governador, os dois senadores e a maioria da bancada federal fluminense, o oposto do que aconteceu em Minas. O PMDB saiu alquebrado e o PT ainda mais dividido no estado, com uma única liderança com perspectiva sólida de futuro, o ex-prefeito Fernando Pimentel, que estará no ministério.

Para os mineiros, um consolo, não pequeno: a presidente Dilma nasceu em Belo Horizonte. Os ministros são poucos, mas a chefe é de Minas Gerais.

Leia também: https://murilopohl.wordpress.com/2010/12/22/ministerio-dilma-quem-e-quem/


(Publicado originalmente no Correio Braziliense)

Marcos Coimbra

Marcos Coimbra é sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi. Também é colunista do Correio Braziliense

Polícia faz busca em casa de cunhado de Alckmin (merenda escolar)

 

MARIO CESAR CARVALHO
CATIA SEABRA
DE SÃO PAULO

A polícia fez ontem uma operação de busca e apreensão na casa do empresário Paulo Ribeiro, cunhado do governador eleito de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB). Paulo é um dos 11 irmãos de Lu Alckmin, futura primeira-dama do Estado.

Ribeiro é investigado pelo Ministério Público sob suspeita de fazer parte de um cartel acusado de superfaturar preços de merenda em contratos com prefeituras.

O processo em que ele aparece como suspeito corre sob segredo de Justiça.

Uma das casas de Ribeiro fica em Pindamonhangaba, a cidade natal de Alckmin e de sua mulher.

O pedido de busca e apreensão foi feito pelo setor de crimes financeiros do Ministério Público do Estado e autorizado pela Justiça.

Ribeiro teria intermediado contratos entre uma empresa da área de merendas chamada Sistal – Alimentação de Coletividade Ltda. com prefeituras do Vale do Paraíba, como Taubaté e Pindamonhangaba, segundo uma das hipóteses investigadas.

A Folha procurou os advogados de Ribeiro, mas não conseguiu localizá-los. O governador eleito não quis se manifestar sobre a investigação em torno do seu cunhado.

A Promotoria também não quis se manifestar sobre a investigação em curso.

SUSPEITA DE PROPINAS

O Ministério Público Estadual investiga há mais de dois anos esquemas de fraude envolvendo empresas de merenda escolar em ao menos 35 prefeituras espalhadas pelo país.

A Promotoria diz que servidores receberam cerca de R$ 280 milhões em propinas, que seriam pagas com verba pública desviada.

Entre os municípios investigados está a capital paulista. O suposto esquema da merenda em São Paulo, segundo promotores, começou em 2001 e envolveu ao menos seis empresas terceirizadas, que forneciam alimentação para escolas municipais.

Elas seriam beneficiadas em licitações, segundo a Promotoria. Oficialmente, sempre negaram tudo. O Ministério Publico já divulgou que, em troca dos contratos, as empresas pagavam aos servidores de 5% a 15% dos valores recebidos.

Não dá para obrigar mulher a ter filho, diz nova ministra

DE SÃO PAULO

“Não vejo como obrigar alguém a ter um filho que ela não se sente em condições de ter. Ninguém defende o aborto, é respeitar uma decisão que, individualmente, a mulher venha a tomar.” Essa é a posição pessoal declarada pela atual deputada federal pelo PT do Espírito Santo e futura ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Iriny Lopes, 54.

A informação é de entrevista de Johanna Nublat publicada na edição desta segunda-feira da Folha (íntegra disponível para assinantes do jornal e do UOL).

Iriny tem histórico de militante dos direitos humanos e sua declaração toca num dos pontos mais explorados durante a disputa eleitoral. Para ela, o papel do governo federal na questão é cumprir a lei, e cabe ao Congresso definir políticas públicas.

O tema consta em programa do PT do início do ano. A futura presidente Dilma Rousseff, porém, se disse contrária a mudanças na legislação -que prevê o aborto apenas em caso de estupro ou risco à saúde materna.

  Sérgio Lima/Folhapress  
A deputada federal (PT-ES) e futura ministra Iriny Lopes diz defender decisão pessoal de não ter filho
A deputada federal (PT-ES) e futura ministra Iriny Lopes diz defender decisão pessoal de não ter filho

Leia trechos da entrevista:

A sra. fala sobre o aborto?

Sim. Temos a responsabilidade no zelo da saúde pública, dentro da lei, de não permitir nenhum risco às mães.

A sra. tem uma posição pessoal sobre o assunto?

Minha posição é que temos que ter muitas políticas de prevenção e de esclarecimento. Agora, eu não vejo como obrigar alguém a ter um filho que ela não se sente em condições de ter. “Ah, é defesa do aborto…”

Ninguém defende o aborto, trata-se de respeitar uma decisão que, individualmente, a mulher venha a tomar.

Leia também: https://murilopohl.wordpress.com/2010/12/24/herancas-atavicas-por-julian-rodrigues/

Reportagem completa na Folha desta segunda-feira.

Médicos cubanos no Haiti deixam o mundo envergonhado

Eles são os verdadeiros heróis do desastre do terremoto no Haiti, a catástrofe humana na porta da América, a qual Barack Obama prometeu uma monumental missão humanitária dos EUA para aliviar. Esses heróis são da nação arqui-inimiga dos Estados Unidos, Cuba, cujos médicos e enfermeiros deixaram os esforços dos EUA envergonhados.

Uma brigada de 1.200 médicos cubanos está operando em todo o Haiti, rasgado por terremotos e infectado com cólera, como parte da missão médica internacional de Fidel Castro, que ganhou muitos amigos para o Estado socialista, mas pouco reconhecimento internacional.

Marcello Casal Jr/ABr

O consumo de água não potável provocou uma epidemia de cólera no Haiti, deixando mais de mil mortos

Observadores do terremoto no Haiti poderiam ser perdoados por pensar operações de agências de ajuda internacional e por os deixarem sozinhos na luta contra a devastação que matou 250.000 pessoas e deixou cerca de 1,5 milhões de desabrigados. De fato, trabalhadores da saúde cubanos estão no Haiti desde 1998, quando um forte terremoto atingiu o país. E em meio a fanfarra e publicidade em torno da chegada de ajuda dos EUA e do Reino Unido, centenas de médicos, enfermeiros e terapeutas cubanos chegaram discretamente. A maioria dos países foi embora em dois meses, novamente deixando os cubanos e os Médicos Sem Fronteiras como os principais prestadores de cuidados para a ilha caribenha.

Números divulgados na semana passada mostram que o pessoal médico cubano, trabalhando em 40 centros em todo o Haiti, tem tratado mais de 30.000 doentes de cólera desde outubro. Eles são o maior contingente estrangeiro, tratando cerca de 40% de todos os doentes de cólera. Um outro grupo de médicos da brigada cubana Henry Reeve, uma equipe especializada em desastre e em emergência, chegou recentemente, deixando claro que o Haiti está se esforçando para lidar com a epidemia que já matou centenas de pessoas.

Desde 1998, Cuba treinou 550 médicos haitianos gratuitamente na Escola Latinoamericana de Medicina em Cuba (Elam), um dos programas médicos mais radicais do país. Outros 400 estão sendo treinados na escola, que oferece ensino gratuito – incluindo livros gratuitos e um pouco de dinheiro para gastar – para qualquer pessoa suficientemente qualificada e que não pode pagar para estudar Medicina em seu próprio país.

John Kirk é um professor de Estudos Latino-Americanos na Universidade Dalhousie, no Canadá, que pesquisa equipes médicas internacionais de Cuba. Ele disse: “A contribuição de Cuba, como ocorre agora no Haiti, é o maior segredo do mundo. Eles são pouco mencionados, mesmo fazendo muito do trabalho pesado.”.

Esta tradição remonta a 1960, quando Cuba enviou um punhado de médicos para o Chile, atingido por um forte terremoto, seguido por uma equipe de 50 a Argélia em 1963. Isso foi apenas quatro anos depois da Revolução.

Os médicos itinerantes têm servido como uma arma extremamente útil da política externa e econômica do governo, gahando amigos e favores em todo o globo. O programa mais conhecido é a “Operação Milagre”, que começou com os oftalmologistas tratando os portadores de catarata em aldeias pobres venezuelanos em troca de petróleo. Esta iniciativa tem restaurado a visão de 1,8 milhões de pessoas em 35 países, incluindo o de Mario Terán, o sargento boliviano que matou Che Guevara em 1967.

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A Brigada Henry Reeve, rejeitada pelos norteamericanos após o furacão Katrina, foi a primeira equipe a chegar ao Paquistão após o terremoto de 2005, e a última a sair seis meses depois.

A Constituição de Cuba estabelece a obrigação de ajudar os países em pior situação, quando possível, mas a solidariedade internacional não é a única razão, segundo o professor Kirk. “Isso permite que os médicos cubanos, que são terrivelmente mal pagos, possam ganhar dinheiro extra no estrangeiro e aprender mais sobre as doenças e condições que apenas estudaram. É também uma obsessão de Fidel e ele ganha votos na ONU.”

Um terço dos 75 mil médicos de Cuba, juntamente com 10.000 trabalhadores de saúde, estão atualmente trabalhando em 77 países pobres, incluindo El Salvador, Mali e Timor Leste. Isso ainda deixa um médico para cada 220 pessoas em casa, uma das mais altas taxas do mundo, em comparação com um para cada 370 na Inglaterra.

Onde quer que sejam convidados, os cubanos implementam o seu modelo de prevenção com foco global, visitando famílias em casa, com monitoração proativa de saúde materna e infantil. Isso produziu “resultados impressionantes” em partes de El Salvador, Honduras e Guatemala, e redução das taxas de mortalidade infantil e materna, redução de doenças infecciosas e deixando para trás uma melhor formação dos trabalhadores de saúde locais, de acordo com a pesquisa do professor Kirk.

A formação médica em Cuba dura seis anos – um ano mais do que no Reino Unido – após o qual todos trabalham após a graduação como um médico de família por três anos no mínimo. Trabalhando ao lado de uma enfermeira, o médico de família cuida de 150 a 200 famílias na comunidade em que vive.

Este modelo ajudou Cuba a alcançar alguns índices invejáveis de melhoria em saúde no mundo, apesar de gastar apenas $ 400 (£ 260) por pessoa no ano passado em comparação com $ 3.000 (£ 1.950) no Reino Unido e $ 7.500 (£ 4,900) nos EUA, de acordo com Organização para a Cooperação Econômica e Desenvolvimento.

A taxa de mortalidade infantil, um dos índices mais confiáveis da saúde de uma nação, é de 4,8 por mil nascidos vivos – comparável com a Grã-Bretanha e menor do que os EUA. Apenas 5% dos bebês nascem com baixo peso ao nascer, um fator crucial para a saúde a longo prazo, e a mortalidade materna é a mais baixa da América Latina, mostram os números da Organização Mundial de Saúde.

As policlínicas de Cuba, abertas 24 horas por dia para emergências e cuidados especializados, é um degrau a partir do médico de família. Cada uma prevê 15.000 a 35.000 pacientes por meio de um grupo de consultores em tempo integral, assim como os médicos de visita, garantindo que a maioria dos cuidados médicos são prestados na comunidade.

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Imti Choonara, um pediatra de Derby, lidera uma delegação de profissionais de saúde internacionais, em oficinas anuais na terceira maior cidade de Cuba, Camagüey. “A saúde em Cuba é fenomenal, e a chave é o médico de família, que é muito mais pró-ativo, e cujo foco é a prevenção. A ironia é que os cubanos vieram ao Reino Unido após a revolução para ver como o HNS [Serviço Nacional de Saúde] funcionava. Eles levaram de volta o que viram, refinaram e desenvolveram ainda mais, enquanto isso estamos nos movendo em direção ao modelo dos EUA “, disse o professor Choonara.

A política, inevitavelmente, penetra muitos aspectos da saúde cubana. Todos os anos os hospitais produzem uma lista de medicamentos e equipamentos que têm sido incapazes de acesso por causa do embargo americano, o qual que muitas empresas dos EUA de negociar com Cuba, e convence outros países a seguir o exemplo. O relatório 2009/10 inclui medicamentos para o câncer infantil, HIV e artrite, alguns anestésicos, bem como produtos químicos necessários para o diagnóstico de infecções e órgãos da loja. Farmácias em Cuba são caracterizados por longas filas e estantes com muitos vazios. Em parte, isso se deve ao fato de que eles estocam apenas marcas genéricas.

Antonio Fernandez, do Ministério da Saúde Pública, disse: “Nós fazemos 80% dos medicamentos que usamos. O resto nós importamos da China, da antiga União Soviética, da Europa – de quem vender para nós – mas isso é muito caro por causa das distâncias.” 

Em geral, os cubanos são imensamente orgulhosos e apóiam a contribuição no Haiti e outros países pobres, encantados por conquistar mais espaço no cenário internacional. No entanto, algumas pessoas queixam-se da espera para ver o seu médico, pois muitos estão trabalhando no exterior. E, como todas as commodities em Cuba, os medicamentos estão disponíveis no mercado negro para aqueles dispostos a arriscar grandes multas se forem pegos comprando ou vendendo.

As viagens internacionais estão além do alcance da maioria dos cubanos, mas os médicos e enfermeiros qualificados estão entre os proibidos de deixar o país por cinco anos após a graduação, salvo como parte de uma equipe médica oficial.

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Como todo mundo, os profissionais de saúde ganham salários miseráveis em torno de 20 dólares (£ 13) por mês. Assim, contrariamente às contas oficiais, a corrupção existe no sistema hospitalar, o que significa que alguns médicos e até hospitais, estão fora dos limites a menos que o paciente possa oferecer alguma coisa, talvez almoçar ou alguns pesos, para tratamento preferencial.

Empresas internacionais de Cuba na área da saúde estão se tornando cada vez mais estratégicas. No mês passado, funcionários mantiveram conversações com o Brasil sobre o desenvolvimento do sistema de saúde pública no Haiti, que o Brasil e a Venezuela concordaram em ajudar a financiar.

A formação médica é outro exemplo. Existem atualmente 8.281 alunos de mais de 30 países matriculados na Elam, que no mês passado comemorou o seu 11 º aniversário. O governo espera transmitir um senso de responsabilidade social para os alunos, na esperança de que eles vão trabalhar dentro de suas próprias comunidades pobres pelo menos cinco anos.

Damien Joel Soares, 27 anos, estudante de segundo ano de New Jersey, é um dos 171 estudantes norte-americanos; 47 já se formaram. Ele rejeita as alegações de que Elam é parte da máquina de propaganda cubana. “É claro que Che é um herói, mas aqui isso não é forçado garganta abaixo.”

Outros 49.000 alunos estão matriculados no “Novo Programa de Formação de Médicos Latino-americanos”, a ideia de Fidel Castro e Hugo Chávez, que prometeu em 2005 formar 100 mil médicos para o continente. O curso é muito mais prático, e os críticos questionam a qualidade da formação.

O professor Kirk discorda: “A abordagem high-tech para as necessidades de saúde em Londres e Toronto é irrelevante para milhões de pessoas no Terceiro Mundo que estão vivendo na pobreza. É fácil ficar de fora e criticar a qualidade, mas se você está vivendo em algum lugar sem médicos, ficaria feliz quando chegasse algum.”

Há nove milhões de haitianos que provavelmente concordariam.

*Traduzido pela Carta Maior

Vice “careca” de Serra dorme na cadeia. (via Blog do Miro)

domingo, 26 de dezembro de 2010

Por Altamiro Borges, postado em 18 de fevereiro de 2010

No vídeo acima, o jornalista Alexandre Garcia, ex-porta-voz do ditador João Batista Figueiredo e atual âncora da TV Globo, anuncia eufórico a cogitada composição entre os governadores José Roberto Arruda (DEM-DF) e José Serra (PSDB-SP) para a disputa presidencial de 2010. O grão-tucano brinca: “Vote em um careca e ganhe dois”. A frase foi dita num encontro dos demos em setembro passado, em Brasília. Não faz tanto tempo assim. Mas a mídia golpista simplesmente arquivou a vídeo bombástico, que prejudica a imagem “ética” do seu candidato presidencial.

Na quinta-feira passada, doze dos quinze ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ) deram ordem de prisão preventiva ao governador do Distrito Federal. Arruda foi acusado de prejudicar as investigações do “mensalão do demo”, tentando subornar as testemunhas. O vice “careca” de Serra dormiu na cadeia durante o carnaval. A “folia” do demo virou cinzas, temporariamente. Os irreverentes manifestantes populares, que gritaram “Fora Arruda” nos protestos quase diários em Brasília, mudaram a palavra de ordem em frente à sede-cela da Polícia Federal: “Fica, Arruda”.

“Estão matando o partido”

A detenção do “vice-careca” deixou desnorteados os demos e os tucanos. Na cúpula do DEM, o clima é de velório. O partido, que a cada pleito vê minguar sua bancada de eleitos no executivo e legislativo, teme os efeitos da prisão de seu único governador. O presidente demo, Rodrigo Maia, ainda tenta protegê-lo. As más línguas garantem que ele tem culpa no cartório e teme retaliações. Mas ele está cada vez mais isolado. Outros dirigentes nacionais do DEM querem esquecer logo este triste carnaval. “Estão matando o partido”, desabafa o senador goiano Demóstenes Torres.

Já os tucanos se fingem de mortos. A exemplo da mídia venal, eles desejam que a cena da prisão do demo seja logo esquecida e gostariam de apagar qualquer vestígio do vídeo do “vice-careca”. Como argumenta o blogueiro Rodrigo Vianna, “Arruda caminha para se transformar num pária político. Ninguém quer ‘tocar’ nele”. Mas não é tão simples assim. Não dá para esconder que ele já foi senador pelo PSDB e renunciou ao mandato, para não ser cassado, quando do escândalo da violação do painel eletrônico. Nem dá para esquecer, também, que ele foi líder do governo FHC.

Os elogios de FHC e Virgílio

A idéia do “vice-careca” não foi só uma gentileza do presidenciável José Serra. Arruda era visto como uma alternativa real, caso o governador mineiro Aécio Neves desista de integrar a chapa. Ele sempre foi paparicado pela cúpula tucana. “Pela boa administração que exerce no DF, José Roberto Arruda é hoje uma das principais lideranças do cenário político nacional”, afirmou ainda recentemente o rejeitado FHC. “Arruda serve para ser candidato a presidente da República pelos Democratas”, garantiu outro destrambelhado tucano, o senador amazonense Arthur Virgílio.

A cada dia que passa, a oposição neoliberal-conservadora fica mais acuada. O cínico discurso da ética, proferido por políticos mais sujos do que pau de galinheiro, morreu com a prisão do demo Arruda e os escândalos da tucana Yeda Crusius. A crise é tamanha que crescem os boatos de que José Serra desistirá da candidatura. Teme perder a disputa presidencial e ainda entregar o bastão paulista para seu rival, Geraldo Alckmin. Sem discurso e sem propostas, a direita tende a cair no desespero e contará com a ajuda inescrupulosa da mídia golpista, prevê o sociólogo Wanderley Guilherme dos Santos. Tudo indica que a eleição deste ano será das mais sujas da história

Heranças atávicas – por Julian Rodrigues.

 

 

Dilma foi um tsunami tão forte quanto Lula. E um tsunami que provocou a recuperação, parcial que seja, dos valores de uma sociedade patriarcal, misógina, homofóbica, autoritária e elitista. A parte da sociedade que assumiu esses valores de modo militante recusa conquistas já consagradas pelas sociedades democráticas avançadas. E o fez abraçando-se a religiões, pretendendo que o Estado brasileiro deixasse de ser laico, e se rendesse a princípios que contrariam os avanços da ciência e dos direitos à saúde, e atacando principalmente o direito das mulheres. O artigo é de Emiliano José.

Emiliano José

A contingência da passagem de ano sempre nos leva a algum tipo de balanço, e o ano de 2010 não será fácil de esquecer. Pelo fato simbólico da eleição de uma mulher para a presidência da República. E pela circunstância de que a assunção dessa mulher à condição de principal protagonista da cena política fez emergir preconceitos atávicos que muitos de nós, quem sabe ingenuamente, imaginávamos sepultados definitivamente.

As mudanças não são fáceis de serem aceitas. E uma mulher na presidência da República no Brasil se, num primeiro momento, poderia parecer um acontecimento quase banal, era um fato novo, muito novo, inédito, e representava quase um novo marco civilizatório. Tão forte que provocou reações que muitos de nós não imaginávamos possível. A eleição do presidente operário em 2002 provocou uma avalanche de preconceitos da elite brasileira, que foram solenemente ignorados pelo nosso povo. Lula termina seu mandato com um recorde de aprovação: 83%.

Dilma foi um tsunami tão forte quanto Lula. E um tsunami que provocou a recuperação, parcial que seja, dos valores de uma sociedade patriarcal, misógina, homofóbica, autoritária e elitista. A parte da sociedade que assumiu esses valores de modo militante recusa conquistas já consagradas pelas sociedades democráticas avançadas. E o fez abraçando-se a religiões, pretendendo que o Estado brasileiro deixasse de ser laico, e se rendesse a princípios que contrariam os avanços da ciência e dos direitos à saúde, e atacando principalmente o direito das mulheres.

Tudo por causa de uma mulher. Tudo contra uma mulher. Tudo tendo um significado político, evidentemente. Mas um significado político que se entrelaça com revelações culturais profundas, a evidenciar que o ovo da serpente do pensamento conservador ultradireitista não desapareceu da cena brasileira. E seria ilusório, creio, imaginar que tivesse desaparecido. Não foi ocasional que a campanha adversária tenha ressuscitado e valorizado até a famosa Tradição, Família e Propriedade (TFP) para afirmar suas posições. Ou que igrejas tenham retornado a posições de 1964.

A raiva contra a mulher ficou manifesta na discussão desonesta sobre o aborto. Como se a questão fosse ser apenas contra ou a favor do aborto, e não a discussão sobre o direito à saúde das mulheres, a assistência às mulheres vítimas de abortos clandestinos, normalmente mulheres pobres. Estima-se que morrem mais de 500 mulheres por ano no Brasil devido aos abortos clandestinos.

E as que não morrem, seriam o caso de colocá-las todas na cadeia?

Leia também: https://murilopohl.wordpress.com/2010/12/28/nao-da-para-obrigar-mulher-a-ter-filho-diz-nova-ministra/

Impossível. Ora, ora, tudo próprio de uma sociedade hipócrita, farisaica, que não olha para sua própria face. O próprio Serra, como ministro da Saúde, tinha posição mais humana. Mas, na campanha, preferiu abraçar as teses do medievo trevoso, só abrandadas quando foi revelado o aborto feito por sua própria mulher, revelação feita por algumas alunas de Mônica Serra.

As teses contra os homossexuais só perderam força quando perceberam o impacto eleitoral negativo. Mas, como conseqüência disso, temos assistido cenas freqüentes e deploráveis de ataques a homossexuais. A raiva contra os nordestinos, que revisitava o arianismo, surgiu com vigor logo que se revelou a vitória de Dilma. Para que não nos enganemos, o pensamento foi expresso especialmente por uma parcela da nossa juventude.

Não creio que devamos tratar esses acontecimentos como secundários. Nem com raiva. Com indignação, sim, sem dúvida. Mas, também, com a compreensão de que há ainda uma longa marcha para a mudança de mentalidade de nossa sociedade. Quem viveu bem mais de três séculos sob a escravidão não pode esperar que o espectro da Casa Grande tenha desaparecido. Esse espectro, aqui e ali, ressurge, e muitas vezes, com força.

E especialmente quando uma mulher resolve confrontar toda essa cultura, ao se pôr como principal mandatária do País. É verdade que a maioria da sociedade brasileira optou pela continuidade de um projeto transformador. No entanto, a luta por uma nova sociedade, livre de preconceitos, de discriminações, de racismos, continua mais que atual. Feliz 2011

Julian Rodrigues.

Tucano aproveita insatisfação do PSB com formação de ministério e convida Márcio França para Turismo; PPS comandará Trabalho

Numa sinalização ao PSB, partido que saiu descontente com a presidente eleita Dilma Rousseff (PT) na montagem de seu ministério, o futuro governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), convidou para seu secretariado o deputado Márcio França, chamado para a pasta do Turismo.
Ontem, o parlamentar tendia a aceitar o convite. Presidente estadual do PSB, França mantém boa interlocução com o governo federal e foi cotado para assumir a Secretaria Especial de Portos do governo Dilma Rousseff, posto que acabou ficando com Leônidas Cristino, ligado ao governador Cid Gomes (PSB-CE).
Um dos principais aliados do PT na esfera nacional, a direção do PSB ficou insatisfeita por não ter aumentado sua participação no governo Dilma – queria três pastas, mas ficou com duas.
O partido indicou para o Ministério da Integração Nacional Fernando Bezerra Coelho, da cota do governador Eduardo Campos (PE). Os parlamentares do PSB, no entanto, queriam ter emplacado um nome da bancada.
Embora o PSB seja da base governista do PSDB em São Paulo, a sinalização a França tem como objetivo fortalecer a relação do partido com tucanos paulistas.
Há cerca de 15 dias, o senador eleito Aécio Neves (PSDB-MG) procurou Eduardo Campos, presidente nacional do PSB, para afinar a interlocução com a sigla. Cotado para um cargo no primeiro escalão, o deputado Ciro Gomes (PSB-CE) também ficou de fora do ministério de Dilma.
Aliados.
A acomodação dos partidos aliados no governo Alckmin começou de fato ontem, com o anúncio do presidente do PPS paulista, deputado Davi Zaia, para a Secretaria de Emprego e Relações do Trabalho.
Ex-presidente do Sindicatos dos Bancários de Campinas e ligado à União Geral dos Trabalhadores (UGT), Zaia foi nomeado pelo governador para incrementar o canal de interlocução com o sindicalismo. Os tucanos avaliam que, durante a gestão Serra, houve pouco contato com o movimento sindical.
O parlamentar paulista era nome de consenso dentro do PPS estadual e foi apresentado na primeira reunião da legenda com o governador, no início de novembro. A indicação contou com o aval da UGT, que apoiou Alckmin em sua eleição.
A primeira missão de Zaia será a de realizar um convênio com o Ministério do Trabalho para financiar, por meio do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), programas de qualificação profissional prometidos pelo tucano durante a campanha eleitoral pelo governo paulista este ano.
“A maior parte do secretariado eu tenho impressão de que é sem filiação. Uma grande parte é mais sua expertise. com compromisso programático, ético. Outros têm uma presença partidária maior”, esquivou-se Alckmin, ao ser questionado sobre a partilha política em sua gestão. O governador eleito disse que as próximas nomeações ocorrerão após o feriado do Natal.
Apesar da nomeação de Zaia, a partilha do secretariado está emperrada. A direção estadual do PV decidiu que a legenda está fora do próximo governo, mas a bancada verde ainda negocia cargos com o coordenador da transição e futuro chefe da Casa Civil, Sidney Beraldo.
Alckmin aguarda definição interna do PV para designar o nome que ocupará a pasta. Foram oferecidas aos verdes as secretarias de Assistência e Desenvolvimento Social, de Esportes e de Saneamento e Energia.
O imbróglio com a direção estadual do PV teve início com o convite feito ao deputado estadual Bruno Covas (PSDB) para assumir a secretaria do Meio Ambiente, alvo máximo dos verdes. Covas deve aceitar a missão.
O PMDB paulista foi convidado a assumir a pasta de Agricultura, mas ainda não indicou os nomes que ocuparão a secretaria.

Julia Duailibi e Roberto Almeida – O Estado de S.Paulo

Livro Gratis: Práticas Pedagógicas de Izabela Sadalla Grispino

Baixe o livro gratuitamente diretamente do site da autora

Eis na íntegra o que a autora escreveu nas duas “abas do livro” PRÁTICA PEDAGÓGICA (ESTRUTURANDO PEDAGOGICAMENTE A ESCOLA):

“Este livro apóia-se na pedagogia da cooperação, libertadora, interativa. Pedagogia que, ao alcançar o sucesso da aprendizagem, colabora com a permanência do aluno na escola, evitando sua evasão ou repetência.

Integrar o aluno no ambiente escolar é a grande estratégia para o princípio de inclusão. Nesta virada democratizante da escola, os programas devem trazer uma preocupação com a integração do aluno em seu meio. O conhecimento deve estar relacionado com a realidade de onde o aluno sai. Em cada realidade, há um código, em nível diferente de elaboração, que distingue as diferentes falas.

O professor deve pesquisar o universo de linguagem de seus alunos e trabalhar, em sala de aula, com os níveis encontrados. Descobrir qual é o seu discurso, qual a cultura que o sedimenta e aceitar a sua fala.

A memória da cultura popular está enraizada na vida do povo. A escola não pode ignorá-la, desvalorizá-la, perante a idéia de uma sociedade luminosa. Essa cultura é importante para o aluno que vem dela, que vive nela.

Seu discurso, visto como importante por alguém diferente dele, cria momentos educativos, projetos educativos,em direção a uma educação ministrada com solidariedade e eqüidade social. O professor descobre, na voz do aluno, valores que representam a cultura de sua realidade e o aluno descobre que sua voz tem importância para o professor. Estabelece-se uma relação educativa de estímulo e confiança. O aluno da classe pobre, ao não se sentir humilhado culturalmente, eleva sua auto-estima, que vai garantir sua permanência na escola.

A alfabetização é ponto chave no sucesso da aprendizagem. Ela, também, deve partir do estudo da cultura da comunidade do aluno, em que nível lingüístico e cultural ele se encontra, quando chega no 1.º ano do ensino

fundamental, e em que nível se quer fazê-lo chegar. A escola reconhecendo e respeitando o universo de onde veio o aluno, adaptando-se a ele, fará uma adequação do universo cultural que ele trouxe com o novo universo oferecido por ela, evitando que ele se sinta um estranho no ninho. Dessa maneira, a escola provocará uma ruptura bem menor desses universos. O aluno, aceito em sua maneira de ser, vai percebendo que é possível articular a sua linguagem com a da escola.

Reivindica-se à escola que, a partir de uma cultura popular – no caso da escola pública – ela crie uma consciência da sua necessidade de se formar um elo, uma relação de articulação serena, entre o seu universo e o da criança. No momento em que essa articulação se concretizar, a aprendizagem estará garantida. A criança não se sentirá frustrada, olhada como alguém que fala um discurso estranho. Perceberá que não há discurso distinto entre o dela e o da escola. Vai evoluir com naturalidade, não vai decorar ou repetir aquilo que lhe mandam. A passagem entre o seu mundo e o das letras processou-se de modo tranqüilo, com respeito e valorização.

Assim como esta, outras posturas educacionais trazem a este livro momentos de muita reflexão, de adequação à época em que vivemos e conseqüente mudança de mentalidade.

Confira você mesmo”.

Baixe o livro gratuitamente diretamente do site da autora CLICANDO AQUI Obs.: O site é gratuito. V. Sa. está autorizado(a) a baixar em seu computador o livro “Prática Pedagógica (Estruturando Pedagogicamente a Escola)”, assim como as poesias e os “Artigos Educacionais”, imprimindo cópias, xerocando todo esse material, enviando por e-mail a seus colegas, devendo, apenas e obrigatoriamente, ser mencionada a autoria dos mesmos. Respeite sempre os direitos autorais

PV – SP recusa participar do Secretariado do Governo Alckmin – PSDB

Depois de ter recusado as pastas da Assistência Social e Saneamento no governo de Geraldo Alckmin, o PV-SP divulgou uma nota oficial de esclarecimento, trazendo nela as razões que levaram a legenda encerrar os diálogos para que integrasse a equipe do governador eleito.

Leia íntegra da carta:

A Direção Estadual do Partido Verde em São Paulo esclarece à opinião pública paulista as razões que levaram a legenda a encerrar o pro cesso de discussões com o Governo Eleito de Geraldo Alckmin (PSDB) para integrar sua equipe de governança.

1) Após o final das eleições estaduais deste ano o PV foi procurado pelo PSDB para discutir a participação no futuro governo;

2) A Direção Estadual do PV elaborou documento com 43 pontos programáticos como base na plataforma liderada pelo então candidato verde ao Palácio dos Bandeirantes, Fábio Feldmann;

3) Os 43 pontos programáticos foram entregues ao governador eleito, Geraldo Alckmin, em encontro que contou com a presença de todos os deputados estaduais e federais eleitos do PV no Estado de São Paulo, bem como dos nossos ex-candidatos ao Senado e ao governo local, Ricardo Young e Fábio Feldmann, respectivamente, e do Presidente Nacional do partido, José Luiz de Franca Penna;

4) A maioria das 43 propostas visam discutir São Paulo do Futuro, tendo o conceito de Sustentabilidade como eixo do projeto de governança. Dessa forma, a Direção Estadual do PV comunicou ao Governo Eleito que o melhor espaço na administração estadual para colocar em prática essa visão programática seria a gestão da Secretaria do Meio Ambiente;

5) Por 40 dias, a Direção Estadual do PV-SP aguardou manifestação do Governo Eleito. Na última segunda-feira, dia 20 de dezembro, foi informada por meio de representantes de Geraldo Alckmin de que a atuação da Secretaria do Meio Ambiente, a partir de 2011, não comportaria as orientações sugeridas pelo PV no encontro já citado;

6) Posteriormente, em reunião promovida pela Direção Estadual do PV-SP com a bancada eleita pelo partido em São Paulo, deliberou-se, por unanimidade, recusar o convite para participar de um governo que não se comprometeu com os 43 pontos programáticos apresentados. A deliberação contou com o apoio da Direção Nacional do PV;

7) Tal decisão foi levada ao conhecimento do Governo Eleito. Assim, o PV deu por encerrada sua participação no processo de debate sobre integração à futura administração paulista;

A Direção Estadual do Partido Verde reafirma, dessa forma, seu compromisso com a construção de uma nova forma de fazer política, que implica construir alianças em bases programáticas e não pragmáticas, com o objetivo de construir um país socialmente justo e desenvolvido por uma economia pautada pela Sustentabilidade.

São Paulo, 23 de dezembro de 2010

Maurício Brusadin

Presidente Estadual do Partido Verde em São Paulo

Estadão.com.br

Leia também: https://murilopohl.wordpress.com/2010/12/28/alckmin-anunciara-edson-giriboni-pv-para-secretaria-do-saneamento-via-folha/