Não vai dar no JN: Com melhor resultado do ano, balança comercial fecha semestre com superávit

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País teve saldo de US$2,222 bilhões na primeira metade do ano, revertendo resultado de igual período de 2014. Saldo de junho foi o maior para o mês desde 2009.

Via RBA em 1º/7/2015

A balança comercial brasileira fechou junho com o quarto superávit seguido, no melhor resultado para o mês desde 2009, e terminou o semestre também no positivo, revertendo resultado de igual período do ano passado. O saldo foi de US$4,527 bilhões em junho, resultado de US$19,628 bilhões em exportações e US$15,101 bilhões em importações. Na primeira metade do ano, o superávit foi de US$2,222 bilhões, ante déficit de US$2,512 bilhões em 2014. Foi o maior saldo desde 2012. Os dados foram divulgados na tarde de quarta-feira, dia 1º/7, pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
De janeiro a junho, as vendas do Brasil ao exterior somaram US$94,329 bilhões – queda de 14,7% ante igual período de 2014, considerando a média por dia útil. Já as importações totalizaram US$92,107 bilhões, retração de 18,5%, pelo mesmo critério.
No intervalo de 12 meses, de julho do ano passado até junho deste ano, o país tem superávit de US$695 milhões. Mesmo positivo, o valor é 76,1% menor em comparação com os 12 meses imediatamente anterior (julho de 2013 a junho de 2014).
Em 2015, a balança começou com dois déficits seguidos, em janeiro e fevereiro, quando acumulou resultado negativo de aproximadamente US$6 bilhões. Recuperou-se nos quatro meses seguintes, principalmente em junho e maio (US$2,761 bilhões).
Segundo o ministério, no primeiro semestre caíram as exportações de produtos básicos (–21,6%), manufaturados (–8%) e semimanufaturados (–3,9%). No primeiro grupo, destacam minério de ferro (–49%), carne bovina (–23,5%) e soja em grão (–22,5%). No segundo, óleos combustíveis (–63,4%), motores e geradores (–25,8%) e máquinas para terraplanagem (–23%). No terceiro, couros e peles (–15%), açúcar em bruto (–13,9%) e óleo de soja em bruto (–12,4%).
Também se retraíram as vendas por blocos econômicos: Europa Oriental (–34%), União Europeia (–18,8%), Ásia (–17,9%, sendo –22,6% apenas na China) e Mercosul (–15,4%, sendo –12,7% no caso da Argentina).
Os três principais destinos das exportações brasileiras, também no primeiro semestre, foram China (US$18,5 bilhões), Estados Unidos (US$12 bilhões) e Argentina (US$6,5 bilhões). São estes também os três países que mais importaram para o Brasil: China (US$16,7 bilhões), Estados Unidos (US$14,5 bilhões) e Argentina (US$5,6 bilhões).

 

Publicado no limpinho e cheiroso

Mauro Santayana: O que incomoda EUA e seus prepostos no Brasil não é o suposto comunismo mas o nacionalismo possível

publicado em 06 de junho de 2015 às 09:18

Brics - agência Brasil

A SOBERANIA E O BANCO DOS BRICS

por Mauro Santayana, em seu blog

(Jornal do Brasil) – O Senado Federal aprovou, esta semana, a constituição do Novo Banco de Desenvolvimento, o chamado Banco dos BRICS, formado pelos governos do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, com capital final previsto de 100 bilhões de dólares. A Câmara dos Deputados já havia dado sua autorização para a participação do Brasil no projeto, além da constituição de um fundo de reservas para empréstimos multilaterais de emergência também no valor de 100 bilhões de dólares.

Fazer parte do Banco dos BRICS, e do próprio grupo BRICS, de forma cada vez mais ativa, é uma questão essencial para o Brasil, e para a sua inserção, com alguma possibilidade de autonomia e sucesso, no novo mundo que se desenha no Século XXI.

Neste novo mundo, a aliança anglo-norte-americana, e entre os Estados Unidos e a Europa, que já por si não é monolítica, cujas contradições se evidenciaram por sucessivas crises capitalistas nestes primeiros anos do século, está sendo substituída, paulatinamente, pelo deslocamento do poder mundial para uma nova Eurásia emergente – que não inclui a União Europeia – e, principalmente, para a China, prestes a ultrapassar, em poucos anos, os EUA como a maior economia do mundo.

Pequim já é, desde 2009, o maior sócio comercial do Brasil, e também o maior parceiro econômico de muitos dos países latino-americanos.

A China já é, também, a maior plataforma de produção industrial do mundo.

Foi-se o tempo em que suas fábricas produziam artigos de duvidosa qualidade, e, hoje, suas centenas de milhares de engenheiros e cientistas – mesmo nas universidades ocidentais é difícil que se faça uma descoberta científica de importância sem a presença ou a liderança de um chinês na equipe – produzem tecnologia de ponta que, muitas vezes, não está disponível nem mesmo nos mais avançados países ocidentais.

Nesse novo mundo, a China e a Rússia, rivais durante certos períodos do século XX, estão se preparando para ocupar e desenvolver, efetivamente, as vastas estepes e cadeias de montanhas que as separam e os países que nelas se situam, construindo,nessa imensa fronteira, hoje ainda pouco ocupada, dezenas de cidades, estradas, ferrovias e hidrovias.

A peça central desse gigantesco projeto de infraestrutura é o Gasoduto Siberiano.

Também chamado de Gasoduto da Eurásia, ele foi lançado em setembro do ano passado em Yakutsk, na Rússia, e irrigará a economia chinesa com 38 bilhões de metros cúbicos de gás natural por ano, para o atendimento ao maior contrato da história, no valor de 400 bilhões de dólares, que foi assinado entre os dois países.

Nesse novo mundo, a Índia, cuja população era massacrada, ainda há poucas décadas, pela cavalaria inglesa, possui mísseis com ogivas atômicas, é dona da Jaguar e da Land Rover, do maior grupo de aço do planeta, é o segundo maior exportador de software do mundo, e manda, com meios próprios, sondas espaciais para a órbita de Marte.

E o Brasil, que até pouco tempo, devia 40 bilhões de dólares para o FMI, é credor do Fundo Monetário Internacional, e o terceiro maior credor externo dos Estados Unidos.

Manipulada por uma matriz informativa e de entretenimento produzida ou reproduzida a partir dos EUA, disseminada por redes e distribuidoras locais e pelos mesmos canais de TV a cabo norte-americanos que podem ser vistos em muitos outros países, a maioria da população brasileira ignora, infelizmente, a existência desse novo mundo, e a emersão dessa nova realidade que irá influenciar, independentemente de sua vontade, sua própria vida e a vida da humanidade nos próximos anos.

Mais grave ainda. Parte da nossa opinião pública, justamente a que se considera, irônica e teoricamente, a mais bem informada, se empenha em combater a ferro e fogo esse novo mundo, baseada em um anticomunismo tão inconsistente quanto ultrapassado, que ressurge como o exalar podre de uma múmia, ressuscitando, como nos filmes pós-apocalípticos, milhares de ridículos zumbis ideológicos.

Os mesmos hitlernautas que alertam para os perigos do comunismo chinês em seus comentários na internet e acham um absurdo que Pequim, do alto de 4 trilhões de dólares em reservas internacionais, empreste dinheiro à Petrobras, ou para infraestrutura, ao governo brasileiro, usam tablets, celulares, computadores, televisores de tela plana, automóveis, produzidos por marcas chinesas, ou que possuem peças “Made in China”, fabricadas por empresas estatais chinesas ou com capital público chinês do Industrial &Commercial Bank of China, ICBC, o maior banco do mundo.

Filhos de fazendeiros que produzem soja, frango, carne de boi, de porco, destilam ódio contra a política externa brasileira, assim como funcionários de grandes empresas de mineração, quando não teriam para onde vender seus produtos, se não fosse a demanda russa e, em muitos casos, a chinesa.

Nossas empresas com negócios no exterior são atacadas e ridicularizadas, como se só empresas estrangeiras tivessem o direito de se instalar e de fazer negócios em outros países, inclusive o nosso, para enviar divisas e criar empregos, com a venda de serviços e equipamentos, em seus países de origem.

É preciso entender que ao formar uma aliança estratégica com a Rússia, a China, a Índia e a África do Sul, o Brasil não precisa, nem deve, necessariamente, congelar suas relações com os Estados Unidos ou a União Europeia.

Mas poderá, com eles, negociar em uma condição mais altiva e mais digna do que jamais o fez no passado.

É nesse sentido que se insere a aprovação do Banco dos BRICS pelo Congresso.

Apesar de termos escalado, desde 2002, sete posições entre as maiores economias do mundo, a Europa e os EUA se negam, há anos, a reformular o sistema de quotas para dar maior poder ao Brasil, e a outros países dos BRICS, no FMI e no Banco Mundial.

Se não quiserem que não o façam. Como mostra o Banco dos BRICS, podemos criar as nossas próprias instituições financeiras multilaterais.

Os BRICS, têm, hoje, como grupo, não apenas o maior território e população do mundo, mas também mais que o dobro das reservas monetárias dos EUA, Japão, Alemanha, Inglaterra, Canadá, França e Itália, somados.

O que incomoda os Estados Unidos e a Europa, e os seus prepostos, no Brasil, não é o suposto comunismo ou “bolivarianismo” do atual governo, mas o nacionalismo possível, até certo ponto tímido, politicamente contido, e sempre combatido, dos últimos anos.

Existe uma premeditada, permanente, hipócrita, subalterna, entreguista, pressão, que não se afrouxa, voltada para que se abandone uma política externa minimamente independente e soberana, que possa situar o Brasil, geopoliticamente, frente aos desafios e às oportunidades do mundo cada vez mais complexo e competitivo do século XXI.

publicado à partir do VIOMUNDO

Por que a campanha “não vai ter Copa” é irresponsável?

Autor: Miguel do Rosário

 

turismo

 

O gráfico acima foi tirado de estudo da Fundação Getúlio Vargas em parceria com a consultoria Ernst & Young, cuja íntegra pode ser lida aqui.

Para me poupar o trabalho de resumir os números apresentados pelo estudo, transcrevo trecho de post de hoje de Eduardo Guimarães, do blog Cidadania, que já fez o serviço:

Estudo realizado pela Fundação Getúlio Vargas em parceria com a renomada empresa de consultoria Ernst & Young para o Ministério do Esporte em 2010 diz coisas muito diferentes das que vêm sendo ditas por esses embrulhões do movimento “Não vai ter Copa”.

Segundo o estudo, a Copa irá gerar R$ 183 bilhões de faturamento em um período de dez anos (de 2010 e até 2019) devido a impactos diretos – investimentos em infraestrutura, turismo, empregos, impostos, consumo – e indiretos – via circulação de todo esse dinheiro no país.

Somente em obras de infraestrutura, os investimentos deverão alcançar R$ 33 bilhões, entre estádios, mobilidade urbana, portos, aeroportos, telecomunicações, energia, segurança, saúde e hotelaria.

No turismo, os números apurados pela consultoria mostram que circularão 600 mil turistas estrangeiros e 3 milhões de turistas nacionais, aumentando em cerca de 50% o faturamento do turismo no país – de cerca de 6 para cerca de 9 bilhões de reais.

Somando empregos para trabalhadores permanentes e temporários, eles devem incrementar o PIB em R$ 47,9 bilhões.

Segundo a consultoria citada, “Os R$ 5 bilhões a serem injetados no consumo pela renda gerada por esses trabalhadores equivalerá a 1,3 ano de venda de geladeiras no Brasil ou 7,2 milhões de aparelhos”.

A expectativa é a de que a Copa crie mais de 700 mil empregos entre permanentes e temporários.

FGV e Ernst & Young ainda afirmaram que devem ser arrecadados “R$ 17 bilhões em impostos, o que representará mais de 30 vezes os R$ 500 milhões em isenções fiscais que serão concedidas à Federação Internacional de Futebol (Fifa) e empresas por ela contratadas para a realização do Mundial”.

Os tributos federais a ser arrecadados com a Copa deverão chegar a R$ 11 bilhões, deixando um saldo positivo de R$ 3,5 bilhões em relação aos investimentos federais na realização do campeonato.

Veja, leitor, o cálculo do faturamento total da Copa, segundo o estudo em tela:

“Os impactos indiretos da Copa na economia do país com a recirculação do dinheiro são calculados pelo estudo em R$ 136 bilhões, até 2019, cinco anos depois da Copa. Um impacto pós-Copa, impossível de dimensionar financeiramente transforma-se em turismo futuro. Além disso, as obras que modernizarão estádios nas 12 cidades-sedes também geram riqueza e impacto no PIB. Este valor, somado aos R$ 47 bilhões dos impactos diretos, leva aos R$ 183 bilhões que o estudo calcula que a Copa vai gerar para o país”.

Então, diante de gastos de cerca de 30 bilhões de reais para realizar a Copa de 2014 no Brasil, haverá um faturamento bruto de 183 bilhões de reais

Publicado originalmente em Tijolaço

A verdade sobre o comércio exterior brasileiro

por Miguel do Rosário

O GLOBO

Os jornais amanheceram, como de praxe, com manchetes apocalípticas. O Globo veio com um déficit “Pior da história”. Eles jamais fizeram manchetes similares quando se trata dos juros (menores da história, antes dos recentes aumentos) ou do salário mínimo. Mas quando encontram um fato negativo, eles carregam nas tintas e põem na primeira página.

Acontece que não é bem assim. A imprensa mente mesmo quando fala a verdade. Então lá fui eu fuçar no Sistema Alice, o nosso banco de dados público sobre comércio exterior, que é um dos melhores do mundo. Tenho experiência nisso porque trabalhei por quase 15 anos escrevendo sobre café para o jornal especializado que eu tinha, além de colaborar para sites estrangeiros. Especializei-me em estatísticas de comércio exterior.

Compilei os dados da nossa balança comercial desde 1995 até hoje, preparei algumas tabelas e gráficos.

Não é correto jogar tanto peso na balança comercial de um mês só, porque se fica a mercê de distorções sazonais. O certo, sobretudo numa análise política que pretenda usar dados econômicos, é usar períodos acumulados.

Apesar do déficit em julho, nos últimos 12 meses o saldo comercial brasileiro permaneceu positivo, em US$ 4,5 bilhões. Nos anos 90, tivemos déficits seguidos em 1997, 1998 e 1998, sempre usando o período de 12 meses de agosto a julho, para efeito de comparação com os dados atuais. Em 1996/97 (ago/jul), o déficit foi de US$ 7,6 bilhões, em 1997/98 de US$ 6,3 bilhões e em 1998/98 de US$ 4,9 bilhões.

BALANÇA COMERCIAL CAFEZINHO

Entretanto, mais do que olhar apenas déficit, é importante considerar a evolução das exportações. As exportações brasileiras nos últimos 12 meses atingiram o segundo maior nível de sua história. Ou seja, nos dois primeiros anos do governo Dilma, o Brasil nunca exportou tanto.

EXPORTAÇÕES

O déficit acontece por duas razões: porque se exporta pouco, ou porque se importa muito. O déficit “bom”, se é possível falar assim, é o segundo caso, naturalmente. É o que vem acontecendo ao Brasil. Estamos exportando mais que nunca, mas a importação também aumentou.

Importante ressaltar ainda que a importação aumentou por causa das compras de combustível. O consumo crescente de combustível, que onera a importação, é um sinal de vitalidade econômica. Conforme o pré-sal começar a jorrar em grande quantidade, a partir de 2016, e as refinarias ficarem prontas, na mesma época, o Brasil importará menos este item e poderá até se tornar exportador de petróleo e gasolina.

Os últimos dados de produção de petróleo e gás vem registrando forte alta, conforme registra o último boletim da Agência Nacional de Petróleo (ANP).

Observe a tabela abaixo. Os colunistas econômicos da grande imprensa fazem um malabarismo curioso. Quando querem falar bem de uma relação comercial entre Brasil e outro país, costumam usar a corrente de comércio, que soma exportação e importação. Pois bem, a corrente de comércio brasileira em julho foi a maior da história: US$ 43,5 bilhões. Isso é bom, mostra um comércio exterior dinâmico. O Brasil ganha dinheiro importando, porque o Estado aufere impostos sobre todos os produtos que entram no Brasil. A importação também paga os serviços de saúde e educação. A importação paga mais impostos que a exportação, diga-se de passagem.

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No acumulado de 12 meses até julho, a corrente de comércio totalizou US$ 474,7 bilhões. É quase cinco vezes maior que o patamar de 2002.

Considerando apenas as exportações, estas geraram US$ 239,59 bilhões nos últimos 12 meses, o segundo maior nível da história. Em 2001/02, exportamos apenas US$ 55,6 bilhões.

Lamentar a importação é um vício vira-lata. Quanto mais cresce a renda da população, num país onde o câmbio não é manipulado para beneficiar apenas setores de exportação (como na China), a tendência é aumentar a importação, porque é natural que as pessoas queiram consumir bens importados.

O problema da importação seria motivo de preocupação se se observasse um processo de desindustrialização. Apesar das grandes dificuldades que vive a nossa indústria, ela vem resistindo. Segundo o IBGE, a indústria brasileira registrou forte alta em junho, de 1,3% sobre o mês anterior, e 3,1% sobre igual mês de 2012.

O setor de bens de capital, que é o principal termômetro da indústria num país, porque corresponde à fabricação de máquinas destinadas a indústrias, registrou crescimento de 18% em junho deste ano, na relação com o mesmo mês do ano anterior.

PESQUISA INDUSTRIAL

O negativismo da mídia tem conotação política. Como ela faz oposição ao governo federal, a imprensa quer pintar o quadro econômico como eternamente em declínio, e não poupará esforços neste sentido. Eventualmente, o esforço pode dar certo, ao desestimular o setor privado a seguir investindo no país. O governo tem culpa porque se mantém calado, ou fala somente através da grande mídia. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, não usa redes sociais. A presidenta não usa redes sociais. A articulação política do governo não usa redes sociais. Não é questão de tempo. Não precisa fazer isso pessoalmente: contratem uma equipe! Ou melhor, ponham a que possuem para trabalhar! O Brasil não pode mais ficar à mercê dos urubus! Não é possivel que o ministério da Fazenda não tenha uma pessoa para entrar no Twitter e dar um RT numa matéria que seja um contraponto à desgraceira diária que a mídia vende ao país!

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Economia cresce 1,05% no primeiro trimestre e surpreende mercado

Kelly Oliveira, Agência Brasil

via Antonio Ferreira Nogueira Jr

“A atividade econômica apresentou crescimento de 1,05%, no primeiro trimestre deste ano, na comparação com os últimos três meses de 2012. Os dados são do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) dessazonalizado (ajustado para o período), divulgado hoje (16).

Em março, o IBC-Br apresentou expansão de 0,72% na comparação com fevereiro (indicador ajustado para o período). O crescimento veio depois da queda de 0,36% registrada em fevereiro em relação a janeiro, segundo os dados revisados. Em janeiro comparado a dezembro, houve crescimento de 1,05%.

Na comparação com março de 2012, o crescimento do terceiro mês do ano ficou em 1,16% (sem ajustes).  No ano, o IBC-Br cresceu 1,79% e em 12 meses, 0,91% (sem ajustes).

O IBC-Br é uma forma de avaliar e antecipar a evolução da atividade econômica brasileira. O índice incorpora informações sobre o nível da atividade dos três setores da economia: indústria, comércio e serviços e agropecuária.

O acompanhamento do indicador é considerado importante pelo BC para que haja maior compreensão da atividade econômica. Essa avaliação  também contribui para as decisões do Comitê de Política Monetária (Copom), responsável por definir a taxa básica de juros, a Selic.”

ECONOMIA IMPULSIONA DILMA

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“Acalmem-se”, disse a presidente Dilma Rousseff, num sorriso; faz sentido; aos que apostam no eclipse do crescimento, a resposta da economia real é ensolarada; vendas de aço, alumínio, eletro-eletrônicos, ônibus e tratores disparam neste início do ano; arrecadação de impostos sobe; dívida mobiliária federal recua; projeção aponta para inflação em queda e crescimento em alta; apostas no pessimismo começam a pagar menos

247 – Apostar no pessimismo, dentro de um cenário global de incertezas, sempre parece menos arriscado. Vai dar errado, dizem os céticos e derrubadores, cercados de conjecturas. O problema, como apontam os primeiros números da economia brasileira em 2013, é que, neste ano, jogar contra já está dando pinta de ser muito mais um torcida política do que uma análise fria e científica. Em lugar de eclipse, o que está surgindo no horizonte é um sol tipicamento tropical.

Nos últimos dias, uma série de dados econômicos confluem para um desempenho, em 2013, muito superior ao verificado no ano passado. Líderes empresariais de diferentes setores do meio da economia – aqueles que usam insumos da indústria de transformadora de matérias primas para aplicar em produtos finais ao consumidor – estão otimistas sobre mais produção e mais vendas este ano, com base nos primeiros resultados já alcançados.

É assim que os setores que compram aço, como as montadoras de veiculos e a construção civil, fizeram aquisições em janeiro nada menos que 18% acima do comprado em dezembro, segundo dados do Instituto Nacional das Distribuidoras de Aço (Inda). “O mercado está começando a crescer novamente”, disse o presidente Carlos Loureira ao jornal Valor Econômico. Com alta de 3,4% em vendas em janeiro em relação ao mesmo período do ano passado, o setor projeta um crescimento de 6% no mercado doméstico sobre o ano passado até dezembro.

No alumínio, outro elemento presente em ínumeros setores industriais, o melhor termômetro de crescimento é a venda de chapas, folhas e extrudados. Neste campo, as vendas em janeiro, de acordo com a Associação Brasileira de Alumínio (Abal), já foram 5,9% maiores do que no primeiro mês de ano passado. “Acreditamos num crescimento do setor de até 5 por centro para este ano”, diz o presidente da entidade, Luiz Carlos Loureiro Filho. “Estamos otimistas”.

Não é diferente entre uma das maiores fabricantes de ônibus e caminhões do País, a MAN Latin America. “Já temos pedidos que indicam vendas 20% maiores do que em 2012, em razão de a necessidade do mercado renovar a sua frota”, adianta Roberto Cortes, presidente da companhia. “Nossa atividade no primeiro bimestre está ótima em relação à que tivemos em 2012”.

No mesmo setor, a Agrale, tradicional fabricante de máquinas e tratores, registrou um crescimento de vendas simplesmente espetacular em janeiro com relação a dezembro: 126% mais. Os responsáveis pela companhia admitem que tratou-se de um ponto fora da curva, mas, a partir dele, eles projetam um crescimento da companhia, este ano, de mais de 16% sobre o realizado no ano passado. “O forte desempenho está ligado ao fim dos estoques das indústrias do nosso setor”, disse o diretor-presidente Hugo Zattera ao Valor.

Pesquisa entre associados feita pela  Abinee (Associação Brasileira da Indústria de Eletro-eletrônicos) constatou que 56% das empresas associadas relataram alta de encomendas em janeiro com relação a dezembro. Isso mostra um aquecimento no setor de ponta tecnológica da economia. “O otimismo aumentou, porque os sinais dados em janeiro, um mês que nunca é excepcionalmente forte em vendas, indicam um grande ano pela frente”, conta o presidente Humberto Barbato. Segundo ele, 79% dos associados da Abinee registraram em pesquisa que esperam melhores vendas em 2013 do que em 2012.

Mesmo onde janeiro apontou queda em relação a dezembro, de 3%, no setor de máquinas e equipamentos, o dado foi comemorado. “Esse recuo é sazonal, e sempre acontece nessa época, mas foi muito menor do que em anos anteriores”, relatou Marcos Bernardini, consultor econômico da Abimaq.

Nos grandes números macroeconômicos, o governo também já tem o que comemorar. O Boletim Focus, do Banco Cenral, que semanalmente capta os humores de agentes do mercado financeiro sobre dados como inflação e crescimento do PIB indica nesta segunda-feira 25 que a inflação esperada é menor do que na semana anterior – e o crescimento, maior, da ordem de 3% para o ano. Noutro dado, o estoque da dívida mobiliaria do Tesouro (tudo o que o governo deve ao mercado) declinou 4%, equanto a arrecadação de impostos bateu novo recorde.

A continuar nessa marcha, o melhor, para os pessimistas, vai ser iniciar logo um ajuste de discurso, sob pena de ficarem falando sozinhos – os empresários, afinal, de olho no chão de suas fábricas e em seus caixas, sabem que o certo é acreditar em resultados do que se guiar por palavras pré-fabricadas.

Para a presidente Dilma Rousseff, com a reeleição lançada e ainda sem um forte adversário definido, o sol do primeiro semestre traz consigo uma brisa capaz de impulsioná-la com menos atropelos do que muitos gostariam por 2013 em direção a 2014.

Noroeste Paulista – Jales: Feirantes vão conhecer estrutura de “Feira Livre” em Carneirinho (MG)

A convite da Secretaria Municipal de Agricultura, cerca de 20 produtores rurais da Associação de Feirantes de Jales conheceram “in loco” a estrutura da feira livre de Carneirinho, em Minas Gerais.

A visita foi acompanhada pelo representante da secretaria e técnico em Agricultura, Paulo Fernando Correia. O local que é de alvenaria e administrado por feirantes da cidade, é referência quando o assunto é venda coletiva de produtos do campo. Em apenas dois anos, um grupo de trinta produtores da cidade se uniu e decidiu transformar o local em excelência no modelo de estrutura e organização.

“O que podemos observar é que mesmo com um pequeno número de produtores eles conseguiram transformar um espaço que é sucesso de vendas e visitas no município e região. A ideia de levar nossos feirantes foi para eles conhecerem e juntos podermos fazer esta transformação no comboio aqui em Jales, tudo separado por setores”, afirmou Paulo.

Para a secretária municipal de Agricultura e Abastecimento, Sandra Gigante, em breve, toda a estrutura do Comboio de Jales passará por mudanças já que o espaço é um importante posto de venda de produtos hortifrutigranjeiros.

“Queremos valorizar ainda mais nosso produtor rural que utiliza o local. Nas próximas semanas estaremos reunidos com os feirantes para discutir estas novas mudanças de melhorias”, finalizou a secretária.

O melhor texto sobre o Bolsa-Família que já li

 mariafro

Vale a pena ler com cuidado, atenção. Este texto explica de modo muito pragmático até ao ser mais conservador do planeta porque o Bolsa-Família é um programa único e transformador de uma realidade de exclusão secular no Brasil sem ser necessário dar um tiro sequer.

Da próxima vez que você encontrar um ignorante que não sabe o valor de um programa social como este, você pode tirá-lo da ignorância informado-o com todos os excelentes argumentos do professor Daniel Caetano.

Bolsa-Família: Efeitos Colaterais

Por: Daniel Jorge Caetano em seu blog

 

Não gosto muito de tratar assuntos políticos aqui; a razão para isso é que gosto de estimular a reflexão sobre o que observo no dia-a-dia e, acredito, falar sobre política sai um pouco desta linha, dado que nela o mote principal não é a razão e reflexão, mas a negociação de interesses.

Vou abrir uma exceção desta vez, devido a uma conversa que ouvi ontem.
Conversavam sobre a ineficiência, ineficácia do “bolsa-esmola” e toda a falácia que supostamente cerca o referido programa (positivas e negativas). O que me permite abrir essa exceção é o fato de que todos os candidatos parecem estar apoiando esta iniciativa – ainda que, em alguns casos, esse apoio seja motivo de riso para muitos.

Sou uma pessoa técnica, não gosto de fazer política. Minha experiência no campo político me proporcionou muita angustia pessoal; foi quando descobri que não tenho fígado para isso1. Assim, há algum tempo, seguindo a minha visão técnica e sem conhecer muita coisa da realidade brasileira, eu questionava muito o tal do Bolsa Família; em especial, quanto à sua eficácia.

Avaliando superficialmente, o Bolsa Família é “um programa assistencialista e populista, uma forma legal de compra de votos”, como ouvi alguém colocar.

Não há como negar que é possível – e alguns diriam provável – que essa é a índole do programa, isto é, que essa é a motivação primordial por trás do programa. Por outro lado, vem a dúvida: será que esta é a característica mais relevante em uma análise mais ampla?

Depois de viajar pelo interior do Brasil, por lugares como o Vale do Jequitinhonha no norte de Minas Gerais ou o interior da Bahia, regiões extremamente mais pobres que a em que vivo – São Paulo -, conversar com os habitantes destes lugares e ouvir da boca deles como a vida da comunidade melhorou (e não apenas das famílias diretamente beneficiadas pelo programa), me convenci que a avaliação ”rasa” do programa era falha, e comecei a procurar entender melhor suas consequências.

A conclusão a que cheguei é que ele tem efeitos muito mais relevantes do que aqueles normalmente explicitados. Aqueles que consideram que se trata apenas de um programa eleitoreiro, podem considerar que esses “efeitos”, na verdade, são apenas “efeitos colaterais”. Mas isso não invalida, de forma alguma, as conclusões sobre a validade do programa.

Antes de mais nada, gostaria de dizer que, me parece, o segredo por trás do sucesso do programa é o valor que foi definido para a bolsa, além dos critérios para sua concessão. Os critérios são relevantes, mas dependem de controle – algo difícil de se conseguir, dada a amplitude de programa. O valor da bolsa, entretanto, tem um efeito auto-regulador interessante, que dispensa controle ativo.

Que efeito auto-regulador é esse? É o efeito de ser uma bolsa de um valor alto o suficiente para permitir que as famílias saiam da miséria absoluta, mas baixo o suficiente para que, assim que a situação melhora, seja para a pessoa ou para a comunidade em que ela vive, a bolsa se torna desprezível.

Para entender essa afirmação, é preciso avaliar os efeitos todos do programa, o que tentarei apresentar em diversos níveis, sempre com foco nos benefícios sociais que ele proporciona (e não nos ganhos políticos decorrentes).

Efeitos de Primeira Ordem

Os efeitos de primeira ordem são aqueles diretos, ou seja, uma melhoria da qualidade de vida dos mais miseráveis. Em tese, os beneficiários diretos são apenas as famílias que recebem a bolsa e é este tipo de efeito que leva a uma definição, talvez precipitada, de que se trata de um programa ”populista e eleitoreiro”.2

Efeitos de Segunda Ordem

Os efeitos de segunda ordem são aqueles observados na sociedade, em um curto intervalo de tempo, após a implementação do programa.

Na economia

As pessoas que recebem o bolsa família tem, proporcionalmente, um grande aumento em seu poder de compra; essas pessoas, entretanto, não estão em um patamar de consumo em que aumentar o poder de compra significa comprar supérfluos (celulares, carros etc.), mas sim em um patamar onde existe necessidade reprimida por alimentos e insumos básicos para a vida digna (água, limpeza, material escolar, dentre outros).

Como a maioria destas pessoas vivem em lugares muito pobres3, estes produtos, em geral, não são adquiridos em grandes supermercados, mas em pequenas vendas e pequenos comércios locais.

Ora, a “vendinha” da esquina, ao ganhar novos consumidores e ter um aumento substancial do consumo, pode crescer. Se cresce, não apenas pode vir a gerar empregos, mas também movimenta a economia local: o dono da vendinha e seus funcionários também vão comprar em outras lojas.

Adicionalmente, o dono da vendinha tem como negócio o comércio, ou seja, ele não produz o que vende. Se aumentou a venda, ele tem que comprar mais.
Isso movimenta a agricultura e produção local e, em estágios mais avançados, até mesmo aumenta o consumo em outros mercados, de onde o dono da vedinha tem que ir buscar produtos, “na cidade grande”. Em outras palavras, trata-se do surgimento de novos mercados produtores e consumidores, possibilitando inclusive a indução de emprego e melhoria das condições de vida em outras regiões.

Além do efeito óbvio que isso tem para o aumento da qualidade de vida local, a maior parte dessas operações geram impostos para o governo e, embora seja difícil precisar o valor que “volta” para o governo de cada Real gasto com o Bolsa Família, o certo é que uma parte volta. Como são mercados novos, isso significa que o imposto que volta tem o efeito de diminuir o custo do programa, o que para o governo – e para o povo que o financia – é ótimo.

Agora, uma outra coisa que acontece com o aquecimento da economia local é, em geral, uma inflação local. É comum que nas regiões mais pobres tudo custe muito barato, porque as pessoas não têm dinheiro para consumir. Com o dinheiro e a melhoria inicial das condições de vida das pessoas, ocorre um aumento do consumo e, com isso, é normal que exista uma pequena inflação local. Bizarramente, isso é positivo, proporcionando um dos instrumentos de auto-regulação do benefício.

Quando alguém diz que “o cara vai receber a bolsa e não vai mais querer trabalhar”, está ignorando que a economia é dinâmica: com a inflação local  e o aumento do seu padrão de consumo, o poder de compra da bolsa para uma dada família vai cair com o tempo. Como o indivíduo pode trabalhar e receber a bolsa, com o tempo se torna mais interessante manter o emprego – que com o aquecimento da economia local tende a pagar melhor – do que a manutenção da bolsa – que tem valor fixo nacionalmente, não levando em conta as questões locais.

Isso pode acabar se tornando um caminho natural para a “porta de saída” da bolsa, depois de ter estimulado o desenvolvimento local.4

Na política

Uma consquência curiosa – e que só me atentei para ela conversando com pessoas de local onde o coronelismo era muito forte – é que o Bolsa Família tirou poder das oligarquias locais, vulgarmente conhecidas como ”famílias de coronéis”.

Historicamente estas famílias dominavam a política local através da compra do voto com coisas pequenas e baratas: pares de chinelos, sacos de farinha, coisas que não lhes custavam nada, mas que lhes permitiam governar uma cidade ou estado, receber verbas federais e desviar recursos à vontade, pois o povo – mantido ignorante e necessitado – via neles salvadores que lhes permitiam beber água da chuva – captada em um açude construído em propriedade particular de político, usando verba pública – a um pequeno custo… ou até mesmo de graça… “como é bom nosso governante!”

Obviamente este problema não acabou com o Bolsa Família, mas aparentemente vem se reduzindo. A razão para isso é que, com aquela pequena ajuda, nestes locais muito pobres onde se comprava um voto com um par de chinelos, as pessoas não têm mais interesse em vender seus votos por essas coisas – agora elas conseguem comprar o saco de farinha, sem precisar implorar ou trocar favores – ou seja, sobrevivem de maneira mais digna.

Assim, comprar o voto tornou-se uma prática naturalmente mais cara – ou seja, o Bolsa Família inflacionou a compra de votos, dificultando ou até mesmo impossibilitando a prática. Com isso, abre-se espaço para uma possível diversificação no espectro político em várias localidades. Surgem novas lideranças locais, municipais, mudando a dinâmica política da região.

Ainda que isso pareça um pouco distante, de médio prazo ao menos, novas lideranças locais têm assumido no lugar de velhas famílias oligárquicas em muitos lugares, o que pode ter como um de seus fatores de influência justamente o Bolsa Família (embora dificilmente seja o único, é claro!)

Alguns podem alegar que deixou-se de vender votos localmente para se vender nacionalmente, uma vez que com o benefício o governo federal estaria comprando votos também. Mas é questionável a validade de se falar em um “coronelismo federal”, dada o baixo contato entre povo e governo federal.5

Na educação

Como o foco do Bolsa Família é na alimentação (faz parte do Programa Fome Zero) e a concessão da Bolsa exige a presença das crianças na escola6, ele contribui para uma melhoria na educação, embora não a garanta.

A combinação da presença e alimentação é importante porque ninguém aprende nada sem ir para a escola e, mesmo indo, não aprende se estiver com fome.
Os efeitos da desnutrição na capacidade de aprendizado são vastos.

Infelizmente isso não é garantia, porque a educação básica em nosso país ainda é extremamente deficiente e, até o momento, por ser competência estadual e municipal, não há nada que o Governo Federal possa fazer a respeito.7

Na saúde

Outra exigência para a concessão da Bolsa são os cuidados com a saúde da criança, regulamentado como exigência de vacinação, por exemplo. Bem alimentada e com orientações mínimas, as pessoas se mantém mais saudáveis e dependem menos do deficiente sistema público de saúde. Isso leva também a uma vida mais digna e traz mais motivação às pessoas.

Efeitos de Terceira Ordem

Os efeitos de terceira ordem são aqueles que decorrem da combinação dos efeitos de segunda ordem, além da universalização destes efeitos com o passar do tempo. Analisarei alguns deles.

Na sociedade

Com todos os efeitos de segunda ordem citados, em especial a geração de condições de vida mais dignas nos mercados locais – dado o seu desenvolvimento -, ocorre a formação de uma consciência de cultura local e, também, a fixação das pessoas onde elas estão, gerando novos pólos de desenvolvimento, produção e consumo.

Essa fixação é fundamental, uma vez que os grandes centros atuais não comportam mais crescimento populacional, já vivendo em uma condição de esgotamento de recursos (congestionamentos, falta de água, alto custo da alimentação, poluição, etc).

Fixando as pessoas em seu local de origem proporciona uma sociedade melhor distribuída, tornando a ocupação e o desenvolvimento nacional menos desigual, possibilitando acesso melhor distribuído aos recursos naturais de todas as regiões do país.

Na política

Com o passar do tempo, as novas lideranças locais podem ser tornar novas lideranças regionais ou até mesmo nacionais. Essa renovação nas lideranças políticas é saudável para a democracia, proporcionando seu amadurecimento.8

Na educação

Um efeito já apontado em algumas análises é que, à medida que as condições de vida das pessoas melhoram, com um crescimento do rendimento per-capita, quando a renda do Bolsa Família passa a não se mais tão importante na alimentação – mas ainda antes de se tornar dispensável -, ela passa a ser utilizada na aquisição de livros e material escolar.

Este efeito, já constatado em alguns locais9, proporciona, juntamente com outros fatores de segunda ordem, um grande ganho na capacidade de aprendizado dos estudantes, contribuindo para a formação de gerações mais formalmente educadas.

Na saúde

Com alimentação, estudo e cuidados médicos básicos, temos um povo mais saudável; e um povo mais saudável é mais feliz, produz melhor e consome mais. Isso tudo já é ótimo para a nação.

Mais que isso, entretanto, os efeitos de longo prazo de políticas da mudança da cultura da população mais pobre – proporcionadas pelas exigências de concessão de bolsas do Bolsa Família -, podem formar gerações não apenas mais saudáveis, mas mais conscientes de sua própria saúde. E pessoas mais conscientes de sua saúde, em geral, cuidam dela, em um nível muito mais alto, como melhor alimentação, atividades físicas etc.

Efeitos de Quarta Ordem

Os efeitos de quarta ordem são os benefícios intrínsecos da universalização dos efeitos de terceira ordem. Os que imagino mais imediatos são três.

O primeiro é a influência de todos estes fatores nos gastos públicos com saúde. Esta área pode se beneficiar extremamente de uma população mais saudável e bem educada, tanto no aspecto financeiro – menos gastos com saúde pública – quando econômico – com um menor número de pessoas solicitando o sistema público de saúde, aqueles que o solicitam podem ser melhor atendidos, com um investimento público potencialmente menor.

O segundo é que, com uma melhor educação, obviamente combinadas com outras políticas que venham melhorar a cultura dos alunos, teremos uma população mais culta, capaz de escolher melhor seus representantes políticos, buscando um equilíbrio entre renovação e experiência, rumando cada vez mais em direção a uma democracia madura.

O terceiro é a influência de tudo isso nos gastos públicos com o próprio programa. Uma vez que a nossa população já ruma para uma estabilidade numérica e, com essa população cada vez mais educada, saudável e consciente, o número de famílias que precisam do Bolsa Família tende a ser cada vez menor.10

Pontos negativos

Nem tudo são flores, no entanto. Como estes efeitos só podem ser observados com a presença do programa em todo o país, os números de beneficiários são extremamente altos e, assim, o controle dos parâmetros de concessão ficam prejudicados. É praticamente impossível fazer um controle rígido sem que os custos do programa crescam demasiadamente.

Ainda que evidentemente ocorram desvios – devido ao controle precário -, é bastante possível que estes desvios representem um valor financeiro bastante inferior ao custo que teria um controle mais apurado. Esta afirmação não vem meramente de uma eventual fiscalização ter um custo alto, mas também do fato que os valores movimentados individualmente são muito baixos. Para que quantias grandes sejam de fato desviadas, grandes esquemas precisam ser armados.

Contra “grandes esquemas”, mesmo um controle menos sofisticado pode ser capaz de detectá-lo e, convém lembrar, principalmente na hipótese de ”programa eleitoreiro para compra de votos” – como dizem alguns -, o governo seria o menor interessado em que exista desvio desta verba específica.

Adicionalmente, tanto o cadastro quanto o controle atuais são feitos pelos estados e municípios, que em grande parte não estão nas mãos dos mesmos partidos que o governo federal, o que dificulta ainda mais a formação de grandes esquemas sem que ninguém tenha conhecimento.

Moral da história: se ocorre desvio, é com o consentimento de todos; isso não torna a preocupação com os desvios menos importante, mas não serve de munição eleitoral contra o programa em si.

Conclusões

Diante do apresentado, afirmar simplesmente que se trata de um programa de esmolas é limitar demais o escopo de um programa que, sendo implantado de maneira generalizada como foi, pode trazer enormes transformações para um país – e, dentro de certos limites, já me parece estar trazendo, ainda que eles sejam pouco visíveis aqui em São Paulo.11

O conjunto de efeitos que o programa traz consigo, cada um deles potencializando fatores fundamentais para o desenvolvimento do país em todos os níveis humanos, aliado ao seu custo relativamente baixo aos cofres públicos, tornam o Bolsa Família não apenas um programa de sucesso momentâneo, mas também uma proposta de estratégia de médio e longo prazo que tem, no meu entender, boas chances de, em conjunto com outras políticas, modificar positivamente a sociedade brasileira.

No fim, fica até difícil dizer qual é o efeito colateral. Seria um programa “populista e eleitoreiro” que, por acaso, melhora a condição de vida da sociedade como um todo, ou será que é um programa que, por melhorar a condição de vida da sociedade, torna-se popular e com dividendos eleitorais óbvios?

Quando ainda não observaram como isso é bom para a vida de todos, alguns dizem que nós não temos que pagar (através dos impostos) um programa como esse, observando apenas os aspectos dos dividendos eleitorais.

Entretanto, esta visão é simplesmente um reflexo da educação míope que nos foi imposta. Fomos educados de maneira bizarra, do ponto de vista social, ensinados que o importante é acumular e, portanto, dividir é mau.

A questão é que muitas vezes é preciso dividir para somar12, ainda que a nossa criação – que define nossos preconceitos e medos – possa tornar dificultosa esta percepção. Nos limitamos a analisar os efeitos diretos, de curto prazo, de primeira ordem.

Porém, é preciso ir além. Desprezar efeitos de ordens superiores pode ser desastroso quando o propósito é planejar o futuro de uma nação.

(1) Um dia eu falo mais sobre isso e, claro, explico a minha visão política. Resumidamente é isso: assuntos técnicos são importantes demais para deixar na mão de políticos e assuntos políticos são importantes demais para serem deixados nas mãos de técnicos. Cada macaco no seu galho.

(2) Em todo caso, no meu entender, é desumano dizer simplesmente que “não temos que pagar por isso”. Quem decidiu isso foi um governo democraticamente eleito pela maioria. Dizer que “não temos” que pagar (através dos impostos) os custos de uma política social do governo, é uma desrespeito ao poder democraticamente concedido. Democracia é o poder da maioria das pessoas (demos, povo), não de quem tem a maioria do dinheiro.

(3) Nos grandes centros, o valor da bolsa não tem grandes efeitos, dado o alto custo de vida.

(4) É claro que vão existir aqueles que são, sim, vagabundos e vão ficar apenas com a bolsa… mas cedo aprendi que não adianta ajudar quem não quer ser ajudado; isso não significa, porém, que não devemos de ajudar àqueles que precisam e querem ajuda, com a justificativa de existem pessoas que não querem a ajuda.

(5) Ainda que aparente uma roupagem de falta de ética, não se faz política de outra forma que não negociando benefícios a determinados grupos. E negociar com base em benefícios ao povo é tão legítimo como negociar com base em benefícios para grandes grupos estrangeiros. A escolha do grupo que o governo pretende beneficiar depende meramente do retorno que ele espera obter.

(6) Cconforme artigo 3o. da Lei No. 10.836 de 9 de Janeiro de 2004.

(7) Além de propiciar vagas em excesso nas universidades, possibilitando baixo custo do ensino superior mesmo para pessoas com deficiências de formação básica. Infelizmente isso é uma medida de curto prazo para minimizar o problema, uma vez que não há como resolver de maneira ideal a situação de centenas de milhares de brasileiros que já perderam anos e anos de sua vida em uma educação básica absolutamente inadequada e ineficiente.

(8) “Alternância de poder” não é um termo de que eu goste, por que em geral leva a uma noção errada de troca entre esquerda e direita; não acho que uma nação precise passar um tempo andando para um lado e depois passar igual período de tempo andando para outro, pouco saindo do lugar, isto é, pouco indo adiante. Mais importante do que alternância de poder entre orientações políticas diferentes é a evolução da cultura política e dos políticos. Neste sentido, a chave para a evolução da democracia são novas lideranças, mais ligadas às necessidades do futuro que aos vícios do passado, sem desprezo do valor da experiência dos políticos mais velhos.

(9) O Google é seu amigo.

(10) Como alguém já comentou, é desnecessário aumentar em demasia o programa Bolsa Família (dobrá-lo, por exemplo), porque seria um contra-senso diante de todo o exposto aqui; para que fosse razoável dobrá-lo, seria necessário que se aumentasse a pobreza e a miséria do país, que é justamente o que se pretende com o programa. Se isso acontecesse, isto é, se a pobreza e miséria aumentasse mesmo com o programa já existente, isso significaria que o programa não funciona e, portanto, também não precisaria ser aumentado. Ainda que no curto prazo talvez possam ser necessários ajustes, com um leve aumento no número de bolsas concedidas, a tendência do programa Bolsa Família deve ser apenas a de queda neste número, ao menos quando se considera um horizonte de 5 a 10 anos.

(11) Aliás, diante da exposição deste texto, a “invisibilidade” das melhorias do Bolsa Família aqui em São Paulo já devem ser óbvias, dado o alto custo de vida. Isso para não falar que o governo do estado de São Paulo e, em especial, a Prefeitura do Município de São Paulo não foram capazes de – ou não se interessaram em – organizar a estrutura necessária para a criação do cadastro de requerentes e o órgão de controle do Bolsa Família por aqui.

(12) Algo tão óbvio quanto dizer que é preciso investir para poder ter lucro.

Pochmann: país sai da ‘financeirização’ para economia baseada na produção

Ex-presidente do Ipea afirma que expansão do PIB no terceiro trimestre, de 0,6%, é atenuada pela continuidade no processo de distribuição de renda, e vê país ‘pavimentando’ desenvolvimento sustentável

Por: Vitor Nuzzi, Rede Brasil Atual

 

Pochmann: país sai da 'financeirização' para economia baseada na produção A indústria teve leve recuperação, puxada pelo setor de transformação, que cresceu 1,5% (Foto: Rodrigo Paiva / Folhapress)

Embora nos dois últimos anos o Brasil tenha tido desempenho aquém de suas possibilidades, o que preocupa do ponto de vista conjuntural, o economista Marcio Pochmann, ex-presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), destaca as mudanças estruturais em curso no país e critica o que chama de falta de melhor entendimento em algumas análises. Ele observa que há uma transição, longa, de uma economia de “financeirização da riqueza” para uma economia mantida pelo investimento produtivo. “Passamos duas décadas (1980 e 1990) em que a economia não cresceu sustentada pelos investimentos produtivos, mas pela financeirização, juros altos, levando a um quadro de regressão social. Havia setores que viviam às custas do assalto ao Estado”, afirma. “Vai crescer pouco este ano, mas é um crescimento que permite reduzir a pobreza e a desigualdade de renda.”

Pochmann lembra de decisões tomadas no início do governo Lula, baseadas na visão de que o Brasil tinha uma economia com elevada capacidade ociosa. Com Dilma, “estamos pavimentando um caminho de desenvolvimento sustentável”, avalia o economia. “Só não vê quem não quer.” Ele cita fatores como o pré-sal, nacionalização de setores produtivos e a política de concessões, “que não têm nada a ver com as privatizações dos anos 1990”. E diz ver “grande sintonia entre as decisões cruciais de Lula e Dilma”.

Ele lamenta que a comparação com outras economias não tenha sido feita naquele período, quando havia um ciclo de expansão mundial. “Em 1980, éramos a oitava economia e em 2000, a 13ª. Na segunda metade dos anos 1990, até o México ultrapassou o Brasil. E agora estamos caminhando para ser a quarta economia.”

O economista disse que gostaria de ver mais “ousadia” do governo, com, por exemplo, mais articulação com os demais países do continente, especialmente pensando na competição com a China. “O Brasil poderia ajudar a reorganizar esse espaço, a partir de políticas de caráter supranacional.”

Ao acompanhar as projeções de 4% para o crescimento da economia em 2013, Pochmann não vê o país com problemas estruturais, mas em um momento de “desincompatibilização” entre decisões privadas e públicas. “As decisões de investimento não resultam imediatamente. O investimento requer decisões mais complexas, significa ampliar a capacidade de produção”, afirma.

Ele vê Lula como um “estrategista”, do ponto de vista da política de juros, que em seu governo teve redução gradual. Não adiantaria uma queda dramática, diz ele, se não houvesse alternativas de deslocamento dos recursos “financeirizados” para a produção, com o Estado criando condições para o investimento. Mudanças, sublinha, em uma nova realidade política, dentro da democracia e com uma nova maioria. “O investimento financeiro está perdendo para o investimento produtivo”, reafirma Pochmann. “Estamos voltando a ter capacidade de fazer política macroeconômica e industrial.”

Dilma compara novo programa à abertura dos portos em 1808

Presidenta anunciou investimentos de R$ 54 bilhões e série de medidas para atrair iniciativa privada

 

Por: Júlia Rabahie, da Rede Brasil Atual

 

Dilma compara novo programa à abertura dos portos em 1808

A presidenta apontou a necessidade de maior movimentação de cargas envolvendo menores tarifas.

(Foto:Wilson Dias/ABr)

São Paulo – A presidenta Dilma Rousseff comparou o programa de investimentos no setor portuário, lançado hoje (6) em Brasília, à abertura dos portos promovida por D.João VI em 1808, no tempo do  Brasil Império.

“Temos relação especial com os portos desde D. João VI, o processo de abertura vem seguindo ao longo dos tempos”, afirmou ela durante a cerimônia.

Ela reafirmou a importância de eliminar as barreiras de entrada de investimentos privados no setor. “Queremos também diminuir as barreiras de entrada. Em 1808, o que estava em questão era o monopólio colonial. Agora a questão é aumentar a competitividade e buscar o maior número de parceiros possíveis.”

Entre as ações anunciadas por Dilma, para alcançar esse objetivo, O plano anunciado pela presidenta tem o objetivo de atrair mais investimentos privados ao setor. Entre ações, estão a centralização do planejamento na Secretaria de Porto da Presidência da República, o aprimoramento do marco regulatório e o lançamento de novas concessões e arrendamentos.

O governo pretende aplicar R$ 54,2 bilhões até 2017. Segundo o ministro da Secretaria de Portos, José Leônidas Cristino, serão R$ 31 bilhões em 2014 e 2015 e R$ 23,2 bilhões em 2016 e 2017.

A prioridade ressaltada por Dilma foi a maior movimentação de cargas com as menores tarifas possíveis, para que a eficiência dos portos se torne maior.

“O volume de cargas movimentadas é a nossa orientação e por isso queremos que se dê de forma diferente, utilizando os menores custos possíveis.” A importância dos portos para o comércio do país também foi lembrada pela presidenta. “Os portos brasileiros são responsáveis por 95% do fluxo de comércio exterior no País, o que mostra uma importância muito grande como elo da cadeia logística”.

Na questão do planejamento, Dilma afirmou que é necessário pensar num tipo de planejamento fortalecido, centralizado e integrado com outros áreas de transporte comercial. “Não podemos pensar o porto sem pensar em outros modais, como o ferroviário e o rodoviário. Eles têm de estar integrados.”

O aprimoramento do marco regulatório portuário foi colocado como medida que visa a maior atração por parte de investidores no setor. “Para que os investimentos prosperem precisamos oferecer segurança jurídica nos contratos vigentes. As mudanças no marco têm como objetivo criar regras claras e precisas para atrair a iniciativa privada.”

A parceria entre o estado e a iniciativa privada foi lembrada como necessária e rentável para todo o país. “O programa é um convite para empresas investirem na modernização do setor portuário em parceria com estado, com regras transparentes e boa possibilidade de rentabilidade. Portos mais eficientes são fundamentais para o desenvolvimento do nosso país.”

O Brasil cresceu em ritmo chinês e ninguém festejou

Por Rolf Kuntz

A economia brasileira cresceu em ritmo chinês em junho, a julgar pelo índice de atividade calculado mensalmente pelo Banco Central, o IBC-BR, considerado uma prévia do cálculo oficial do produto interno bruto (PIB). Se a taxa de 0,75% fosse acumulada em 12 meses, o resultado seria uma expansão de 9,38%, mas os jornalistas parecem haver esquecido de fazer essa conta. Preferiram concentrar-se na avaliação das perspectivas deste ano, reproduzindo as opiniões de vários entrevistados.

Segundo esses especialistas, dificilmente o crescimento de janeiro a dezembro de 2012 chegará a 2%. Eles parecem estar certos, mas uma análise daquele resultado mensal poderia proporcionar informações interessantes. O ponto de partida muito baixo, depois de uma fase de estagnação, é obviamente parte da resposta, mas a explicação completa envolveria outros fatores. Primeira pergunta: quais foram os setores mais dinâmicos?

Seria instrutivo combinar a informação do BC com os dados do IBGE e de outras fontes a respeito de consumo, criação de empregos e atividade industrial. Isso daria mais solidez a qualquer discussão sobre as perspectivas da economia até o fim do ano e – mais importante – sobre as possibilidades dos próximos anos. Afinal, essa é uma das preocupações evidenciadas pela decisão do governo de envolver o setor privado, mais amplamente, nos planos de expansão e de modernização da infraestrurura.

Posição pragmática

O Brasil passou o Cabo da Boa Esperança e retomou o crescimento, disse na sexta-feira (17/8) o ministro da Fazenda Guido Mantega, comentando os últimos dados de conjuntura ­– criação de cerca de 142,5 mil empregos formais em julho, expansão de 0,5% nas vendas do varejo em junho, e o aumento da atividade apontado pelo IBC-BR. Mas as perspectivas de médio e de longo prazos envolvem questões mais complicadas. O plano de investimentos em logística lançado pelo governo pertence a esse capítulo, assim como a promessa de redução de encargos sobre a energia elétrica.

Todos os jornais classificaram como privatização – ponto destacado na primeira página – a convocação do setor privado para o plano de rodovias e ferrovias. O apelo ao capital e à competência administrativa dos grupos particulares é inegável, assim como o emperramento das obras previstas no Plano de Aceleração do Crescimento (PAC). Mas discutir se concessão é uma forma de privatização é pouco relevante. Do lado da imprensa, foi uma picuinha. Do lado do governo, uma tentativa de marcar posição e, acima de tudo, uma satisfação aos companheiros de ideologia.

As novidades mais importantes eram outras. Uma delas, obviamente, foi a decisão de retomar as concessões e de recorrer às parcerias público-privadas (PPPs). Foi o afrouxamento de uma restrição política, em troca de uma posição mais pragmática. Outra mudança relevante foi a ênfase em ações de maior alcance, num esforço para garantir o crescimento no médio e longo prazos. A presidente Dilma Rousseff chamou a atenção para essa nova ênfase na ação de caráter estrutural.

História distinta

No dia seguinte, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior Fernando Pimentel afirmou a existência de uma política industrial e de uma agenda voltada para o problema da competitividade. Essa afirmação seria uma redundância, até engraçada, se a existência dessa política estivesse acima de qualquer dúvida séria. A intervenção do ministro Pimentel, geralmente silencioso e pouco presente nos debates políticos mais importantes, foi uma resposta aos críticos do Plano Brasil Maior, mas até esse comentário foi menosprezado pelos jornais. O ministro Pimentel continua uma figura praticamente ignorada, quando se discute política econômica.

O Valor publicou, na edição de sexta-feira (17), uma reportagem sobre quem aconselha a presidente Dilma Rousseff na formulação dos novos pacotes de infraestrutura. As figuras importantes, segundo o jornal, são o secretário do Tesouro Arno Augustin, o presidente da Empresa de Trens de Alta Velocidade Bernardo Figueiredo, a chefe da Casa Civil Gleisi Hoffmann, o advogado geral da União Luís Inácio Adams e o ministro dos Transportes, Paulo Passos.

Esse esforço para dar cara aos formuladores de políticas e contar como se tomam as decisões tem sido raro na imprensa. De vez em quando aparece uma boa história desse tipo, mas, de modo geral, as decisões são noticiadas como se houvessem resultado de um debate com a participação de um colegiado bem conhecido e burocraticamente organizado.

Com frequência a história verdadeira é muito diferente, como sabe qualquer repórter com alguns anos de experiência. Quando se trata de contar como funcionam de fato as máquinas administrativas – públicas e privadas – o velho jornalismo continua imbatível.

***

[Rolf Kuntz é jornalista]

Noroeste Paulista, Araçaruba – Inauguração da Havan está prevista para 26 de maio

Vania Grossi

O diretor-presidente do grupo Havan, com sede em Brusque, Santa Catarina, Luciano Hang, esteve ontem em Araçatuba para apresentar ao prefeito Cido Sério (PT) e à comunidade empresarial local o projeto da unidade da Havan que está sendo construída na cidade. As obras tiveram início em fevereiro e, segundo Hang, devem ser concluídas no dia 26 de maio, quando será inaugurada. A loja de Araçatuba é a segunda da rede no Estado de São Paulo. A primeira filial foi inaugurada em janeiro deste ano na cidade de Presidente Prudente.”Procuramos investir em cidades que estão de braços abertos para o desenvolvimento. Por isso optamos por Araçatuba para receber a segunda loja”, afirmou o diretor-presidente do grupo Havan. A unidade de Araçatuba está sendo construída em uma área de mais de 10 mil metros quadrados, às margens da avenida dos Araçás, região central da cidade.

No começo do mês passado, a empresa NB Terraplenagem deu início ao trabalho de limpeza e terraplenagem do local. Nesta semana, começaram a ser instaladas as primeiras estacas do prédio de dois andares. O investimento da rede na cidade deve ser superior a R$ 20 milhões. “Nós não viemos para Araçatuba para dividir, viemos para somar. Queremos atrair para a cidade a população de toda a região”, emendou Luciano Hang.

Durante a construção do prédio deverão ser gerados 300 empregos indiretos. Após a conclusão da obra, Hang acredita que inicialmente outros 200 empregos diretos serão gerados.

A Havan abriu um banco de talentos para que os interessados em trabalhar na unidade local possam encaminhar currículos. Atualmente a rede de lojas de departamentos possui 36 filiais e pretende inaugurar mais 14 durante o ano de 2012, finalizando o ano com 50 lojas em diversos estados do Brasil.

O secretário de Desenvolvimento Econômico, Carlos Farias disse que a Havan chega a Araçatuba num dos melhores momentos econômicos da cidade dos últimos anos. “Araçatuba ganha um presente marcante para sua história”, disse Farias se referindo à vinda da Havan para o município.

ESTRUTURA
Segundo Luciano Hang a Havan de Araçatuba terá dois pavimentos. O primeiro será exclusivo para o estacionamento, todo coberto, e o segundo andar reservado somente para a área de compras, totalizando aproximadamente 10 mil metros quadrados de área construída. A ligação entre um andar e outro será feito por meio de escada rolante. A fachada do prédio será toda de vidro, com visão para a avenida dos Araçás. O mesmo prédio irá abrigar uma cafeteria. Serão comercializados aproximadamente 100 mil itens nacionais e importados. Hoje, a Havan possui 20 lojas em Santa Catarina e 17 no Paraná. A previsão do grupo é fechar o ano de 2012 com 50 lojas em funcionamento.

DEPARTAMENTOS
Conforme material divulgado pela assessoria de imprensa do grupo, a Havan é apontada como a maior rede de lojas de departamentos do Brasil, com matriz na cidade de Brusque/SC . As 38 lojas juntas geram cerca de 6 mil empregos.

Dilma: ‘vamos defender a indústria brasileira’

Em entrevista concedida ao jornalista Luis Nassif, a presidenta Dilma Rousseff diz que a preocupação número um do governo, daqui para diante, será com o tsunami monetário e os riscos que traz para a indústria brasileira. “As condições do mercado mudaram”, avisa. “Se perguntar hoje qual é o maior cuidado do governo, respondo: é acompanhar como o Brasil se defende dessas políticas que são abertamente protecionistas praticadas pelos governos desenvolvidos”.

Luis Nassif
(*) Publicada originalmente no Blog de Luis Nassif

Quem imaginava uma presidente emocionalmente abalada, depois de chorar em público pela saída de um assessor, pode desistir. A Dilma Rousseff que entrou no salão do Palácio Alvorada para tomar café vinha lépida, feliz, rejuvenescida e entusiasmada pela visita a Hannover, Alemanha, para participar da Feira de Tecnologia.

Lá, conferiu os stands alemães, quase todos apenas com filiais de empresas coreanas.

Depois, os brasileiros, com sistemas criativos, inovadores. “Todo mundo tinha coisa bem legalzinha”, conta a mineira Dilma, Entusiasmou-se com o sistema de controle de voo da Embraer, com a apresentação de Marcos Stefanini, de uma empresa brasileira de TI, que mostrou o grande diferencial brasileiro: jeitinho, criatividade.

Foram 90 minutos de entrevista, interrompida por um telefonema de Lula que mostrou ter recuperado a voz.

A seguir, os trechos principais da entrevista. Nela, diz que a preocupação número um do governo, daqui para diante, será com o tsunami monetário e os riscos que traz para a indústria brasileira. “As condições do mercado mudaram”, avisa ela. E analisa também as marolas em torno da suposta crise da base política.

Como os países ricos estão tratando a crise

É importante analisar como os países ricos tratam a crise.

Comecemos pelos Estados Unidos. O governo Barack Obama assumiu que queria política de crescimento imediato e correção de rumos fiscais no médio prazo. O problema foi a derrota no Congresso que o obrigou a optar pelo “quantitative easy” (programa de expansão monetária). Empurraram a crise com a barriga, aumentaram a quantidade de dinheiro nos bancos, mas não rolaram as dívidas das famílias, o que poderia ter destravado o mercado interno. Só agora nas eleições, depois de quatro anos de crise, começam a rolar as dividas das famílias.

O “quantatitve easy” é um mix de política macro, com taxas de juros lá embaixo, expansão monetária acelerada e segurar o lado fiscal. É evidente que por trás dela há a intenção de desvalorizar o dólar e melhorar o emprego interno.

O governo Obama foi levado a isso politicamente.

No caso da Europa, não: optaram por isso. O último relatório do BIS (o banco central dos bancos centrais) mostra que a estratégia visa dois objetivos principais: impede a crise bancária e ganha tempo para dois mecanismos: desvalorizar o euro e jogar a conta sobre países emergentes que têm câmbio flutuante. Mas, por outro lado, pode estar criando uma enorme bolha monetária.

Não há unanimidade no governo alemão com respeito ao tamanho da liquidez. Para eles foi importante para evitar um Lehman Brothers alemão, mas só isso. Não existe unanimidade na Alemanha sem sobre isso nem em relação à Grécia.

Por trás da expansão da bolhas, há um medo da inflação, pelo histórico alemão com a hiperinflação. Medo que nós compartilhamos.

A arbitragem com países de câmbio flutuante

No filme “Muito Grande para Falir”, na cena final o Secretário do Tesouro Paulson pergunta a Ben Bernanke se estava satisfeito com o fato dos grandes bancos terem absorvido os empréstimos para rolar dívidas. Bernanke, quieto, responde: não tenho certeza se eles vão emprestar. De fato, não emprestaram: uma parte ficou depositada no próprio FED, outra parte foi devolvida.

No caso da Europa, são um trilhão de euros emprestados a 1% ao ano, que em breve entrarão na ciranda financeira. Irão investir em títulos da Itália e Espanha, aumentando sua exposição? Não: virão fazer arbitragem aqui e em outros países. Tem uma enorme bolha a caminho.

O problema é que essa desvalorização cambial artificial é a forma de protecionismo mais feroz que se tem. Há um discurso dos países centrais, de que são defensores do livre comércio. Mas praticam o protecionismo mais feroz que se tem. E essa desvalorização artificial da moeda não está regulada pela Organização Mundial do Comércio (OMC). Então não venham reclamar de algumas medidas absolutamente defensivas que o Brasil toma.

Hoje em dia, via tsunami monetária, está em curso no mundo a prática das desvalorizações competitivas, o que se chama de “empobreça seu vizinho”.

É uma situação esquizofrênica na Europa, que não consegue uma solução de crescimento.

Muitos países estão com graus de desemprego do ponto de vista política incompatível com sistemas democráticos abertos. A dívida grega não é financiável, assim como a de Portugal. Como conviver com nível de desemprego que chega a atingir 45% dos jovens? Destrói o tecido social, tira das pessoas a esperança.

A estratégia brasileira

No Brasil, vamos ter que perceber duas coisas:

Primeiro, as condições do mercado internacional mudaram. Estamos vivendo situação diferenciada. Não se pode perder a consciência do tsunami monetário. Tem que fazer avaliação sobre as estratégias a serem tomadas, e não se faz de forma abrupta e apaixonada. Com muita cautela, frieza, tranquilidade, iremos acompanhar o desenrolar da situação e tomar as medidas cabíveis.

Não tenho como adiantar as medidas cabíveis, mas para o governo brasileiro esta é a questão principal.

Se perguntar hoje qual é o maior cuidado do governo, respondo: é acompanhar como o Brasil se defende dessas políticas que são abertamente protecionistas praticadas pelos governos desenvolvidos.

A necessidade do investimento no Brasil

A própria China está promovendo uma transição do modelo de exportações para o mercado interno. Não vão parar de importar, mas irão se situar de forma diferente no mundo.

Por todas as manifestações que lemos: acho que os chineses se sentiram muito fragilizados diante da crise dos seus maiores mercados. Não podem mais confiar só no mercado externo.

Wen Jiabao disse que o modelo era desequilibrado, insustentável (usa quatro adjetivos): eminentemente desequilibrado: levará a impasses que terão que ser resolvidos.

A China caiu na armadilha do sobre investimento elevado, o que cria rigidez econômica muito forte. Agora, tentam fazer a versão.

No Brasil, anda estamos na fase de acelerar investimento. Em breve pretendo fazer uma reunião pessoal com os maiores empresários do país sobre a questão do investimento, Uma parte da decisão depende da expectativa, do que Delfim gosta de chamar de “espírito animal”. O Brasil oferece todas as condições.

Em todos os lugares que vamos são as mesmas avaliações dos empresários internacionais. No último dia na Alemanha tivermos reunião com Angela Merkel na ABDI (o equivalente à nossa Confederação Nacional da Indústria).

A reunião foi para que nos falassem como pretender investir no Brasil. Havia uma porção de setores, quase uma rodada de negócios. E todos eles vinham, diziam que tinham empresa tal, na área tal, e todo interesse em investir no Brasil. Hoje em dia a maior parte da população alemã é de aposentados e crianças. E o Brasil tem o bônus demográfico. Eles olham para isso, para nosso mercado, para a estabilidade macroeconômica e política, para nossa tradição de respeitar contratos.

Revertendo a queda na indústria

Aqui não temos dúvida de que a economia mundial caminha para recessão com excesso de liquidez. A China reduzirá crescimento para 7,5% com a clara intenção de reverter o modelo para dentro. Outros grandes países vão perseguir esse fortalecimento do mercado interno, com, a possível exceção da Índia, que tem um déficit externo muito complicado.

Temos que ter consciência disso.

A situação atual não é a mesma de 2011. Nós tínhamos absorvido a expansão monetária dos Estados Unidos que de uma forma ou outra foi encaixada. Agora é absolutamente diferente, é recessão com uma gigantesca expansão monetária acumulada e uma tendência a uma volta aos mercados domésticos.

Vamos ter uma política clara em relação ao Brasil, da qual o melhor exemplo é a revisão do acordo automotivo com o México. Foi feito em 2002, em outra conjuntura, na qual cabia o acordo. E está em vigor até agora, em condições não adequadas ao Brasil.

O Brasil vai institucionalmente tomar medidas para garantir que nosso mercado interno não seja canibalizado. Tem queda na indústria, mas dá para reverter. Não daria se deixássemos continuar por dois, três anos. Agora dá e vamos fazer o possível e o impossível para defender a indústria nacional.

O papel da redução dos juros pelo BC

A redução dos juros, pelo Banco Central, não é só para esquentar a economia brasileira. Cumprimento o BC porque a intenção maior é equilibrar a taxa interna com a internacional. Hoje em dia esse diferencial é responsável pela maior arbitragem que existe no mundo.

Iremos fazer isso sem comprometer a luta contra a inflação.

O fantasmas das falsas crises políticas

Existe uma forma quase fantasmagórica de cobrir a política. A imprensa vem falando em crise com a base aliada. Não existe crise. Os conflitos – que sempre existirão – tem a ver com os processos pelos quais exercemos o nosso presidencialismo. Tem que ser de coalizão, mas não deixa de ser presidencialismo.

No caso do Brasil, alcançamos grande maturidade nas relações executivo-legislativo e executivo-judiciário. Podemos nos vangloriar de ter certa estabilidade.

Por aqui seria inconcebível uma relação Executivo-Congresso do tipo democrata-republicano As diferentes opiniões que se estruturam dentro da sociedade brasileira não permitiriam isso.

Temos tradição de sermos obrigados, como políticos que somos, a olhar o interesse de todos: o que nos EUA às vezes me parece que não é o caso.

Ninguém aqui pode durante muito tempo só defender seus interesses específicos sem que haja reação da parte da sociedade.

É sempre bom que tanto Executivo quanto Legislativo e Judiciários saibam que essa é exigência de postura de todos: presidentes, ministros, deputados, senadores e juízes. Esse é aspecto importante da nossa democracia e explica também porque, mesmo tendo eleições bastante atritadas, em alguns casos até duras, logo depois da eleiçao há como uma pacificação geral

Ai do presidente que não falar em nome de todos os brasileiros e brasileiras. Em outros países do mundo não se vê isso

Ao lado da coalisão há questão do interesse de todos, balanço do presidencialismo que fala em nome de todos e coalisão que são interesses partidários. É normal que se reivindique e se debata. É intrínseco a esse processo.

E partidos não podem arcar com ônus de inviabilizar acordos: são partes do acordo. Quando votam contra governo, são pontos muito específicos. Não tem desvio, conduta inadequada: que eles façam assim é da regra do jogo, que façamos de outro é da regra do jogo.

2011, o primeiro ano de Dilma

por Paulo Passarinho, publicado originalmente pela Fundação Lauro Campos.

O início do ano que se encerra foi o primeiro da gestão de Dilma Rousseff, como presidente da República. A herdeira de Lula e principal auxiliar do ex-presidente enfrentava em janeiro passado dois temores: o que se chamava de recrudescimento inflacionário e um processo de forte valorização do real.

O ano de 2010 havia terminado com um expressivo crescimento do PIB – acima de 7,5% – por conta de um conjunto de medidas que havia sido tomado pelo governo, como resposta à retração econômica experimentada pelo país em 2009. O recuo do PIB naquele ano se deu por força da crise internacional e, também, pela demora do Banco Central, ainda em 2008, em reduzir a taxa básica de juros, o que somente ocorreu já em 2009.

A retração de 2009 e a adoção de medidas anticíclicas, junto com a liberação de recursos públicos no ano eleitoral de 2010, ajudam, portanto, o desempenho da economia brasileira, em termos do comportamento do PIB. Contudo, é neste contexto que sinais vermelhos se acendem para o novo governo. O desempenho das exportações e a entrada maciça de recursos externos no país contribuem para a valorização do real frente ao dólar. Se este é um processo que acaba por contribuir para atenuar as pressões inflacionárias, o forte crescimento das importações faz com que o saldo da balança comercial sofra igualmente uma indesejável redução. E esse é um processo que não interessa ao governo. Com a desnacionalização do aparato produtivo brasileiro, com a abertura financeira que temos e com o processo de endividamento externo das empresas privadas nossa conta de serviços é crescentemente deficitária. A obtenção de saldos comerciais, em um quadro como o descrito, torna-se essencial, como forma de administrar o balanço de pagamentos e sua dependência de atração de recursos pela conta de capital – o que apenas faz com que nossos passivos com o capital externo se elevem.

Frente a esse quadro, medidas macro prudenciais, particularmente relacionadas à área fiscal e ao fluxo de capitais externos (embora de forma muito tímida) foram adotadas, ainda mesmo antes da posse de Dilma. Já em janeiro, o ano se inicia com fortes medidas de controle sobre o orçamento e um processo de alta da taxa Selic, além de uma organizada resistência dentro do Congresso, para se evitar qualquer surpresa na definição do valor do salário mínimo, que acabou ficando em R$ 545,00, conforme vontade do Palácio do Planalto.

A palavra de ordem do novo governo era desacelerar o crescimento. Segundo Guido Mantega, o objetivo do governo seria diminuir o ritmo de crescimento da atividade econômica, sem, contudo, abortá-lo. A maior preocupação era, naquele momento, com os efeitos da sobrevalorização do real, suas conseqüências sobre o ritmo das importações, e o temor com a inflação. Mesmo com o bom desempenho das exportações, tanto em termos de volume quanto em relação aos preços das commodities agrícolas e minerais, a velocidade com que as importações cresciam levava a projeções que apontavam o risco de voltarmos a ter um resultado negativo da balança comercial, em 2012. O que não deixa de ser uma ironia e um paradoxo: afinal, para um Brasil que em boa parte do século XX cresceu a taxas muito elevadas e de forma continuada, agora, em plena era de um suposto neo-desenvolvimentismo, um crescimento de pouco mais de 7%, em seguida a uma retração econômica, como a observada em 2009, assusta as autoridades e as fazem traçar metas de desaceleração do crescimento…

Entretanto, o que de fato acabou por surpreender Dilma e sua equipe econômica foi, com certeza, o recrudescimento da crise internacional e especialmente a instabilidade econômica e financeira da Europa. Desse modo, depois de elevar a taxa básica de juros ao longo de todo o primeiro semestre, ao final de agosto o Banco Central se vê obrigado a inverter a mão e dar início a um processo de paulatina redução da taxa Selic.

De janeiro a julho, a taxa de juros básica foi elevada por cinco consecutivas vezes, chegando a 12,5% ao ano (em dezembro de 2010, a taxa Selic era de 10,75%). Agora, em dezembro, o Copom definiu a taxa básica em 11% ao ano, em uma terceira redução consecutiva. A preocupação se volta, novamente, para o ritmo da atividade econômica. Porém, em um sentido inverso daquele manifesto no início do ano. No terceiro trimestre do ano, a economia ficou estagnada em relação ao desempenho do segundo trimestre. Na comparação com o mesmo trimestre do ano passado, o crescimento foi de 2,1%, muito abaixo de países como a Índia (6,9%) ou a China (9,1%).

Fica claro, desse modo, que a administração macroeconômica continua refém do curto-prazo e tem como objetivo a busca de condições para a manutenção do modelo em curso, baseado no tripé câmbio flutuante/ metas de inflação/ superávit fiscal.

A aposta no mercado externo para o fechamento das nossas contas externas depende cada vez mais da dinâmica e da demanda asiática, e chinesa, por nossas commodities agro-minerais. O endividamento em títulos da União; em dólares, pelas grandes empresas, e em reais, pelas famílias, continuam em curso. E, é bom lembrar, nem a inflação, nem a sobrevalorização do real se transformaram nos bichos-papão apontados inicialmente.

No plano produtivo, o que voltamos a destacar é a forma como continuamos a assistir a entrada do capital estrangeiro e seu predomínio nos mais diferentes setores da economia, particularmente nas aquisições de terras, como reserva de valor ou em investimentos vinculados à produção de etanol e à atividade agropecuária voltada à exportação.

Pela intensa badalação que a mídia dominante, de dentro e de fora do país, assim como círculos de pressão e formação de opinião vêm fazendo em relação ao nosso país, tudo indica que o Brasil é a estrela econômica da vez. Ao menos durante esse ciclo, onde nosso país estará sediando eventos como a Copa do Mundo e as Olimpíadas. Da mesma forma que, em passado não muito recente, países como o México e a Argentina já foram apresentados como sucessos pela chamada comunidade financeira internacional.

Espero apenas que o nosso destino não nos seja tão cruel.

Paulo Passarinho é economista

Brasil bate recorde de exportações: US$ 250,3 bi

 

Volume de vendas externas entre 1º de janeiro e a quarta semana de dezembro é 24% superior ao do ano passado; variação em moeda é de US$ 48,4 bilhões a mais; saldo na balança comercial está positivo em US$ 26,8 bilhões.

Agência Brasil_ As exportações brasileiras ultrapassaram, pela primeira vez, a marca de US$ 250 bilhões neste ano, segundo dados divulgados hoje (26) pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. O volume recorde de US$ 250,3 bilhões, registrado entre janeiro e a quarta semana de dezembro, é 24% superior ao observado em todo o ano passado, que havia sido de 201,9 bilhões.

A corrente de comércio (soma das exportações com as importações), de janeiro até a quarta semana de dezembro, chegou a US$ 473,8 bilhões, volume também recorde, que é 23,5% superior ao registrado em todo o ano de 2010 (US$ 383,6 bilhões). O saldo da balança comercial (diferença entre exportações e importações) neste ano é positivo em US$ 26,8 bilhões.

Apenas na quarta semana de dezembro (período de 19 a 25 deste mês), o Brasil exportou US$ 5,29 bilhões e importou US$ 4,55 bilhões, o que resultou num saldo positivo de US$ 740 milhões.

No acumulado do mês de dezembro, a balança comercial soma um saldo positivo de US$ 870 milhões, com US$ 16,4 bilhões em exportações e US$ 15,5 bilhões em importações.

Postado originalmente em  O TERROR DO NORDESTE

O tratado de livre-comércio de Mercosul e Palestina

Por ramalhino

De EFE / Terra

Mercosul e Palestina assinam tratado de livre-comércio

O Mercosul e a Palestina assinaram nesta terça-feira um tratado de livre-comércio durante a cúpula de chefes de Estado do bloco em Montevidéu, no que constitui o primeiro acordo deste tipo de um organismo de integração com esse território.

O acordo foi assinado em Montevidéu pelos ministros das Relações Exteriores dos quatro países-membros do bloco: Antonio Patriota (Brasil), Luis Almagro (Uruguai), Jorge Lara Castro (Paraguai) e Héctor Timerman (Argentina), e pelo chanceler palestino, Riyad al-Maliki.

No evento, transmitido pelo circuito fechado de televisão da cúpula, estavam presentes os presidentes das nações do bloco: Dilma Rousseff (Brasil), Cristina Kirchner (Argentina), José Mujica (Uruguai) e Fernando Lugo (Paraguai). Também compareceu ao evento o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, e pelo chanceler do país, Ricardo Maduro.

O tratado tem importância mais política do que econômica, dado o baixo intercâmbio comercial entre as duas partes. Ele representa uma cópia do convênio assinado entre Mercosul e Israel em 2007, que entrou em plena vigência neste ano.

Esse tratado representa mais um passo no apoio da região ao estabelecimento de um Estado palestino, depois que os quatro países do grupo o terem reconhecido como tal entre dezembro de 2010 e março deste ano.

Al Maliki agradeceu aos países do Mercosul “em nome do povo palestino, que está desenhando seu lugar no mapa através do reconhecimento dos países”. “Esperamos que (os países do Mercosul) possam nos ajudar a acabar com o sofrimento do povo palestino e a levar adiante um acordo de paz entre Palestina e Israel”, destacou o ministro.

Segundo a Associação Latino-Americana de Integração (Aladi), exceto pela Argentina, os países do Mercosul praticamente não têm intercâmbio comercial com a Palestina.

Publicado por Luiz Nassif Com informações da AFP.

Dilma no Financial Times: China e EUA não perdem por esperar

 

 

Chega de manipulação cambial

Da amiga navegante Fávia:

PHA,


Financial Times traz excelente página escrita pela Dilma.


http://www.ft.com/intl/cms/s/0/8871a370-e2aa-11e0-897a-00144feabdc0.html#axzz1YgU3A0qw


E aparece ela na capa do jornal…


Deu uma aula de economia…

Navalha

A Presidenta reafirma no artigo o que disse na ONU.

O Brasil não vai ficar parado à espera da manipulação cambial da China e dos Estados Unidos.

O Brasil vai reagir.

Se é que já não começou a reagir.

O Financial Times é o principal jornal de Economia da Europa, ilimitadamente conservador.

Veja aqui a entrevista em portugues>>Artigo-DILMA FT-Português

Amigo navegante, faça como a navegante Flávia: jogue o PiG (*) no lixo.

 

Paulo Henrique Amorim

(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

Países do Bric são cada vez mais a locomotiva da economia mundial

As economias do Brasil, da Rússia, da China e da Índia cresceram nos últimos anos bem mais do que as dos países industrializados. Já em 2015 elas terão um papel no mercado mundial comparável ao das nações ricas.
Publicado originalmente em DefesaNet

Líderes da Índia, da Rússia, da China, do Brasil e da África do Sul em encontro do Bric

Os tempos são de grande insegurança para a economia mundial: os mercados de capitais enfrentam altos e baixos, os Estados Unidos e os países europeus sofrem com as próprias dívidas, a economia norte-americana está desacelerando e as economias da Europa – excetuada a alemã – tampouco inspiram otimismo em relação ao futuro.

Será uma nova recessão global que se anuncia? Na visão do economista Michael Hüther, diretor do Instituto da Economia Alemã (IW, na sigla original), isso dependerá de forma decisiva de como os assim chamados mercados emergentes vão se desenvolver, em especial os do grupo Bric (Brasil, Rússia, Índia e China).

Caso não tenham que encarar convulsões ou crises mais graves em nível nacional, esses países serão os gigantes econômicos de amanhã. “E isso num prazo não muito longo”, avalia Hüther. Já em 2015, as quatro nações serão responsáveis por quase 30% do desempenho econômico global, superando, de longe, a zona do euro. “Esta ficará com apenas 13%. Em 1995 estávamos em 20%.”

Locomotivas de crescimento

Com seu poder de propulsão, os países emergentes podem se tornar uma locomotiva de crescimento para a economia global, pois compram cada vez mais produtos em todo o mundo e investem fortemente em infraestrutura. Já no período de 2002 a 2010, os Bric contribuíram com 12% a 21% do crescimento internacional das importações, suplantando assim os EUA – exceto nos anos 2004 e 2005.

A China tem uma participação decisiva nessa dinâmica. O país é responsável por mais de 60% do crescimento das importações globais. “No entanto é preciso notar que a parcela dos outros três Estados do Bric é cada vez maior. O impulso vem, sobretudo, da Índia e da Rússia”, registra o economista do IW.

Já no próximo ano os quatro grandes emergentes estarão investindo em sua infraestrutura quase tanto quanto os países industrializados. Um fato tão mais notável considerando-se que dez anos atrás o volume de investimentos das nações industrializadas era mais de quatro vezes superior.

A Alemanha, que tem uma economia voltada para as exportações, é um dos países que mais se beneficiam dessa tendência.

Exportações e também investimentos

Nos últimos anos aumentou drasticamente a importância dos emergentes como parceiros econômicos da Alemanha. Enquanto as exportações alemãs cresceram um total de 21% entre 2005 e 2010, as vendas para o Brasil, Rússia, Índia e China galgaram respeitáveis 107% no mesmo período.

Segundo Hüther, os setores de exportações tradicionalmente fortes da Alemanha são justamente os mais atraentes para o Bric. “Cerca de 30% de todas as mercadorias compradas da Alemanha pelos Estados do Bric provêm do setor de maquinaria, 22% do de veículos, 17% da indústria elétrica e 15% da química.”

Em 2010 as empresas alemãs exportaram um total de 100 bilhões de euros para os países do Bric, um terço a mais do que as entregas para os Estados Unidos. Contudo, não é apenas através das exportações que o empresariado alemão pretende lucrar com o boom dos países emergentes.

Como demonstra uma enquete realizada pelo Instituto da Economia Alemã no segundo trimestre deste ano, as firmas nacionais estão cada vez mais interessadas em investir nos países em questão. Até 2015, mais de 20% de todos os investimentos da Alemanha no exterior deverão estar fluindo para Brasil, Rússia, Índia e China.

Autoria: Sabine Kinkartz (av)
Revisão: Alexandre Schossler

Um olhar diferente sobre a mesma matéria

Estudo alemão aponta que Brics deve superar os EUA e a Europa http://t.co/SgU9v9L

CNI aprova medida do governo brasileiro

O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson de Andrade, considera que a suspensão das licenças automáticas para entrada de veículos é “correta e prudencial”.

Analistas de comércio exterior já vinham apontando o descontentamento da indústria automobilística nacional com a entrada de carros asiáticos, com valores menores dos que os praticados no mercado brasileiro.

“Apoiamos e aplaudimos essa medida, pois está no caminho certo. Não é uma questão voltada para a Argentina, é questão de proteger e de dar isonomia para o mercado brasileiro e para a indústria brasileira com relação ao resto do mundo. A medida não afeta apenas as importações da Argentina”, lembrou o presidente da CNI.

Fonte: Brasília Confidencial

Nas fórmula da USP, etanol deveria estar a R$ 1,71. Agora, a Petrobras intervirá, Que dirá o “mercado”? (via blogdobrizolaneto)

Como é que os nossos “libertistas de mercado” vão reagir à notícia que o Governo vai fazer a Petrobras, através da BR Distribuidora, forçar o mercado de etanol a voltar para patamares de preço razoáveis? Será que vão ter a coragem, diante das classes médias – agora “turbinadas” pela imensa ascenção social do segundo governo Lula – de ir para a tevê e os jornais dizerem que estamos quebrando os do altar do capitalismo ao usar o Estado e suas empresas para intervir no mercado e…baixar preço?

Ora, a liberdade de mercado é um valor que está longe de ser absoluto, e faz muito tempo. A fixação de limites para isso  tem mais de um século, e nasceu com a primeira lei antitruste dos  EUA, o Sherman Act, que veio justamente para proteger o mercado contra o poder de uma petroleira, a Standart Oil.

O que está acontecendo é absolutamente natural e intríseco à lógica pura de mercado. A demanda por combustível é não é elástica ao ponto de fazer com que, com o alto preço, as pessoas deixem de comprar ou adiem a compra, forçando a baixa. Pode cair, sim, mas os tanques de estocagem estão vazios, pelo início de safra e, como admitem os próprios analistas desse mercado, como admitiu ontem, no Valor Econômico, a pesquisadora do Cepea-USP, Mirian Bacchi, que montora estes preços: “diversos grupos estão acelerando a moagem, especialmente aqueles que precisam de caixa depois da entressafra. Algumas unidades precisam de dinheiro para pagar tributos e salários” .

Mas como é que isso pode garantir preço em baixa num setor com crescente concentração empresarial, inclusive estrangeira, como é  o da cana-de-açúcar. É evidente que os grandes complexos produtores jogam com o trinômio preço – capacidade de estocar –  fluxo de caixa. Idem, idem as grandes distribuidoras o fazem, porque são poucas e dominam o setor. E os postos, claro, depois de experimentarem ganhos maiores por litro vendido, por conta de aplicarem um percentual sobre os preços, resistem em estreitar estas margens. Em vários deles, ela chegou a 30%, quando, no ano passado, pouco passava de 10-12%.

A mesma pesquisadora do Cepea, Mirian Bacchi, publicou em 2006, no site da Unica – União dos Produtores de Cana de Açúcar de São Paulo – um cálculo do preço de comercialização, quando o preço era, na usina, de R$ 0,70 o litro.

Dizia ela:

“Suponha que o preço sem impostos do álcool na usina seja de R$ 0,70/l e que a margem total absoluta seja de R$ 0,50/l – valores reais médios aproximados dos últimos cinco anos para o Estado de São Paulo. Nesse caso, o preço cheio no varejo seria de R$ 1,20/l. Suponha que da margem absoluta total, R$ 0,28/l corresponda ao componente fixo e R$ 0,22/l ao componente variável.  Nesse caso, a seguinte igualdade seria verdadeira:

1,20 = 0,70 + 0,28 + 0,22

Portanto, o preço de comercialização seria de R$ 1,20 o litro de etanol hidratado.

Façamos agora a conta dos preços, de acordo com a fórmula da Dra. Mirian, para o preço de R$ 1,02 (arredondei para cima o R$ 1,0175 de ontem)  fechado ontem para o litro de etanol hidratado, segundo o próprio Cepea-USP no poderosíssimo entreposto de Paulínia, em São Paulo.

Corrigindo o custo fixo pelo IGP-M de janeiro de 2006 para março de 2011, aqueles R$ 0,28  passam a R$ 0,39. Os custos variáveis – impostos – não tiveram suas alíquotas mudadas e, portanto, variam na mesma proporção do produto: de R$ 0,70 para R$ 1,02 são 30% de variação. Passariam, portanto, a R$ 0,30.

Logo, a soma seria:

1,02 + 0,39 +0,30 = 1, 71

Se o distinto amigo ou amiga achar um posto de combustível vendendo etanol a este preço, abasteça e fuja rápido, porque vai ser formar um tumulto assim que a notícia se espalhar e todos os automóveis da cidade correrem para ele.

Mas não se preocupe, isso não vai acontecer.Não porque não haja, dentro da própria lógica do mercado livre, um dono de posto capaz de colocar este preço, com uns dois centavos a mais, e lucrar muito vendendo centenas de milhares de litros. Mas porque as cadeias de produção e suprimento são oligopolizadas e visam, como é natural para elas, lucros máximos. E forma, no rastro disso, uma esteira de pequenas espertezas.

Mas não é isso o que é bom para o país, nem para a sociedade. Nem bom, nem justo.

E o Estado é o único poder que se pode contrapor a isso. Seus instrumentos podem ser punitivos – e aí você se sujeita a entrar numa cadeia de autoridade-abuso-corrupção -favoritismo ou, pior, inação, como estamos vendo acontecer na ANP – ou usa a intervenção via empresas estatais.

E o nome do Estado nos combustíveis é um só, o que faz a direita tremer: Petrobras

É o que vamos ver acontecer  agora.