Jornalista denuncia “a jogada da Copa”

 

247 – Setores conservadores da sociedade brasileira, descrentes de sua capacidade de chegar ao poder pelas vias convencionais, teriam um plano: promover a “aventura catastrofista” da Copa do Mundo de 2014, no Brasil. A tese é levantada pelo jornalista Gabriel Priolli, um dos mais consagrados profissionais da televisão brasileira.

“Dias atrás, na primeira vez em que externei essa preocupação, recebi o previsível fogo de barragem. Disseram que é paranóia minha, exagero. Que as convicções democráticas da oposição e de sua mídia são inquestionáveis. E que a eleição transcorrerá dentro das regras, sem tentativas de tapetão”, disse ele. “Será mesmo? O pré-golpe de 1964, em que muitos não acreditavam que a legalidade fosse demolida, talvez nos ensine melhor sobre os métodos do conservadorismo para tomar o poder”.

Coincidência ou não, a edição da Folha deste domingo destaca uma coluna com o mote “Não vai ter Copa”, dos que pretendem tumultuar o País durante o Mundial de 2014 (leia mais aqui). Um repeteco de junho de 2013 em 2014, durante os jogos, parece ser a esperança de setores da sociedade para promover uma mudança na agenda política do País.

Abaixo, o texto de Gabriel Priolli:

A Jogada da Copa

Por Gabriel Priolli, do blog A Priolli

Seis meses depois dos protestos que tomaram inúmeras cidades brasileiras, decantadas as insatisfações apresentadas pelos manifestantes e as múltiplas soluções aventadas por todos os atores políticos para a estranha crise que se formou, temos um quadro bem claro. A maioria da população quer mudanças no país, mas prefere que elas sejam conduzidas por Dilma e não pela oposição. A presidenta lidera em todas as sondagens de intenção de voto.

Falta muito tempo até as eleições, certamente, e já assistimos a oscilações espetaculares de intenção de voto nos pleitos anteriores, inclusive candidaturas que “atropelaram” na reta final e venceram. Tudo pode acontecer, portanto, até que se proclamem os resultados. Mas, até segunda ordem, quem lidera é Dilma. A soma dos votos de seus adversários não supera os votos da candidata governista e tudo indica que a eleição será definida já no primeiro turno.

Sim, mas há um outro roteiro possível para este ano. Nele, as massas sairiam novamente às ruas em junho, em plena Copa do Mundo, e causariam tal transtorno à competição que seria impossível ignorá-las. A mídia mundial distribuiria a todo o globo imagens de multidões pedindo reformas, de black blocs destruindo seus alvos habituais e das polícias reprimindo com a cortesia conhecida.

As cenas passariam a impressão de um país sem governo e de um governo sem legitimidade – impressões absolutamente falsas. Mas o que é mesmo a verdade, nessas coisas da mídia e da enunciação de seus conteúdos?

Um governo “ilegítimo”, pressionado externamente, ficaria acuado também pelos adversários internos. Estes amplificariam ao máximo possível os protestos e tentariam conduzir a sua pauta, exatamente como fizeram em 2013. Para criar um clima de megacrise, que nenhum ponto de contato tem com o real. Mas o que é exatamente o real, quando se tem o controle do que a mídia diz sobre ele?

Quem sabe se, em meio ao eventual fiasco da Copa – corre-corre e pancadaria nas imediações dos estádios, os inevitáveis problemas organizativos amplificados ao extremo, as queixas e angústias dos turistas constrangidos pelo clima de guerra política no Brasil e, prêmio final, uma boa derrota da seleção nacional -, os eleitores não embarquem na ideia de jogar toda a culpa em Dilma? Quem sabe não escolham na urna uma alternativa de oposição?

Acumulam-se as evidências de que setores conservadores, descrentes de sua capacidade de sedução do eleitorado pelas vias convencionais, cogitam se lançar na aventura catastrofista da Copa. Pretendem que o maior evento já realizado no país fracasse espetacularmente, para o máximo constrangimento e desgaste do governo atual. Acham que colherão os louros dessa ação de lesa-pátria.

É simplesmente doentia a ideia de que, para conquistar o poder de “consertar” o país, alguém considere aceitável que a nossa imagem internacional seja destruída. Que o Brasil seja penalizado por décadas, pela “incapacidade” de realizar grandes eventos internacionais. E que isso aconteça fundamentado em mentira e manipulação da opinião pública.

Mas, infelizmente, a possibilidade é bastante concreta. Daqui até junho, provavelmente veremos novas convocatórias para que as massas voltem às ruas e façam manifestações “espontâneas”. Assistiremos à incitação explícita de atos destinados à desestabilização do governo. “Não vai ter Copa!”, bradarão outra vez os carbonários – com todas as câmeras e microfones à sua disposição.

Dias atrás, na primeira vez em que externei essa preocupação, recebi o previsível fogo de barragem. Disseram que é paranóia minha, exagero. Que as convicções democráticas da oposição e de sua mídia são inquestionáveis. E que a eleição transcorrerá dentro das regras, sem tentativas de tapetão.

Será mesmo? O pré-golpe de 1964, em que muitos não acreditavam que a legalidade fosse demolida, talvez nos ensine melhor sobre os métodos do conservadorismo para tomar o poder. E sobre como ele é campeão em destruir a democracia, para “salvá-la” da ameaça dos governos populares.

Por que deveríamos confiar agora em quem não foi confiável no passado e segue não sendo?

Por que a campanha “não vai ter Copa” é irresponsável?

Autor: Miguel do Rosário

 

turismo

 

O gráfico acima foi tirado de estudo da Fundação Getúlio Vargas em parceria com a consultoria Ernst & Young, cuja íntegra pode ser lida aqui.

Para me poupar o trabalho de resumir os números apresentados pelo estudo, transcrevo trecho de post de hoje de Eduardo Guimarães, do blog Cidadania, que já fez o serviço:

Estudo realizado pela Fundação Getúlio Vargas em parceria com a renomada empresa de consultoria Ernst & Young para o Ministério do Esporte em 2010 diz coisas muito diferentes das que vêm sendo ditas por esses embrulhões do movimento “Não vai ter Copa”.

Segundo o estudo, a Copa irá gerar R$ 183 bilhões de faturamento em um período de dez anos (de 2010 e até 2019) devido a impactos diretos – investimentos em infraestrutura, turismo, empregos, impostos, consumo – e indiretos – via circulação de todo esse dinheiro no país.

Somente em obras de infraestrutura, os investimentos deverão alcançar R$ 33 bilhões, entre estádios, mobilidade urbana, portos, aeroportos, telecomunicações, energia, segurança, saúde e hotelaria.

No turismo, os números apurados pela consultoria mostram que circularão 600 mil turistas estrangeiros e 3 milhões de turistas nacionais, aumentando em cerca de 50% o faturamento do turismo no país – de cerca de 6 para cerca de 9 bilhões de reais.

Somando empregos para trabalhadores permanentes e temporários, eles devem incrementar o PIB em R$ 47,9 bilhões.

Segundo a consultoria citada, “Os R$ 5 bilhões a serem injetados no consumo pela renda gerada por esses trabalhadores equivalerá a 1,3 ano de venda de geladeiras no Brasil ou 7,2 milhões de aparelhos”.

A expectativa é a de que a Copa crie mais de 700 mil empregos entre permanentes e temporários.

FGV e Ernst & Young ainda afirmaram que devem ser arrecadados “R$ 17 bilhões em impostos, o que representará mais de 30 vezes os R$ 500 milhões em isenções fiscais que serão concedidas à Federação Internacional de Futebol (Fifa) e empresas por ela contratadas para a realização do Mundial”.

Os tributos federais a ser arrecadados com a Copa deverão chegar a R$ 11 bilhões, deixando um saldo positivo de R$ 3,5 bilhões em relação aos investimentos federais na realização do campeonato.

Veja, leitor, o cálculo do faturamento total da Copa, segundo o estudo em tela:

“Os impactos indiretos da Copa na economia do país com a recirculação do dinheiro são calculados pelo estudo em R$ 136 bilhões, até 2019, cinco anos depois da Copa. Um impacto pós-Copa, impossível de dimensionar financeiramente transforma-se em turismo futuro. Além disso, as obras que modernizarão estádios nas 12 cidades-sedes também geram riqueza e impacto no PIB. Este valor, somado aos R$ 47 bilhões dos impactos diretos, leva aos R$ 183 bilhões que o estudo calcula que a Copa vai gerar para o país”.

Então, diante de gastos de cerca de 30 bilhões de reais para realizar a Copa de 2014 no Brasil, haverá um faturamento bruto de 183 bilhões de reais

Publicado originalmente em Tijolaço

Nota à imprensa: esclarecimentos sobre investimentos do governo federal para a Copa do Mundo

A matéria veiculada pelo Portal UOL na manhã deste domingo (23), assinada por Rodrigo Mattos e Vinicius Konchinski, distorce informações, faz relações incorretas e induz o leitor a uma interpretação errada dos fatos. Cabe esclarecer o seguinte:

– Não há um centavo do Orçamento da União direcionado à construção ou reforma das arenas para a Copa.

– Há uma linha de empréstimo, via BNDES, com juros e exigência de todas as garantias bancárias, como qualquer outra modalidade de crédito do banco. O teto do valor do empréstimo, para cada arena, é de R$ 400 milhões, estabelecido em 2009, valor que permanece o mesmo até hoje. O BNDES tem taxas de juros específicas para diversas modalidades de obras e projetos. O financiamento das arenas faz parte de uma dessas modalidades.

– Não houve qualquer aporte de recursos do Orçamento da União nos últimos anos para a Terracap (Companhia Imobiliária de Brasília). Portanto, a matéria do UOL está errada. Não há recurso algum do Orçamento da União para a obra de nenhuma das arena, o que inclui o Estádio Nacional Mané Garrincha.

– Isenções fiscais não podem ser consideradas gastos, porque alavancam geração de empregos e desenvolvimento econômico e social, e são destinadas a diversos setores e projetos. Só as obras com as seis arenas concluídas até agora geraram 24.500 empregos diretos, além de milhares de outros indiretos, principalmente na área da construção civil.

– É importante reforçar que todos os investimentos públicos do Governo Federal para a preparação da Copa 2014 são em obras estruturantes que vão melhorar em muito a vida dos moradores das cidades. São obras de mobilidade urbana, portos, aeroportos, segurança pública, energia, telecomunicações e infraestrutura turística.

– A realização de megaeventos representa para o país uma oportunidade para acelerar investimentos em infraestrutura e serviços, melhorando as cidades e a qualidade de vida da população brasileira. Os investimentos fortalecem a imagem do Brasil, de seus produtos no exterior e incrementa o turismo no país, gerando mais empregos e negócios para o povo brasileiro.

Ministério do Esporte
Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão

Preparando o segundo governo Dilma

Coluna Econômica

Nos jornais, informa-se que Dilma Rousseff já estaria montando uma equipe para começar a pensar o segundo governo.

Há um conjunto de fatores permitindo o otimismo, a começar dos seus altos índices de popularidade, as dificuldades para o fortalecimento de candidaturas alternativas. O fato de se começar a planejar o segundo governo é relevante, mesmo porque daqui até as eleições não haverá grandes definições na economia.

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Há um conjunto de problemas reais e outro ilusórios na economia.

O ilusório é a inflação. É evidente haver necessidade de manter a inflação sob controle, de perseguir uma redução – e não será com a taxa Selic que se conseguirá.

O grande desafio é o da competitividade e suas implicações sobre as contas externas e sobre o dinamismo da economia.

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O primeiro governo Dilma foi marcado por um erro inicial – a decisão do Ministro da Fazenda Guido Mantega de carregar na restrição ao crédito para enfrentar uma inflação puxada pelas cotações internacionais de commodities. A queda do PIB acabou gerando problemas de conta na implementação de medidas, tomadas de afogadilho e sem consultas maiores aos diversos setores envolvidos.

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Mas foi marcado por três feitos expressivos: rompeu-se com a chantagem da taxa Selic, tirando do patamar pornográfico dos dois dígitos; e mexeu-se no câmbio, não o suficiente para devolver a competitividade à indústria, mas suficiente para desmanchar teorias catastrofistas.

O terceiro feito foi o de ter colocado – finalmente – a produção e a infraestrutura como perna central do próximo movimento da economia brasileira.

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No entanto, tem se perdido na implementação das medidas.

O estilo extremamente centralizador de Dilma gerou um Ministério de eunucos, com Ministros sem iniciativa, temerosos até de se exporem à ira da presidente.

São muitos os problemas decorrentes desse estilo e que precisam ser corrigidos:

  1. Tira-se completamente a iniciativa dos Ministros. O segundo governo Lula foi bem sucedido por ter aberto espaço para a própria Dilma, no PAC, para Fernando Haddad, no Ministério da Educação, para Celso Amorim, no Itamaraty, antes disso para Luiz Furlan, no Desenvolvimento. É o protagonismo que estimula a criatividade, a iniciativa. Tem que se voltar a prestigiar os Ministros e exigir produção deles.

  2. As medidas são tomadas  de afogadilho, sem planejamento e sem a conceituação adequada. Tem que se caminhar para um projeto mais abrangente de reforma fiscal, acabar com a armadilha do modelo das expectativas inflacionárias e planejar a mudança gradativa do câmbio.

  3. Desde já, tem que se definir as prioridades do próximo governo e começar a trabalhar agora, sem pressa. Não se pode repetir os problemas – decorrentes da pressa – que estão emperrando a política de concessões. Nem persistir nesse acúmulo de desonerações sem planejamento.

  4. A maior parte dos projetos do PAC têm esbarrado em problemas recorrentes: falta de projetos executivos, burocracia no licenciamento ambiental, dificuldade da ponta (municípios e estados) apresentarem projetos técnicos. Tem que fazer uma lista de problemas e começar, desde já, a limpar a área.

Por: Luiz Nassif

A Copa no Brasil será um sucesso

Apesar do autor expressar uma analise equivocada (propaganda subliminar do neoliberalismo) da crise econômica europeia, imputando suas causas ao exesso de gastos para a garantia do ” Estado de Bem Estar Social “, o que é comprovadamente uma tremenda asneira… apesar dos pesares o texto é bom e merece muito ser lido…

Por Alberto Carlos Almeida | De São Paulo

É interessante ver como pessoas inteligentes afirmam hoje que a Copa do Mundo de 2014 no Brasil será um fracasso. O Brasil é o país do futebol. Como uma Copa do Mundo poderá ser um fracasso no país do futebol? O raciocínio é tão simples quanto óbvio: será que essas pessoas não se deram conta que é impossível que uma Copa do Mundo fracasse justamente no país do futebol?

Há pouco tempo, o secretário- geral da Federação Internacional de Futebol (Fifa), Jerome Valcke, deu um show de preconceito ao afirmar que o Brasil tinha que levar um chute no traseiro porque não estaria cuidando adequadamente dos preparativos para a Copa. Duvido que Valcke compreenda o Brasil. Exatamente por isso a afirmação foi inteiramente preconceituosa. Bem fez o Senado ao não querer recebê-lo, bem fez o senador Roberto Requião ao afirmar que os senadores não queriam conversar com o “porteiro” da Fifa. É preciso deixar claro para esses europeus preconceituosos que eles precisam compreender a diferença, que precisam entender que nem todos no mundo são europeus, muito menos nós, brasileiros.

Poderíamos também ser preconceituosos contra a Europa. Poderíamos afirmar: vamos dar um chute no traseiro da Europa, para eles aprenderem a não mergulhar em crises econômicas tal qual vivem hoje com, por exemplo, 50% de desemprego entre os jovens espanhóis. Vamos dar um chute no traseiro da Europa para que ela aprenda a não ter governos tão gastadores, com déficits públicos insustentáveis. Poderíamos ainda dar um chute no traseiro da Europa retroativamente, por conta das duas guerras mundiais e pelo extermínio de mais de seis milhões de judeus. Nada disso, não iremos fazer isso porque compreendemos os europeus, sabemos que eles gostam de um Estado de bem-estar-social bastante gastador e ineficiente, entendemos isso perfeitamente. Sabemos que franceses odeiam alemães, que odeiam ingleses, e assim por diante, e sabemos também que esse nacionalismo resultou, no passado, nas piores guerras que o mundo já viu. Entendemos isso perfeitamente, sem preconceitos. Sabemos também que os europeus só se pacificaram depois de muitas limpezas étnicas e que a última de grande magnitude ocorreu outro dia, na década de 1990, liderada por Slobodan Milosevic. Somos compreensivos e nem mesmo isso justifica uma declaração preconceituosa.

É fundamental que a Fifa compreenda o que é o Brasil. Mais do que isso, é preciso que muitos brasileiros que hoje afirmam que nossa Copa será um fracasso também passem a compreender o Brasil pelos parâmetros genuinamente brasileiros. Só assim eles vão perceber que a nossa Copa do Mundo será um grande sucesso.

Vamos fazer um exercício simples, vamos nos transportar para o ano da Copa: 2014. É possível que os enredos de todas as nossas escolas de samba, já em fevereiro, tratem da Copa do Mundo. Um pouco antes do Carnaval, o tema de nossos inúmeros réveillons a beira-mar, nos quais todos se vestem de branco (europeus passam o réveillon vestidos de preto) talvez seja o ano da Copa do Mundo. Carnaval e réveillon temáticos, sobre a Copa, só são possíveis no país do futebol. Também somente no país do futebol todas as empresas que fazem campanhas publicitárias para o consumidor final utilizam a Copa do Mundo como principal gancho de suas propagandas. Isso já está ocorrendo. O Itaú, um de nossos maiores bancos privados, já está com uma enorme campanha publicitária, cujos principais astros são a bola, o futebol e a paixão do brasileiro por ambos. Somente no país do futebol haverá concursos que premiarão, em centenas de cidades, as ruas e casas mais bem decoradas com bandeiras, pinturas e desenhos relacionados ao Brasil.

Toda a nossa mídia vau se concentrar em temas de fato relevantes para milhões de pessoas que vivem e habitam o país do futebol. Por exemplo, haverá no Brasil 32 seleções nacionais com suas inúmeras estrelas. Será preciso mostrar onde elas vão se hospedar. No Rio de Janeiro, feliz será a seleção que ficar em Búzios. Em São Paulo, o município de Itu já se candidatou para ser uma das concentrações. Em Pernambuco, é bem possível que Porto de Galinhas abrigue uma seleção. Em todos os lugares do Brasil, nós, brasileiros, temos lugares encantadores para acolher nossos convidados. Isso é parte do sucesso que será a Copa. Será preciso mostrar as instalações físicas onde ficarão as estrelas, o que os jogadores irão ter como cardápio (vamos adorar se nossos adversários comerem uma feijoada completa antes de nos enfrentarem), em que campo irão treinar etc. Cada deslocamento de cada seleção será televisionado ao vivo.

A Copa ocorrerá em junho. Isso significa que milhares de turistas que estiverem acompanhando os jogos no Nordeste terão a oportunidade de passar a noite de São João em Campina Grande, Caruaru, ou em qualquer outro município anônimo que sedia uma das festas mais populares do Brasil. Isso é parte do sucesso de nossa Copa. Seria muito apropriado apresentar a Valcke tanto o nosso Carnaval quanto nossas festas juninas. Não haverá um turista sequer, que, passando uma noite de São João no Nordeste, em plena Copa do Mundo, deixará de afirmar que se tratou de uma Copa do Mundo de sucesso. Isso os nossos críticos esquecem. Aliás, a grande maioria deles não conhece o São João nordestino.

Vagas em hotéis, também, não serão problema. Nas cidades litorâneas haverá a possibilidade de atracar navios que proverão os quartos adicionais necessários. Tanto no litoral quanto no interior os brasileiros farão um enorme esforço para acolher os visitantes e mostrar que somos um grande povo. Por isso as famílias vão alugar quartos em suas residências, tal como já vai acontecer agora na Rio + 20. Os turistas vão adorar ficar nas casas das famílias brasileiras. Muitos deles irão se apaixonar por nossas lindas mulheres (muito mais bonitas do que as europeias) e se tornarão tema das principais matérias de televisão que insistirem em não transmitir os melhores gols, o dia a dia das estrelas, as jogadas impossíveis etc. A propósito, nada mais agradável e útil será para um espanhol, em 2014, do que casar com uma brasileira: além de uma mulher bonita, ele provavelmente conseguirá seu primeiro emprego.

Todas as lojas, shoppings, restaurantes, botecos, casas comerciais estarão enfeitadas com as bandeiras dos países participantes. O estabelecimento comercial que não tem TV, até agora, passará a ter já em 2013 na Copa das Confederações. Os turistas aproveitarão os intervalos entre um jogo e outro para visitar a Rocinha, Foz do Iguaçu, Chapada Diamantina, Pomerode, Florianópolis, o Pelourinho, Recife Antigo, o Pantanal e um sem-número de atrações não europeias que temos por aqui. Os aeroportos funcionarão 24 horas por dia e os horários de voos serão alterados. Será ponto facultativo nos municípios que sediarem os jogos. Mesmo assim, o nosso PIB continuará maior do que o britânico e provavelmente ultrapassará o francês. Nós, brasileiros, somos flexíveis, muito mais do que os europeus: se não der para resolver com o plano A, ficamos satisfeitos com o plano B e até mesmo com o C.

Os europeus não são flexíveis, são extremamente rígidos. Por isso fizeram revoluções sangrentas e entraram em guerras bárbaras e por isso Valcke quis dar um chute no nosso traseiro (ele não faz ideia sobre o quão importante o traseiro é para todos aqui nos trópicos). Por isso acreditaram (e acreditam) em doutrinas. Nada disso acontece por aqui. Lula fez um superávit primário maior do que Fernando Henrique. Jamais a esquerda europeia foi tão pragmática. Isso não ocorre somente junto a nossa elite política, isso é generalizado, é algo de toda a sociedade.

Brasil é Brasil, Alemanha é Alemanha. Jamais teremos um evento com organização germânica. Jamais a Alemanha fez um evento com o acolhimento, a simpatia e a vibração brasileiras. Não se pode exigir as mesmas coisas de países diferentes e nem por isso um fará eventos de sucesso e outro fracassará. Em qualquer Copa do Mundo, todos os brasileiros param de trabalhar no momento em que o Brasil joga. Não é assim na Alemanha e é justamente isso, essa paixão de nossa sociedade pelo futebol, que assegurará o sucesso de nossa Copa do Mundo.

Estive na África do Sul com minha mulher e os dois filhos mais velhos. Não tenho más recordações. Foi bom ver até mesmo a seleção de Dunga. Fizemos um safári, visitamos o Museu do Apartheid, fomos ao Cabo da Boa Esperança e a Table Mountain, visitamos Soweto e conhecemos a casa onde Nelson Mandela morou. Voltaríamos lá hoje, mesmo sem a justificativa de um grande evento. Tudo isso é parte do sucesso da Copa na África do Sul.

Quem acha que a nossa Copa será um fracasso está olhando para uma suposta falha do Estado, do governo. Quem sabe que será um sucesso está olhando para a sociedade. No Brasil, é a sociedade que ama o futebol: por isso vai assegurar que jamais um evento relacionado ao esporte bretão fracasse. Acordem, críticos. Acorde, Fifa. A nossa Copa será um enorme sucesso. Respeitem-nos: isso aqui é Brasil. Somos o país do futebol tal como confirmam nossos cinco títulos mundiais e um sem-número de conquistas. Quanto ao nosso traseiro, Valcke deveria ter conhecido há tempo as nossas dançarinas do “É o Tchan” e tantas outras mulheres que devem parte de seu sucesso e ascensão social ao bumbum. Isso só ocorre em uma sociedade que, de fato, leva o traseiro a sério.

Alberto Carlos Almeida, sociólogo e professor universitário, é autor de “A Cabeça do Brasileiro” e “O Dedo na Ferida: Menos Imposto. Mais Consumo”. E-mail: alberto.almeida@institutoanalise.com www.twitter.com/albertocalmeida

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Ex-comunista arrependida, Marina Silva pede socorro aos homens bons para fundar partido

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Dois do bem, juntos não tem para ninguém

A neo-mulher boa Marina Silva, resgatada das hostes lulísticas do mal pelo poder da fé, luta agora contra a implacável perseguição bolchevista que faz de tudo para impedí-la de fundar seu partido honesto, honrado e não submisso à interesses escusos ou a projetos pessoais de poder. É uma luta titânica que a menina das selvas verdejantes não conseguirá levar adiante sozinha, por isso mesma ela pediu ajuda aos demais partidos dos homens bons, aqueles que também lutam contra a ditadura demoníaca do PT e seu governo para a gentalha, uma vez que estão todos no mesmo barco e todos se aliarão contra a búlgara usurpadora no segundo turno. Com certeza nenhum partido negará ajuda a essa irmã menor que conheceu as agruras petistas por dentro, que foi vítima do próprio Lula na presidência, sendo atrapalhada, judiada e renegada pelo molusco escarlate e agora sofre por quase ter sido jogada ao limbo por ele.

O maior obstáculo marináceo tem sido coletar as assinaturas necessárias para a fundação do seu partido, uma vez que a coação governista ameaça e amedronta as pessoas que assinarem o manifesto. Não fosse essa oposição comunista, a essa altura ela já teria milhões de assinaturas por todo o país, visto que a imensa maioria da população não aguenta mais ser governada por esses usurpadores de plantão. Esperamos que a mobilização dos homens bons em prol de Marina dê resultados, principalmente se forem usados meios democráticos tradicionais para colherem as assinaturas dos empregados e serviçais, nas empresas e nos lares dos homens de bem.

Lula reúne prefeitos para definir candidatura paulista

LULA PB

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva reuniu-se na tarde de ontem com prefeitos das principais cidades governadas pelo PT em São Paulo para definir quem será o candidato do partido ao governo paulista em 2014. O nome está previsto para ser anunciado até agosto e tende a ser o do ministro da Saúde, Alexandre Padilha.

No encontro, com 2h15 de duração, petistas reclamaram da falta de definição do ministro da Educação, Aloizio Mercadante, sobre a disputa estadual. Mercadante ainda não descartou formalmente ao PT a possibilidade de concorrer, mas, ao mesmo tempo, almeja ter papel central na coordenação da campanha de reeleição da presidente Dilma Rousseff e ganhar mais espaço no próximo governo, caso Dilma se reeleja.

Informalmente, dirigentes petistas disseram que Padilha tem mais apoio entre deputados e prefeitos tanto do PT quanto da base aliada ao governo federal. Além disso, citaram as duas derrotas de Mercadante ao governo paulista, em 2006 e 2010. Nas duas disputas, o petista não foi nem para o segundo turno.

Há insegurança, no entanto, em relação a Padilha, pelo fato de o ministro não ter uma bandeira forte em sua Pasta. Antes da decisão final, Lula vai se reunir com os dois ministros.

Ontem, o ex-presidente recebeu na sede de seu instituto, na capital paulista, o presidente nacional do PT, deputado Rui Falcão (SP); o presidente do diretório estadual, deputado Edinho Silva, e sete prefeitos: Fernando Haddad (São Paulo), Luiz Marinho (São Bernardo do Campo), Carlos Grana (Santo André), Carlinhos Almeida (São José dos Campos), Jorge Lapas (Osasco), Sebastião Almeida (Guarulhos), Donisete Braga (Mauá).

Depois do encontro, o presidente do diretório estadual disse que “a agenda da candidatura ao governo começa a ser construída”.

Participaram também o ex-prefeito Emídio de Souza, que será o próximo presidente estadual do PT, e o deputado federal Vicente Cândido, que foi forçado a retirar sua candidatura ao cargo.

A escolha de Emídio, que comandará a campanha petista em São Paulo, gerou atritos dentro do PT e Lula tentou ontem articular apoio ao futuro presidente do diretório. O receio do ex-presidente é de que, sem consenso em torno do dirigente, a candidatura do partido em 2014 possa ser prejudicada.

Lula colocou como condição aos próximos presidentes dos diretórios que não tenham mandato parlamentar nem cargo em governos. A regra valerá inclusive para o diretório nacional e deve forçar o deputado estadual Rui Falcão – que pretende se manter no comando nacional do PT- a não tentar um novo mandato.

Na disputa pelo diretório estadual, o deputado federal Vicente Cândido tinha apoio da bancada petista e de cerca de 70% dos dirigentes, mas como o parlamentar pretende presidir a Comissão de Constituição e Justiça no próximo ano e tentará mais um mandato em 2014, foi preterido por Lula.

Sem cargo em governo nem mandato, Emídio se comprometeu a não disputar em 2014. O ex-prefeito já havia recebido a promessa de Lula de ter o comando do diretório, mas há resistência dentro do partido em relação ao seu nome.

Petistas relatam brigas de Emídio com Luiz Marinho, Edinho Silva, Vicente Cândido, João Paulo Cunha Rui Falcão e com Mercadante. O ex-prefeito coordenou a campanha estadual de Mercadante de 2010 e as rusgas entre os dois continuam até hoje, o que prejudicaria a campanha de 2014 se Emídio for confirmado presidente do PT paulista e caso o ministro da Educação venha a ser o candidato petista.

Ontem, no entanto, o atual presidente do diretório estadual disse que “todos estão unidos” em torno de Emídio. A eleição interna do PT, que deverá confirmar o nome do ex-prefeito no cargo, será feita em novembro.

Dilma pede para Mercadante não ser candidato ao governo de SP

 

POR MARINA DIAS

A presidente Dilma Rousseff pediu ao ministro da Educação, Aloizio Mercadante, que não se candidate ao governo de São Paulo nas eleições de 2014. Dilma já manifestou a interlocutores sua vontade de ter o ministro exercendo um papel de articulação política dentro de seu governo.

Nos últimos meses, Mercadante foi fundamental na costura com os partidos aliados para que Dilma realizasse a mini-reforma ministerial, que reconduziu o PR à Esplanada dos Ministérios. E seu desempenho agradou a presidente.

Petistas avaliam que o ministro da Educação virou o “homem-forte” do governo Dilma Rousseff. A presidente confia nele, convida-o para agendas internacionais – mesmo que os compromissos não tenham ligação com as atividades desenvolvidas no MEC -, e já o testou no trato com partidos da base, inclusive em situações consideradas emergenciais pelo Planalto, como votações no Congresso.

O PT em São Paulo quer fechar o nome do candidato ao Palácio dos Bandeirantes até julho. A vontade de Mercadante em ser candidato seria levada em conta, visto que ele já concorreu ao governo do Estado contra Geraldo Alckmin (PSDB), em 2010, por exemplo, e tem o que os petistas chamam de “recall” – eleitores se lembram dele e de sua campanha há três anos.

O pedido de Dilma, no entanto, fez o ministro repensar o cenário. Mercadante considera que, ficando no governo, poderá assumir a Casa Civil a partir de 2015, caso a presidente seja reeleita em 2014. A atual chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, deve se candidatar ao governo do Paraná.

Alguns caciques do PT arriscam dizer que, em 2018, sem Dilma ou o ex-presidente Lula para disputar o Palácio do Planalto, o novo candidato à Presidência da República petista sairia da Esplanada dos Ministérios. E aí acenam, novamente, para Mercadante.

 

A hora e a vez de Alexandre Padilha

A desistência de Mercadante em ser candidato ao governo de São Paulo deixaria o caminho totalmente livre para o ministro da Sáude, Alexandre Padilha, construir-se como o nome do PT para 2014. É ele o favorito de Lula, que aposta na tese de um “homem novo” na política do Estado, a mesma utilizada na campanha de Fernando Haddad, eleito prefeito da capital paulista no ano passado.

Segundo petistas, Padilha é jovem, tem boa oratória e enfrenta bem o “périplo com a militância” do partido, coisa que Dilma e Haddad precisaram “aprender” ao lado de Lula. O desafio, porém, seria criar um discurso para vencer o PSDB de Alckmin, que tem boa avaliação no Estado e conta ainda com a máquina do governo.

A pauta das eleições – Vladimir Safatle

Iniciado com um ano e meio de antecedência, o debate sobre as eleições presidenciais de 2014 demonstra o raquitismo político ao qual o eleitor brasileiro se -encontra submetido. Já sabemos de antemão quais devem ser os candidatos a presidente. Ainda é difícil, porém, encontrar pautas de debates que poderiam permitir ao País sintetizar novas soluções para seus problemas.

Foto: Dida Sampaio/Estadão Conteúdo

Foto: Dida Sampaio/Estadão Conteúdo

Por enquanto, sabemos apenas que o candidato tucano Aécio Neves está disposto a dar um salto para trás no tempo e recuperar o ideário liberal que alimentou seu partido nos anos 1990, inclusive ao trazer os mesmos nomes de sempre para pensar seu programa de governo. Como se nada tivesse ocorrido no mundo nos últimos 15 anos, como se o modelo liberal não tivesse naufragado desde a crise de 2008, o candidato tucano demonstra que a guinada conservadora do chamado partido “social-democrata” brasileiro é mesmo um horizonte terminal. Alguns partidos social-democratas europeus (como o PS francês, o SPD alemão e os próprios trabalhistas britânicos) procuraram ao menos ensaiar certo distanciamento dos ideais da terceira via, hegemônicos na década que Tony Blair vendia ao mundo sua cool Britania. Mas o caso brasileiro parece, de fato, completamente perdido.

Há de se perguntar, no entanto, o que poderia ser uma pauta da esquerda para as próximas eleições. Se aceitarmos certo esgotamento do modelo socioeconômico e político que vigorou no Brasil na última década sob o nome de “lulismo”, então a boa questão será: como a esquerda pode pensar o pós-lulismo?

Neste cenário, três questões seriam eixos privilegiados de debate. Primeiro, o esgotamento do lulismo implica necessidade de pensar um novo modelo de distribuição de renda e de combate à desigualdade. O modelo lulista, baseado na construção de redes de seguridade social e aumento real do salário mínimo, chega ao fim por não poder combater os processos que produzem, atualmente, a limitação da ascensão social dos setores beneficiados pelas políticas governamentais. Pois se os salários atuais são erodidos em seu poder de compra pelos gastos em saúde e educação, além do alto preço dos serviços e produtos em uma economia, como a brasileira, oligopolizada até a medula, um novo modelo de combate à desigualdade só pode passar pela construção de algo próximo àquilo que um dia se chamou de Estado do Bem-Estar Social, ou seja, um Estado capaz de garantir serviços de educação e saúde gratuitos, universais e de alta qualidade.

Nada disso está na pauta das discussões atuais. Qual partido apresentou, por exemplo, um programa crível à sociedade no qual explica como em, digamos, dez anos não precisaremos mais pagar pela educação privada para nossos filhos? Na verdade, ninguém apresentou porque a ideia exigiria uma proposta de refinanciamento do Estado pelo aumento na tributação daqueles que ganham nababescamente e contribuem pouco. Algo que no Brasil equivale a uma verdadeira revolução armada. Ou seja, um programa que nos anos 1950 e 1960 era visto como simploriamente reformista é revolucionário no Brasil atual.

Segundo ponto: o esgotamento do lulismo significa o aumento exponencial do desencantamento político em razão do modelo de coalização e “governabilidade” praticado desde o início da Nova República. Nesse sentido, ele exige a apresentação de uma pauta abrangente e corajosa de absorção das demandas por democracia direta nos processos de gestão do Estado e transparência ouvida cada vez mais em várias partes do mundo. Esse é um momento privilegiado para a esquerda retomar seu ideário de soberania popular. Ele não se acomoda aos regimes de conselhos consultivos que se tentou ultimamente, mas exige processos efetivo de transferência de poder decisório para instâncias de democracia direta.

Terceiro ponto: ao seguir uma lógica típica norte-americana, o pensamento conservador nacional tenta se recolocar no centro do debate por meio da inflação de pautas de costumes e de cultura. Tal estratégia só pode ser combatida pela aceitação clara de tais pautas de costumes, mas como eixo central de uma política de modernização social. Cabe à esquerda dizer alto e bom som que temas como casamento igualitário, direito ao aborto e políticas de combate à desigualdade racial são pontos inegociáveis a ser implementados com urgência. Dessa forma, fecha-se um círculo no qual uma pauta de modernização socioeconômica, política e social pode guiar nossos debates.

Com preferência absoluta, Dilma tem potencial de votos de 76%, aponta Ibope

LULA PB

Índice da petista é 2 vezes maior que o de Marina, o triplo do de Aécio, e 7 vezes superior ao de Campos

José Roberto de Toledo e Daniel Bramatti – O Estado de S. Paulo

SÃO PAULO – Pesquisa nacional do Ibope em parceria com o Estado mostra que a presidente Dilma Rousseff (PT) tem 76% de potencial de voto, quase o dobro do de sua adversária mais próxima, a ex-senadora Marina Silva (sem partido), que chegou a 40%. O potencial de Dilma é três vezes maior do que o de Aécio Neves (PSDB) e sete vezes maior do que o de Eduardo Campos (PSB).

Veja também:
link Avaliação positiva faz Dilma criar imagem independente da de Lula
link CNI/Ibope: Aprovação do governo Dilma sobe para 63%
link ESTADÃO DADOS: Arraste os presidenciáveis para o ringue de 2014

Segundo o Ibope, 76% dizem que votariam na presidente. Destes, 52% dizem que votariam com certeza, e outros 24% dizem que poderiam votar. Ao mesmo tempo, 20% dos eleitores afirmam que não votariam nela de jeito nenhum. O saldo presidencial é, portanto, de 56%. Dilma é a única entre os presidenciáveis que tem saldo positivo. Outros 4% dos eleitores não responderam. Ninguém afirmou desconhecer a presidente.

Marina fica zerada no saldo de potencial de voto: enquanto 40% dizem que votariam nela com certeza (10%) ou poderiam votar (30%), outros 40% afirmam que não votariam na ex-senadora de jeito nenhum. Ela é desconhecida por 19% do eleitorado. Todos os outros cinco presidenciáveis testados estão, por ora, com saldo negativo.

Aécio tem 25% de eleitores que votariam ou poderiam votar nele hoje, contra 36% que rejeitam seu nome: saldo negativo de 11 pontos. Já Eduardo Campos tem saldo negativo de 25 pontos: 10% admitem votar nele contra 35% que não votariam de jeito nenhum. Em favor de ambos, uma grande parte dos eleitores não os conhece o suficiente para opinar: 39% desconhecem Aécio; 54%, Campos.

José Serra (PSDB) é o caso oposto. Duas vezes derrotado na eleição presidencial, o tucano só é desconhecido por 14% dos eleitores brasileiros. Apesar de reconhecido, seu saldo é negativo em 15 pontos: 35% admitem poder votar nele, contra 50% que afirmam que não votariam de jeito nenhum. Ao contrário dos outros nomes da oposição, Serra tem pouco espaço para crescer.

O Ibope testou ainda os potenciais de voto do presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, e de Fernando Gabeira (PV). O magistrado atingiu um potencial de 17%: 4% dos eleitores dizem que votariam nele com certeza, e 13% afirmam que poderiam votar. Gabeira chegou a 7% de potencial (1% com certeza, mas 6% que poderiam votar).

A um ano e meio da eleição, a pesquisa de potencial de voto é mais reveladora sobre a viabilidade eleitoral dos candidatos do que os cenários hipotéticos. A pesquisa do Ibope/Estado mediu as chances dos presidenciáveis das duas maneiras. Leia a mais completa pesquisa sobre a sucessão presidencial na edição deste sábado do Estado.

O Ibope entrevistou face a face 2.002 eleitores em 142 municípios de todas as regiões do Brasil entre os dias 14 e 18 de março. A margem de erro é de dois pontos porcentuais, para mais ou para menos.

Dilma e Lula na ofensiva para 2014

Autor(es): Raymundo Costa

Valor Econômico

A presidente Dilma Rousseff procurou se informar a quantas anda no Congresso o projeto de criação do Ministério das Micro e Pequenas Empresas. Pelo andar da carruagem, a votação pode ocorrer em março; mas o governo também pode fazer um requerimento de urgência e aprová-lo bem antes. O que importa, na consulta, é que a presidente já começou também a desenhar o esboço da nova equipe. Em resumo, o time com o qual pretende governar nos dois últimos anos de mandato.

É o que se poderia chamar de “ministério da reeleição”. Talvez não seja o caso. Em princípio, as mudanças serão em ministérios considerados laterais. Não se deve esperar por grandes mudanças. Mesmo na área política, objeto de reclamações dos partidos da base aliada.

Dilma também monitora com cuidado e discrição, para não parecer interferência na autonomia do Congresso, as eleições para as presidência da Câmara e do Senado. No quadro em poder da presidente, Renan Calheiros (PMDB-AL) será confirmado no Senado e Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) o novo presidente da Câmara. Como esperado.

A presidente e o ex divergem, mas relação não azedou

A última possibilidade de mudança, na eleição para o Senado, evaporou-se entre o fim de novembro e início de dezembro passados, quando a dissidência interna do PMDB decidiu que não apresentaria candidato para enfrentar o grupo Renan-José Sarney. Difícil, mas esse grupo poderia atrair apoios no PTB, PDT e no próprio PSB do governador Eduardo Campos (PE) em eventual articulação com o senador Armando Monteiro (PTB-PE).

Na Câmara, a base aliada do governo está dividida e deve se apresentar com três candidatos: Henrique Alves, Rose de Freitas (PMDB–ES) e Júlio Delgado (PSB-MG). Ainda assim a área política do governo, atualmente, acredita que não se repetirá o que ocorreu em 2005, quando o PT se dividiu e perdeu a eleição para Severino Cavalcanti (PE). Na verdade, conta com a hipótese de Henrique ganhar já no primeiro turno.

Ao longo desta semana o PMDB pretende realizar várias reuniões para tentar chegar com um candidato só à eleição. As disputas na Câmara, nos últimos anos, têm apresentado um alto grau de imprevisibilidade. Em 2003, João Paulo Cunha (PT-SP) foi eleito sem maiores problemas, algo natural em se tratando do primeiro ano de governo do PT.

Dois anos depois o PT rachou e apresentou dois candidatos ao cargo: Luiz Eduardo Greenhalgh (SP) e Virgílio Guimarães (MG). Resultado, a realização de segundo turno com Severino Cavalcanti, a derrota e a entrega do Ministério das Cidades para o PP. Para a atual legislatura PT e PMDB fizeram um acordo de rodízio: os petistas ficariam com o cargo nos primeiros dois anos, rifando o então presidente e atual ministro Aldo Rebelo (PCdoB-SP), e o PMDB nos outros dois.

A movimentação de Dilma em torno da eleição para as duas Casas do Congresso mostra que a presidente já está na campanha da reeleição e que resolveu seguir conselhos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva: conversar mais com empresários, com os políticos, com os governadores e prefeitos e sair mais vezes de Brasília, a fim de manter o contato com “as bases sociais”, como é de bom tom se falar no Partido dos Trabalhadores.

Além da articulação no Congresso, exemplo perfeito e acabado de que a presidente botou o pé no acelerador é a viagem que fez a Teresina (PI), na sexta-feira, para entregar moradias populares. Dilma não só vestiu um gibão de couro, como também enveredou, como em alguns momentos enveredou por um discurso no melhor estilo do padrinho político.

No fim desta semana, a presidente terá um encontro com os prefeitos. Ela passou boa parte da tarde de ontem reunida com a ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais), preparando um cardápio mais digerível que o da última reunião, quando foi vaiada ao falar sobre as novas regras para a distribuição dos royalties do petróleo.

Lula, segundo colaboradores próximos, está empenhado na reeleição de Dilma. Nas conversas a dois, há eventuais diferenças de posição, principalmente técnicas. Mas a relação entre ambos não parece azeda. Mesmo assim os amigos de Lula desencadearam ontem uma ofensiva para dizer que o ex-presidente não pensa em ser candidato em 2014. Como também nunca pensou em terceiro mandato.

O mandato de Dilma está virtualmente no fim. Ela tem apenas este ano para fazer e entregar o que prometeu na campanha e pavimentar o caminho da reeleição, em 2014. Passa rápido. No discurso de Teresina, Dilma não poderia ter sido mais clara. Em 2012, segundo a presidente, o país se preparou para crescer em 2013.

“Podem ter certeza, apesar de alguns pessimistas, que nós iremos crescer, nós iremos gerar mais empregos, que nós iremos procurar todas as oportunidades que tivermos.

A presidente Dilma Rousseff mandou seus ministros evitarem “prestação de contas” no encontro que terá com os prefeitos no fim de semana. Ela quer que sejam apresentados programas concretos e das potencialidades da parceria do governo federal com os municípios.

Dilma e Ideli Salvatti costuram com atenção a agenda da reunião. Elas se reuniram ontem à tarde para tratar do assunto. “Você não tem uma política pública que possa ser bem realizada, sem a participação dos municípios”, diz Ideli Salvatti.

A ideia, segundo a ministra, é mostrar “o potencial de relações e dos projetos que são feitos em conjunto”. A exemplo do que já existe hoje com o Bolsa Família, na qual o cruzamento de dados permite a identificação das famílias mais necessitadas, o governo pensa também em instituir a “busca ativa” em relação às prefeituras.

Mas a presidente também fará uma análise da conjuntura econômica e das perspectivas para 2013. No cardápio a ser apresentado, há itens que devem soar como música aos ouvidos dos chefes municipais, como a ampliação de recursos para diversas áreas. Saneamento e pavimentação são dois exemplos em discussão.

Raymundo Costa é repórter especial de Política, em Brasília. Escreve às terças-feiras

PAULO TEIXEIRA: “LULA DEVERIA SER CANDIDATO A GOVERNADOR”

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Em entrevista exclusiva ao 247, deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP) defende que o ex-presidente da República se candidate ao governo de São Paulo em 2014; para a Presidência, “Dilma é nossa candidata”, diz ele; parlamentar prega modernização no PT em 2013 e acredita que o petista José Genoino, condenado na Ação Penal 470, respeita seus eleitores ao assumir como deputado no início do ano

 

Gisele Federicce _247 – O deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP) defende que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se candidate ao governo do Estado de São Paulo em 2014. “Para mim o Lula deveria ser candidato ao governado de São Paulo”, disse o parlamentar, em entrevista ao Brasil 247. Questionado sobre a possibilidade de uma disputa pelo Planalto, o petista respondeu: “Não, Dilma é nossa candidata”.

Teixeira acredita que 2013 reserva um melhor crescimento para o País e defende uma modernização no PT, “que sofreu muito nesse ano”, assim como o Brasil, diante da crise. Para ele, o partido foi “vítima” no julgamento da Ação Penal 470, já que o processo que corre no Supremo Tribunal Federal trata de pessoas físicas, e não jurídicas. “Mas os ministros [do STF] e a imprensa fizeram questão de penalizar o partido”, afirma.

Apesar disso, o deputado acredita que o julgamento não gerou consequências nas urnas em outubro. “Certamente o povo brasileiro não acompanhou essa tendência, como vemos o resultado das eleições municipais, principalmente em São Paulo”, disse Teixeira. Em relação à CPI do Cachoeira, o petista acredita que o trabalho não foi em vão, mas que o relatório final do deputado Odair Cunha (PT-MG) não foi aprovado devido a um “consórcio de interesses”.

Autor do Projeto de Lei 4471/2012, que prevê a investigação dos autos de “resistência seguidos de morte”, o deputado ressalta que “sem dúvida está havendo um abuso policial”, tratando-se da violência vivida especialmente em São Paulo, e pretende, com o PL, evitar que diversas mortes, “principalmente de jovens”, sejam acobertadas pela corporação. O Projeto está na pauta da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado da Câmara.

Leia abaixo os principais trechos da entrevista:

O senhor acredita que 2013 será melhor para o PT do que foi 2012?

Acho que 2012 foi um ano extremamente sofrido, o Brasil sofreu muito diante da crise internacional, com repercussões na economia. E sobre o PT, teve esse processo, que apesar de o partido não ter sido réu, apesar de que foram apenas pessoas físicas, os ministros e a imprensa fizeram questão de penalizar o partido.

Certamente o povo brasileiro não acompanhou essa tendência, diante do resultado das eleições, principalmente em São Paulo. Foi um ano muito difícil, para a economia e também por causa desse processo do qual o PT foi vítima. Houve dois aspectos: o que era de pessoas físicas passou para pessoa jurídica. E o que era de apenas algumas pessoas físicas passou a mais pessoas físicas. Foi um julgamento político.

Espero que a economia volte a crescer, tenho certeza de que isso vai acontecer, que não pare o ciclo de geração de empregos, que foi a boa notícia de 2012, que não se interrompa a distribuição de renda, que se modernize o PT e que nos prepararemos para as próximas eleições. Eu acho que o Lula deveria ser candidato a governador de São Paulo em 2014.

O senhor então não defende que ele se candidate à Presidência?

Não, nossa candidata é a Dilma.

Quem o PT apóia para a presidência da Câmara dos Deputados?

O deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN).

Esse apoio envolve a questão da cassação de mandatos parlamentares?

Não, isso foi fruto de um acordo com o PMDB, que está sendo cumprido.

O deputado José Genoino (PT) deve assumir o mandato agora no início do ano, depois de ser condenado na AP 470. Isso é uma vitória diante do resultado do julgamento?

Eu acho que o Genoino, até que a sentença transite em julgado e se avalie a competência de cassação parlamentar, está com os seus direitos políticos vigentes. Ele tem que respeitar seus eleitores.

Sobre a CPI, o senhor acha que acabou mesmo em pizza?

Eu acho que houve um consórcio dos interesses da [empreiteira] Delta, do [governador de Goiás, Marconi] Perillo e do Cachoeira [principal alvo da investigação]. E isso derrotou o relatório do [deputado] Odair Cunha (PT-MG). O Ministério Público agora vai ter que ler o trabalho, que não foi em vão.

O senhor é autor do PL 4471/2012. Por que defende a investigação contra autos de “resistência”?

Porque, da atividade policial, existe a possibilidade de haver resistência com troca de tiros e mortes, mas a grande incidência de morte de civis em confronto com os PMs mostra que está havendo um abuso policial e ao mesmo tempo não está havendo um controle legal. Por isso tem muita gente sendo morta, principalmente jovem. Defendo que cada auto de resistência seja investigado.

Isso tem como intenção deixar de encobrir algo?

Sem dúvida há abuso e acobertamento atrás do auto de resistência daqueles que estão matando simplesmente por matar. Aqui em São Paulo, há denúncias de policiais que consultavam antecedentes criminais de alguns  jovens e depois matavam. Essas mortes depois eram mascaradas.

A Secretaria de Direitos Humanos aprovou resolução para abolir esses registros nos autos. Isso fez com que o seu projeto ganhasse mais força?

Hoje todos os segmentos que se preocupam com a violência praticada com a polícia querem a aprovação desse PL. Estou fazendo uma ementa nele, para aperfeiçoá-lo, que deixará claro que a hipótese de haver morte por resistência existe, mas que todas essas mortes precisam ser investigadas.

PELA PRIMEIRA VEZ, LULA ADMITE SER CANDIDATO

Ricardo Stuckert:

 

Sem mencionar denúncias de Marcos Valério sobre seu envolvimento no mensalão, ex-presidente disse em Paris que espera contar com o voto daqueles que um dia tiveram medo dele, mas que nunca ganharam tanto dinheiro como em seu governo; a interlocutores, Lula tem dito que ‘não vai permitir que o STF escreva o último capítulo de sua biografia’

13 DE DEZEMBRO DE 2012 ÀS 06:39

247 – Em Paris, ex-presidente Lula admitiu, pela primeira vez, ser candidato à Presidência da República. “Espero que, se um dia eu voltar a ser candidato, eu tenha o voto deles que não tive nas outras eleições. Todos tinham medo de mim. Aqui tem empresários que certamente não votaram em mim por medo. Hoje, olho com orgulho, porque eles nunca ganharam tanto dinheiro, cresceram tanto e geraram tantos empregos como no meu governo”, disse o ex-presidente durante palestra no fórum que eu instituto co-organizou, nesta quarta-feira. Declaração foi feita um dia após vir à tona depoimento em que o empresário Marcos Valério o acusa de envolvimento direto no mensalão.

Sem mencionar as denúncias feitas pelo empresário, Lula também fez uma crítica à imprensa nesta quarta-feira. “Quando político é denunciado, a cara dele sai noite e dia nos jornais. Vocês já viram banqueiro nos jornais? São eles que pagam as publicidades da mídia”, disse o ex-presidente.

A interlocutores, ex-presidente tem dito a seguinte frase: “não vou permitir que o STF escreva o último capítulo da minha biografia”.

Leia reportagem do Instituto Lula sobre a palestra:

Instituto Lula – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quarta-feira (12) em Paris que a crise internacional abre uma oportunidade para que os governantes assumam responsabilidades e tomem decisões que há tempos deveriam ser tomadas. “Essa crise está nos chamando para as grandes decisões políticas que desaprendemos a tomar depois de um longo tempo de bem-estar social”, disse Lula. O ex-presidente destacou que a nova geografia política do mundo deve ser respeitada e refletida nos organismos multinacionais e questionou até mesmo a aceitação do dólar como moeda padrão internacional. “É preciso dar mais representatividade e democratizar mais a ONU para que possamos efetivamente nos valer dela”. O ex-presidente Lula e o ex-primeiro ministro francês Lionel Jospin fizeram as falas de encerramento do “Fórum pelo progresso social. O crescimento como saída para a crise”, organizado pelo Instituto Lula e pela Fundação Jean-Jaurès, em Paris.

Em um discurso de improviso e bem-humorado, Lula levantou risos da plateia em vários momentos e foi aplaudido dez vezes durante sua fala, de cerca de uma hora e vinte minutos. Lula lembrou que no Brasil durante muito tempo foi aceita a ideia de que era preciso primeiro deixar o bolo crescer para depois dividi-lo. “Só que, no meu país, o bolo cresceu várias vezes, algumas pessoas comeram, e outras continaram com fome. Nós provamos que dividir o bolo era fazê-lo crescer. Era preciso distribuir para crescer”. O ex-presidente se disse orgulhoso por ver que seu governo conseguiu provar que era possível aumentar salários e recuperar a renda sem aumentar a inflação. “Não quero dar palpite para a França ou para a Europa, quero mostrar o que fiz no Brasil”.

O discurso do ex-presidente vai ao encontro dos debates abertos pelo presidente francês François Hollande e pela presidenta Dilma Rousseff e que envolveram intelectuais e políticos de diversos países. Durante as mesas de debate, o tema da necessidade de uma nova governança internacional, que dê espaço para os países em desenvolvimento e para mais atores internacionais foi uma constante, assim como a chamada para a defesa do emprego e o estímulo ao crescimento como medidas de superação da crise internacional.

Lula lembrou, por exemplo, que saiu muito otimista da reunião do G20 em Londres, em 2010. “Foi a melhor reunião que o G20 já tinha feito”. Lula leu várias das decisões daquele encontro, que definiam exatamente a necessidade de preservação do emprego e do crescimento como armas de combate e crise e ainda previam a necessidade de regulamentação do sistema financeiro e de reestruturação dos organismos decisórios internacionais. “O problema do G20 não é falta de decisão. Mas, quando os presidentes voltaram a seus países, nada foi feito”, lamentou, lembrando que as eleições nacionais e locais acabaram engessando muitos governantes. “A única coisa que não está globalizada é a política que continua subordinada às decisões eleitorais de cada país”, completou.

Ao final de sua fala, Lula voltou a dizer que esta não é uma crise causada pelos trabalhadores e que é injusto que eles paguem, com desemprego e recessão, por ela. E elogiou Dilma e Hollande porque, no lugar de escolher um encontro entre presidentes, aceitaram ampliar o debate, nesta conferência organizada pelo Instituto Lula e pela Fundação Jean-Jaurès. “Vamos ouvir todo mundo, não tem problema que tenha gente mais radical, menos radical. Sabe por quê? Porque essa crise não é minha nem sua, é da responsabilidade de gente que a gente nem conhece”, lembrando que nunca viu cara de banqueiro no jornal “porque são eles [os banqueiros] que pagam as propagandas que saem lá”.

Cutucado com vara curta, Lula reage como leão.

CARAVANA

Ex-presidente ruge forte e mostra as garras; ideia de retomar Caravanas da Cidadania significa colocar a campanha presidencial na rua; mesmo que não venha a ser candidato, suspense em torno de Lula poderá durar até o último minuto; provocado, ele já corre para a frente e para baixo, na direção da população sob a elite, como sempre fez em sua vida; tem funcionado.

 

Um discurso. Foi o suficiente para o ex-presidente Lula, de Paris, mexer totalmente no quadro político do momento e na cena eleitoral de 2014. Rugindo forte na posição de fera política acuada por denúncias de corrupção em sua gestão como presidente e entre os amigos e auxiliares mais próximos a ele, Lula também fez questão de mostrar as garras.

O anúncio, em Paris, de que está disposto a retomar as Caravanas da Cidadania equivale ao lançamento, na prática, de sua candidatura de volta ao Palácio do Planalto. Já se sabe, agora, como ele vai tentar, mas ninguém tem certeza se ele levará o projeto até o fim. Lula introduziu, a seu favor, na cena política atual e no quadro eleitoral de 2014, o elemento do suspense. De quebra, buscou sair da posição defensiva para a de protetor da presidente Dilma, que antecipou-lhe, na terça-feira 11, a primeira solidariedade diante das denúnicas do publicitário Marcos Valério.

Na tentativa de sair do corner ao qual foi imprensado, Lula despertou o velho instinto de critica do PT. Não por menos, o lider Jilmar Tatto não fala em outro assunto que não a lista de Furnas e o mensalão do PSDB. Entre apoiadores informais, redes sociais já vão sendo organizadas em defesa de Lula, com a adesão de milhares de internautas.

Por onde andar, Lula terá atrás de si toda a mídia. Será notícia, como já aconteceu nas outras edições das Caravanas, todos os dias. Agora, com a ampliação e pulverização da mídia, todos os minutos. Com elas, Lula volta ao noticiário como agente propositivo.

Agora que quebrou o silêncio, antes mesmo da saída da primeira caravana, o ex-presidente deverá, ao seu modo, em novos pronunciamentos e até em vídeos a serem postados na sua página virtual, participar novamente do que ele chama de “luta política”.

Foi assim no ano passado, quando remexeu em todas as principais articulação do PT para a eleição municipal e carregou Fernando Haddad até o cargo de prefeito de São Paulo. Fora assim dois anos atrás, quando criou a candidatura, guiou a campanha e instalou a candidata Dilma Rousseff na Presidência da República. E antes, ainda: todas as vezes em que se viu pressionado em sua carreira, Lula obedeceu ao instinto de ultrapassar a elite para encontrar-se diretamente com a população.

Nos tempos de sindicalista, gostava das portas de fábrica tanto quanto das grandes assembléias. Como político, jamais abriu mão do corpo a corpo num país de dimensões continentais. À exceção de Luis Carlos Prestes, com a Coluna Prestes, nenhum outro político brasileiro tentou o mesmo caminho. Assim como Prestes, que era perseguido pelos militares, Lula se diz perseguido por seus adversários. As semelhanças não são meras coincidências.

As Caravanas da Cidadania são a expressão mais bem elaborada da maneira de Lula encontrar-se com o seu eleitor. Abertas a improvisos, mas formatadas com organização, elas permitem que o ex-presidente adote pose de candidato sem sê-lo necessariamente. Em tese, Lula, com sua série já executada de incursões de ônibus pelos rincões do Brasil, colhe subsídios para entender melhor o país. Na prática, vai juntando apoios eleitorais, quebrando resistências, formando alianças em cada município e distrito. Uma amarração direta, forte, que o ajudou a vencer a eleição presidencial por duas vezes. O movimento do ex-presidente, goste-se dele ou não, parece mesmo uma jogada de mestre.

 

Vania Petralha Guarani Kaiowá Grossi

DN PT: RESOLUÇÃO SOBRE O RESULTADO DAS ELEIÇÕES

 

 

RESOLUÇÃO SOBRE O RESULTADO DAS ELEIÇÕES

Ao final do primeiro turno das eleições municipais deste ano, a Comissão Executiva Nacional saudou a vitória do PT, o partido mais votado no País, com 17,2 milhões de votos, com o maior número de votos de legenda e que obteve as maiores votações relativas para jovens e mulheres.

Na mesma resolução, de 10 de outubro, a CEN atribuiu o resultado eleitoral a uma série de fatores, entre eles a criatividade e pertinência das propostas que apresentamos para resolver os problemas de cada município; o exemplo globalmente exitoso de nossos governos municipais, estaduais e federal; o prestígio de nossas candidaturas e lideranças, com destaque para Lula e Dilma; nossa capacidade de construir alianças sociais e políticas, tendo como referência a base de apoio de nosso governo federal; e, como fator principal, a animação, a persistência e a combatividade da militância petista.

Concluído o segundo turno, a vitória na capital de São Paulo — principal reduto tucano e dos grandes grupos que se opõem ao nosso projeto nacional – ressaltou ainda mais o desempenho do primeiro turno. Até porque o resultado foi obtido em meio a uma feroz campanha promovida pela oposição de direita e seus aliados na mídia, cujo objetivo é o de criminalizar o PT.

A voz do povo nas urnas suplantou, mais uma vez, os que vaticinavam o desaparecimento do Partido dos Trabalhadores!

É inegável que o resultado das eleições municipais, visto nacionalmente, reforça o novo projeto político instituído no Brasil e enfraquece relativamente o antigo, aquele sob o domínio do pensamento e da agenda neoliberal.

Considerando os votos obtidos e a agenda programática que hegemonizou a eleição, o neoliberalismo encolheu. Perdeu em lugares que utilizava como baluarte. E, por oportunismo, por demagogia, mas sobretudo porque vem sofrendo derrotas reais no Brasil e no mundo, o neoliberalismo fugiu do confronto programático. Até o ponto de, em muitas cidades, candidatos terem se apropriado indevidamente, em suas campanhas, das imagens e mesmo falas da presidenta Dilma e do ex-presidente Lula.

A esquerda avançou (talvez, menos do que podia) e a direita recuou (embora menos do que merecia). Esse deslocamento da correlação de forças a favor do projeto político democrático-popular deve ser bastante realçado porque ele se deu, como já mencionado, em meio a intensa campanha reacionária dirigida contra o PT e contra o pluralismo democrático. Campanha que prossegue, fora do parlamento e do processo eleitoral, que estimula o preconceito contra a política e cujo conteúdo, guardadas as diferenças históricas, se assemelha ao conhecido golpismo udenista.

Essas são as vitórias, incontestáveis, do projeto político que defendemos na recente disputa eleitoral.

Tal constatação não permite, porém, incidir numa ilusão ufanista, triunfal. A par da  vitória nacional reconhecida a contragosto inclusive pelos adversários, sofremos derrotas regionais ou locais, para as quais concorreram diversos fatores que devemos também compreender. É tarefa das direções estaduais e municipais, com nosso acompanhamento, aplicar-se a esta análise. Mas tanto mais fecundo será o balanço quando feito de forma integrada a  um ponto de vista nacional. Até porque a eleição apontou a existência de problemas nacionais que devem ser enfrentados.

Dentre os fatores causais das vitórias e derrotas cabe, desde já, destacar o valor da nossa militância, que mais uma vez compareceu e fez a diferença. Mesmo quando o resultado eleitoral não nos favoreceu, o partido cresceu nas campanhas mobilizadoras da militância e dos filiados e nossas idéias chegaram com mais força ao povo. O PT mostrou capacidade de disputa em todo o território, das pequenas e médias cidades às grandes. Temos hoje um partido mais forte.

Também é preciso realçar o valor inestimável da unidade.

A do PT: onde ela foi alcançada, abriram-se mais espaços para a mobilização, criatividade e capacidade de convencimento das nossas propostas e candidaturas. Onde não se constituiu, tudo ficou mais difícil. A unidade é fundamental antes e durante o processo eleitoral, mas também agora, no pós-eleitoral e na preparação de novas jornadas partidárias. Nossos balanços e desdobramentos das eleições devem garantir o marco da unidade partidária, garantido o amplo debate, como condição para construir vitórias no presente e no futuro.

E, do campo popular: onde se realizou foi uma alavanca importante para a vitória. Mas, em diversas situações, não por falta de esforço do PT, não se viabilizou a frente com partidos situados à esquerda do espectro partidário brasileiro e que se aliaram ao PT desde a primeira eleição de Lula. E, nesse caso, também a tendência foi sempre de maior risco de derrota. A unidade do campo popular contribui para ampliar alianças programáticas e continua a ser uma referência de construção política do PT para 2014.

A evolução do quadro partidário deve estar no centro de nosso acompanhamento da conjuntura, pois a eleição recente mostrou possibilidades de dispersão de forças e mesmo situações em que se formaram frentes anti-PT da qual participaram partidos cujo lugar coerente seria em torno de um programa democrático-popular e ao lado do PT. Não devemos, portanto, subestimar as possibilidades de a oposição, num quadro diferente do atual, vir a ampliar sua base política e social.

Mais que nunca a reforma política e eleitoral é reconhecida como necessária para a construção da democracia brasileira. Considerando o debate já realizado e as definições adotadas em congresso partidário, especialmente o financiamento público, caberá reafirmar nosso apoio aos esforços de nossas bancadas no Congresso Nacional pela aprovação da Reforma Política e dar novo passo no sentido de uma campanha em torno a um projeto de iniciativa popular visando à sua aprovação.

Do mesmo modo, a ampliação dos espaços de debate, de informação e de circulação de idéias é fundamental para o combate aos preconceitos e às manipulações ideológicas, culturais e religiosas. Eles continuam a marcar presença na cena política brasileira e são instrumentalizados pela direita e pela mídia conservadora, que vão se tornando, cada vez mais, uma simbiose obscurantista. Nosso partido defende a mais ampla liberdade de expressão. A Constituição brasileira tem inscrito princípios que afirmam essa liberdade e que devem ser regulamentados levando também em consideração os novos e amplos meios de comunicação.

Outra conclusão que o PT extrai das últimas eleições: aos avanços econômicos e sociais que o nosso projeto político vem implementando e que o povo brasileiro vem assumindo com seu trabalho, sua participação e com seu voto, precisa corresponder um novo ciclo de democratização política e participação popular. Com destaque para a democratização da comunicação social, inclusive para evitar que ocorram – como ocorreu nestas eleições – campanhas midiáticas com o claro objetivo de incidir no processo eleitoral.

As conquistas dos governos Lula e Dilma, que nossos candidatos tão orgulhosamente reivindicaram, só podem ser defendidas, desenvolvidas e aplicadas como conquistas do povo, nas quais o PT e a esquerda são, e podem reivindicar-se disso, autores. Mas não se trata de uma obra “beneficente” e tampouco neutra, uma “doação” à qual qualquer partido possa iludir o povo e dizer, demagogicamente, como muitos fizeram, que são co-autores ou que possam desenvolvê-las autenticamente.

Quando o programa colocado em prática pelos nossos governos Lula e Dilma passa ser tão reconhecido e apoiado pelo povo, quando viram referência de política pública, quando os programas de direita são escondidos pela própria direita, quando alcançamos um certo grau de hegemonia programática, é preciso também perceber a necessidade de novos avanços, sobretudo em consciência política e em participação democrática.

Nesse sentido, também devemos destacar que as eleições revelam, e cobram, novas tarefas do Partido dos Trabalhadores na luta pela transformação brasileira. Por isso cabe falar em atualizar nosso programa, aprimorar o modo petista de governar e consolidar nossas conquistas eleitorais – que estão presentes não somente nos casos de vitória – em novos e decisivos pontos de apoio para a grande transformação por que passa o Brasil. É fundamental aumentar a inserção do partido nas lutas sociais, reforçar nossa construção partidária como partido militante, aberto, democrático e socialista.

Em 2013, estaremos celebrando a primeira década de presença do PT na Presidência da República no Brasil. É também o ano de eleição de nossas direções partidárias, e faremos de tudo para que seja mais uma experiência de ampla participação da base do partido e um momento de consolidação da democracia fortemente reafirmada e aprofundada pelo nosso 4º Congresso. O PED é também um processo público, que os movimentos sociais e mesmo parcelas importantes do nosso povo estarão olhando com atenção nossos debates, nossos métodos de decisão, e as resultantes em termos programáticos.

Nossa direção, nossas correntes internas, nós, como militantes, devemos nos esforçar para combinar esse processo democrático e mobilizador sem paralelo com o conteúdo do debate e das respostas coletivas aos estimulantes desafios da transformação democrático-popular em curso no Brasil. É nesse sentido que devemos convocar o 5º Congresso partidário a se realizar em início de 2014, elegendo seus delegados e delegadas no PED e tendo como agenda principal um programa para o Brasil, a partir do que já conquistamos e à altura das esperanças do povo brasileiro.

 

Brasília, 07 de dezembro de 2012

Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores

REDUÇÃO DA CONTA DE LUZ SERÁ ARMA ELEITORAL EM 2014

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Para garantir a redução prometida de 20% nas tarifas, a presidente Dilma Rousseff sinaliza que irá usar recursos do Tesouro Nacional e ataca “insensibilidade” dos adversários; tucanos reagem e, enquanto Aécio Neves diz que Dilma “não tem moral” para criticá-lo, José Aníbal fala em tentativa de ofuscar o Pibinho e o caso Rosemary

 

 

http://www.brasil247.com/pt/247/minas247/87168/Redu%C3%A7%C3%A3o-da-conta-de-luz-ser%C3%A1-arma-eleitoral-em-2014.htm

 

247 – A conta é relativamente simples. Se a presidente Dilma Rousseff conseguir levar adiante seu plano de redução das tarifas de energia em 20% já no início de 2013, a inflação dos próximos doze meses, do IPCA, índice usado como parâmetro do regime de metas, será reduzida em 1,5 ponto percentual. Portanto, será possível cumprir a meta de 4,5% (com dois pontos a mais ou a menos de tolerância) sem maiores sacrifícios. Será possível até avançar na política de redução de juros, trazendo a taxa Selic para 7% ao ano ­– ou até menos.

Juros menores significam menos gastos para o Tesouro Nacional, com o serviço da dívida pública, e mais espaço para investimento. Por isso mesmo, do ponto de vista econômico, a decisão da presidente Dilma Rousseff de garantir a redução das tarifas usando recursos do Tesouro – o que certamente será alvo de intensas críticas nos próximos dias (e hoje é capa do Globo) – faz sentido. Gasta-se de um lado, economiza-se de outro. E ela deixou claro que recorrerá ao Tesouro durante evento realizado ontem na Confederação Nacional da Indústria. “Reduzir o preço da energia é uma decisão da qual o governo federal não recuará, apesar de lamentar profundamente a imensa sensibilidade daqueles que não percebem a importância disso”, afirmou. “Isso vai onerar bastante o governo federal e, quando perguntarem para onde vão os recursos orçamentários do governo, uma parte irá suprir, para a indústria brasileira e a população brasileira, aquilo que outros não tiveram a coragem de fazer”.

Não por acaso, lideranças tucanas, como Sérgio Guerra, presidente do partido falaram em “estelionato eleitoral”, repetindo um bordão usado pelo PT – equivocadamente, diga-se de passagem – em 1994, ano do Plano Real. A redução da energia, assim como das taxas de juros, tende a ter ampla aceitação popular e os tucanos já se deram conta disso. Aécio Neves, pré-candidato do partido, disse que Dilma “não tem moral” para falar em insensibilidade, uma vez que o PT, nos últimos dois mandatos e meio na presidência, nada teria feito para baratear a conta de luz. José Aníbal, secretário de energia de São Paulo, bateu mais duro, dizendo que Dilma, com sua medida, tenta “desviar a atenção do Pibinho e do caso Rosemary”. Tanto a mineira Cemig como a paulista Cesp, assim como a paranaense Copel, rejeitaram o plano de renovação de concessões proposto por Dilma. O Planalto apontou uma decisão articulada pela cúpula tucana, enquanto Aníbal definiu a insinuação como “sordidez”.

Já fica claro que a conta de luz será um dos trunfos eleitorais da campanha presidencial de 2014.

Curto-circuito eleitoral

BRASÍLIA – Os insensíveis tucanos não toparam ajudar o governo a reduzir o valor das tarifas de energia elétrica e serão expostos em praça pública como inimigos dos interesses da indústria brasileira e dos consumidores residenciais.

Foi mais ou menos esse, numa leitura livre, o recado transmitido ontem pela presidente Dilma a uma plateia de empresários ao dizer que irá, sim, bancar a promessa de cortar em 20,2% as tarifas de energia.

No dia anterior, devido à recusa de empresas elétricas dos governos tucanos de São Paulo, Minas e Paraná de aderir a seu programa no setor elétrico, Dilma Rousseff havia conseguido uma redução menor, de 16,7% no ano que vem.

O discurso dilmista mostra que o Palácio do Planalto vai explorar politicamente o tema, transformando-o no primeiro embate da disputa presidencial de 2014.

A curto prazo, o vento sopra a favor do Planalto e contra os tucanos. Cortar o valor da conta de luz é pop e faz todo sentido econômico. Não por outro motivo, Dilma foi muito aplaudida quando tocou no assunto. A médio prazo, vai depender de o plano palaciano dar ou não certo.

O PSDB diz que o governo, ao forçar um corte elevado das tarifas em troca da renovação das concessões de usinas hidrelétricas, vai comprometer a capacidade de investimentos das empresas e afugentar investidores com seu intervencionismo.

Isso vai gerar, alegam os tucanos, um sistema elétrico ineficiente, com riscos de apagões constantes no futuro. Aqui e ali, analistas concordam com tal ponto de vista.

Dilma, porém, não admite rediscutir seu programa e confia na sua viabilidade. A decisão das elétricas tucanas levanta dúvidas a respeito. Afinal, ninguém abre mão de um negócio só por questões políticas.

Enfim, criou-se o primeiro curto-circuito eleitoral, com troca de faíscas entre Dilma e o potencial candidato tucano Aécio Neves. Alguém sairá tostado dessa refrega.

Valdo CruzValdo Cruz é repórter especial da Folha e colunista da Folha.com. Cobre os bastidores do mundo da política e da economia em Brasília. Escreve às terças-feiras no site da Folha.

LULA EM SÃO PAULO PODE SER GOLPE FATAL NO PSDB

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Mais do que um capricho do ex-presidente Lula, a conquista do Palácio dos Bandeirantes, anunciada nesta segunda-feira pelo marqueteiro João Santana, é parte essencial do projeto petista de poder. As cartas, pelo lado do PT, já estão na mesa: Dilma é candidata à reeleição, Lula o nome para São Paulo e Fernando Haddad a aposta para o futuro. Será que Geraldo Alckmin é páreo para este exército? E o que José Serra e FHC podem fazer?

247 – Deve-se ao jornalista Fernando Rodrigues, da Folha de S. Paulo, a revelação política mais importante do ano – que já vinha sendo sussurrada em algumas rodas, mas jamais confirmada. Luiz Inácio Lula da Silva, ex-presidente da República, poderá ser o candidato petista ao governo de São Paulo, em 2014. A sugestão foi feita por João Santana, marqueteiro oficial do PT. “Vou fazer uma provocação. É uma pena o nosso candidato imbatível, Lula, não aceitar nem pensar nesta ideia de concorrer a governador de São Paulo. Você já imaginou uma chapa com Lula para governador tendo Gabriel Chalita, do PMDB, como candidato a vice? E mais do que isso. Já imaginou o que seria, para o Brasil, Dilma reeleita presidenta, Lula governador de São Paulo e Fernando Haddad prefeito da capital? Daria uma aceleração incrível no modelo de desenvolvimento econômico e avanço social que o Brasil vem vivendo. [Mas] ele não aceita. Se isso sair publicado ele vai xingar até a minha quinta geração”, disse ele.

João Santana, que, além de marqueteiro, é também um experiente jornalista, não diria o que disse à Folha se não tivesse a certeza de que seria publicado. Mais: provavelmente o fez, com o conhecimento do ex-presidente Lula e da presidente Dilma Rousseff. Com a entrevista, o PT praticamente colocou todas as suas cartas na mesa. Dilma é candidata à reeleição, encerrando as especulações sobre uma eventual volta de Lula em 2014, o ex-presidente é a carta na manga para a conquista do Palácio dos Bandeirantes e Fernando Haddad será preparado para futuras disputas presidenciais.

Diante desse exército, o PSDB corre o risco de sofrer um golpe fatal em 2014. Nas últimas eleições municipais, o PT venceu nas cidades mais ricas do estado, como a própria capital, além de São Bernardo do Campo, Guarulhos, Osasco e São José dos Campos. Irá administrar a maior parte dos orçamentos municipais paulistas e terá plenas condições de organizar uma campanha poderosa rumo ao Palácio dos Bandeirantes.

Do lado tucano, José Serra está desgastado pelas derrotas que sofreu nas últimas eleições, Fernando Henrique Cardoso prega renovação sem apontar novos quadros e Geraldo Alckmin irá desgastado para a tentativa de reeleição. Pesquisa Datafolha publicada neste domingo aponta queda acentuada de sua popularidade, em função da escalada da violência em São Paulo.

Mais do que um simples capricho de Lula, a conquista da maior fortaleza tucana em 2014 desmontaria a única máquina política que hoje é capaz de rivalizar com o PT e tem grande influência sobre os meios de comunicação. “Lula não tem um projeto pessoal de poder”, disse Paulo Okamotto, seu braço direito, no dia da comemoração da vitória de Fernando Haddad. “Seu projeto é o PT”.

Nos próximos meses, a guerra política tende a se acentuar, com a intensificação dos ataques a Lula. Em 1946, Getúlio Vargas, que era odiado pela elite de São Paulo, em razão das feridas de 1932, concorreu pelo estado e foi o senador mais votado do País. Lula, inspirado em Getúlio, pode estar

Lindbergh Farias é aclamado como pré-candidato do PT ao governo do estado em 2014.

 

 

Lindbergh Farias é aclamado como pré-candidato do PT ao governo do estado em 2014.

Por aclamação, o Diretório Estadual do Partido dos Trabalhadores decidiu lançar a candidatura do senador Lindberg Farias ao governo do estado na manhã desde domingo, 11 de novembro. Cerca de trezentos militantes do PT se reuniram no Sindicato dos Petroleiros (Sindipetro), centro do Rio, e decidiram que Lindberg é o melhor nome para representar o partido na eleição estadual de 2014. Jorge Florêncio, presidente do Diretório Estadual do PT, disse que a candidatura do senador tem a aprovação de todas as correntes do partido. “Nenhuma das propostas apresentada, pelas mais diversas correntes, sugere que Lindbergh abra mão da candidatura. O senador é o nosso candidato”.

Lindbergh abriu o encontro e anunciou que a largada da sua “Caravana da Cidadania” começará em fevereiro, na cidade de Japeri. Várias estrelas do PT compareceram ao encontro, entre elas: os deputados federais Luiz Sérgio, Edson Santos e Benedita da Silva; os deputados estaduais André Ceciliano, Inês Pandeló, Gilberto Palmares, Zaqueu Teixeira, Robson Leite e Nilton Salomão. Prefeitos, vices e vereadores eleitos nas eleições municipais de outubro também participaram do debate que consagrou a candidatura do senador. Leia a seguir a resolução que oficializa a candidatura do senador Lindberg Farias ao governo do estado.

“O Partido dos Trabalhadores do estado do Rio de Janeiro entende que foi correta e necessária a construção da ampla política de alianças que levou às vitórias do ex-presidente Lula e da presidenta Dilma Rousseff, e de um projeto que tem demonstrado, ao logo dos últimos dez anos, que está no caminho certo como fortalecimento da economia brasileira e, principalmente, a inclusão de milhões de trabalhadores e trabalhadoras no processo produtivo e na distribuição das riquezas do país.

Entendemos também que a incorporação do PMDB a este leque de alianças foi muito importante, pois deu mais estabilidade política ao segundo governo do ex-presidente Lula e vem garantindo boa governabilidade à presidenta Dilma.

Dentro dessa perspectiva, o PT-RJ sempre se colocou à disposição do projeto nacional. E já está bem demonstrado nas sucessivas eleições que a unidade em torno do projeto nacional não é contraditória com as disputas entre partidos da base aliada em estados e capitais, como vimos, nas últimas eleições,em Recife, Fortaleza, com o PSB, e em São Paulo e Salvador, com o PMDB.

Grandes partidos como o PT e o PMDB sempre vão disputar eleições visando acumular forças para conquistar mais espaços políticos. Por isso é natural e legítimo que o PT se apresente com candidatura própria no estado do Rio de Janeiro. O caminho pra a inédita vitória com o PT na cabeça da chapa para o governo do estado está aberto à nossa frente, e temos um nome fortíssimo para isso: o do senador Lindberg Farias.

O partido entende que somente com uma liderança jovem e carismática, como Lindberg – forte na Capital e na Região Metropolitana- é possível liderar uma ampla coalizão com o conjunto dos partidos da base aliada, ampliar nossas bancadas de deputados federais e estaduais, e ainda recuperar a influência sobre a juventude.

Pelo exposto, O Diretório Estadual do PT-RJ delibera por oficializar o nome de Lindberg Farias como pré-candidato do partido ao governo do estado em 2014″.

Diretório Estadual do Partido dos Trabalhadores/RJ

Rio de Janeiro, 11 de novembro de 2012

publicado originalmente por ronaldocastro13

Vem aí o lupitucanato

 

 

É provável que a atual direção antibrizolista do PDT (Lupi e Manoel Dias) dará apoio ao PSDB nas próximas eleições presidenciais. Aí com certeza será a derrocada total do trabalhismo, porque FHC sempre se mostrou satisfeito com o golpe de 64 que derrubou João Goulart.

Bem feito para o Jango.

Aécio Neves não pensa diferente do sociólogo-fundador do PSDB. Ambos condenam a ditadura de 64 do ponto de vista formal, mas não o conteúdo econômico multinacional da ditadura. Não nos esqueçamos que o golpe de 64 foi articulado pela CIA de Lincoln Gordon e Warnes.

O tucanato é o principal agente e porta-voz do capital estrangeiro. Imaginemos quão vexatório e desastroso será um PDT defendendo (em nome de Leonel Brizola e Darcy Ribeiro) o capital estrangeiro como fator de progresso do Brasil?

É provável que o senador Cristovam Buarque, conhecido como Bu-Bu nos tapetes elegantes do Banco Mundial, venha a aderir entusiasticamente ao lupitucanato. Afinal, o senador Buarque deve a Lupi e Dias sua candidatura a presidente da República pelo PDT em 2006.

De Buarque a Aécio é só uma questão de abrir a porta e não de doutrina política. Ademais, Lupi e Dias estão esturricados no campo da esquerda, estão politicamente desmoralizados, portanto só lhes resta furar de vez o alambrado e trilhar o caminho escancarado da direita.

Rodeada de bancos estrangeiros por todos os lados, na Avenida Paulista a caravana do lupitucanato será certamente saudada por Trajano Ribeiro. Enquanto isso no cemitério de São Borja Dona Neuza Goulart tremerá no tumulo.