Marcharemos pelas ruas de Brasília em março para cobrar a pauta dos trabalhadores, afirma presidente da CUT

 

Na celebração dos 30 anos, Central pressionará governo por propostas da Assembleia da Classe Trabalhadora

Escrito por: Luiz Carvalho

 

 

Benefícios a setores que alegam desindustrialização não pode ser diminuição de direitos, destaca Vagner Freitas

Benefícios a setores que alegam desindustrialização não pode ser diminuição de direitos, destaca Vagner Freitas

Em 2010, a Central Única dos Trabalhadores e as demais centrais sindicais realizaram um ato unificado no estádio do Pacaembu, em São Paulo. Dessa unidade, saiu um documento que foi entregue ao governo federal, então comandado pelo presidente Lula, mas quase nada avançou.

Neste ano, quando completa 30 anos de luta, a CUT retoma justamente essa agenda e volta a Brasília com toda sua militância para pressionar pela mudança de cenário.

“O erro está em não receber as centrais sindicais para fazer um contraponto, isso é o que gera descontentamento”, afirma na entrevista abaixo o presidente da Central, Vagner Freitas, ao comentar sobre a presidenta Dilma Rousseff receber a Confederação Nacional da Indústria pra discutir flexibilização de direitos trabalhistas.

Na conversa com o Portal da CUT, Freitas fala ainda sobre o debate sobre a desindustrialização no país e o embate para frear o processo de criminalização dos movimentos sociais.

Em 2013, a CUT completa 30 anos de luta. Como a Central pretende celebrar essas três décadas em defesa da classe trabalhadora?
Vagner Freitas Iremos enfatizar o nosso papel na consolidação da democracia, para a organização dos trabalhadores e para a sociedade civil como temos hoje. Por isso, o mote da nossa comemoração será “A CUT ajudou a mudar o Brasil”. Estivemos presentes em cada passagem histórica importante para ao país, na luta contra a ditadura, no movimento “Diretas Já!”, no impeachment do Collor, nas Caravanas da Cidadania, que construíram condições para a eleição de um metalúrgico fundador da Central. Nos últimos 30 anos, nenhum fato importante deixou de ter a ampla participação dos trabalhadores por meio de sua maior representação. Vamos fazer comemoração de luta porque queremos exaltar essa trajetória, mas também preparar a CUT para as próximas décadas, numa conjuntura muito mais favorável do que quando fundamos a Central, graças ao trabalho que fizemos, inclusive, na sustentação de dois governos populares fundamentais para os trabalhadores, primeiro o do presidente Lula e, depois, o da presidenta Dilma, que completam 10 anos em 2013. Trata-se de uma década de transformação da sociedade, com diminuição da desigualdade, a retirada de mais de 40 milhões de brasileiros da extrema pobreza, alargamento do mercado de trabalho, avanço na relação capital-trabalho com mais direitos e mais conquistas, valorização do poder de compra do salário mínimo. E, principalmente, a demonstração de que a esquerda e os movimentos sociais podem administrar o país melhor do que a direita, para a qual só resta tentar quebrar a auto-estima obtida pela classe trabalhadora, derrubando um dos seus principais ícones, o ex-presidente Lula. Isso nós não vamos permitir.

Qual o papel da CUT nessa mudança de paradigma governamental?
Freitas As transformações não teriam existido sem a CUT. Não haveria Lula sem CUT, não haveria Lula sem organização dos trabalhadores, inclusive, anterior à própria formação da Central. Não haveria Lula sem a criação do PT, que é uma proposta advinda do movimento sindical para ter uma plataforma de transformação da sociedade além da negociação salarial. E mesmo não concordando com tudo que esse governo faz, mesmo considerando que é um governo de coalizão, inclusive com setores da direita, acreditamos que foi e está sendo extremamente salutar para a classe trabalhadora, se compararmos o ciclo Lula-Dilma com o dos Fernandos, dando a nós um patamar superior para fazer o enfrentamento. Na disputa por espaço na sociedade estamos muito melhor colocados do que há 10 anos, mas não queremos saudosismo nos 30 anos da CUT e nem achar que já cumprimos o nosso papel.

A partir desses avanços que você citou, o que ainda precisa ser feito?
Freitas O presidente Lula tem dito que vai retomar a Caravana da Cidadania, rodando país afora evocando as transformações realizadas. Queremos estar presentes, porque somos parte fundamental proponente desse processo, mas também deixar claro o que falta fazer. Apesar dos avanços, ainda convivemos com uma absurda concentração de renda e queremos que o crescimento do Brasil seja revertido para a diminuição da desigualdade. Precisamos também de reformas na educação, na política, tributária e da reforma agrária para que as transformações econômicas virem conquistas políticas. Além disso, precisamos de um novo marco regulatório nas comunicações, o que não significa controle de opinião, mas democratização do direito à informação. E também combater a judicialização da política, essa exacerbação de uma parcela do Poder Judiciário passando por cima do Legislativo e do Executivo e não mais fazendo o papel de mediador quando não há acordo nas relações sociais, mas determinante da ordem social a partir da ótica de um ambiente onde não há democracia porque não há eleição e nem participação popular.

Contra a criminalização e o preconceito, só a mobilização, defende presidente da CUT

Contra a criminalização e o preconceito, só a mobilização, defende presidente da CUT

Especificamente sobre a pauta trabalhista, qual a agenda da CUT para este início de ano?
FreitasJá no dia 23 de janeiro, todas as centrais sindicais irão se reunir e retomar a agenda da Assembleia Nacional da Classe Trabalhadora, que nós realizamos no estádio do Pacaembu, em São Paulo, em 2010, e da qual tiramos uma pauta que pouco avançou. Recentemente tivemos a conquista da isenção de IR sobre a PLR de trabalhadores que ganham até R$ 6 mil, tivemos algumas questões pontuais, como a PEC das trabalhadoras domésticas, que caminha no Congresso, a aprovação do Código Florestal, a Conferência do Trabalho decente, mas é muito pontual. Precisamos que nossa pauta seja destravada e que o governo tenha sensibilidade pra perceber a necessidade de dar maior atenção à classe trabalhadora, que é o sustentáculo desse governo. Por isso, no dia 6 de março faremos uma marcha em Brasília para entregar novamente a pauta com as propostas da Assembleia da Classe Trabalhadora, dessa vez mais enxuta. E entendemos que é uma entrega de pauta para abertura de um processo de negociação, porque voltaremos às ruas da capital federal, provavelmente na última semana de abril, com o objetivo de cobrar uma resposta do governo. Esperamos que nas celebrações deste 1º de maio já possamos anunciar o atendimento a nossas reivindicações prioritárias: fim do fator previdenciário, redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais sem redução de salário, a regulamentação da negociação no setor público, o combate à rotatividade por meio da ratificação da Convenção 158 – que trata da demissão imotivada – e de outras medidas complementares.

A Central terminou 2012 discutindo o processo de desindustrialização no Brasil. Como a CUT discutirá esse tema em 2013?
FreitasPrimeiro, precisamos contextualizar essa discussão. Não são todos os setores da indústria brasileira que vivem esse processo. Existem setores que, por conta da concorrência internacional e da organização do Mercado, precisam de medidas internas para que não sejam penalizados. Não que estejamos preocupados com a penúria dos nossos empresários, mas sim com o impacto que chega em forma de demissão dos nossos trabalhadores. Mas, não aceitaremos que os empresários usem o argumento da desindustrialização para falar sobre a mão de obra com o objetivo de apenas retirar direitos. Não vemos problemas em o governo subsidiar a competitividade de determinados setores, desde que exista contrapartida para trabalhadores e para sociedade: precisa investir em qualificação dos trabalhadores, melhorar a qualidade do trabalho, o salário e o produto final. Nós não concebemos um Estado sem indústria, baseada na financialização da economia. Precisamos ter um parque industrial forte, porque o emprego na indústria reflete em diversas áreas e não conhecemos países que passaram para o processo de desenvolvimento sem um parque industrial forte. Não queremos ser apenas produtores de matéria-prima e deixar que o domínio sobre o desenvolvimento da tecnologia fique em outros países e sejamos tratados como cidadãos de segundo nível. Não adianta vir aqui dizer que temos diversas montadoras no Brasil, se não somos nós que produzimos as peças, apenas pegamos o quem vem pronto e encaixamos. Não adianta também dar incentivos para o setor calçadista, por exemplo, se a Azaléia fechar uma fábrica demitindo três mil no Nordeste.

Falando em flexibilização de direitos, a Confederação Nacional da Indústria apontou no final do ano 101 propostas que tratam exatamente disso e foi recebida pelo governo. Como você imagina que será o diálogo com a presidenta Dilma daqui pra frente?
FreitasCorretamente o governo recebeu a CNI porque foi eleito para receber todos os setores que tenham propostas. O erro está em não receber as centrais sindicais para fazer um contraponto. Isso é o que gera nosso descontentamento, só ouvir um lado. A pauta apresentada pela CNI é uma catástrofe para a classe trabalhadora e para o Brasil e diametralmente contrária ao que pregamos. Os empresários são muito importantes para o país, mas não há empresa sem trabalhador. E, repito, desde que fizemos a Assembleia da Classe Trabalhadora no Pacaembu, nossa pauta permanece parada no Congresso e no governo. O governo precisa ver as propostas a partir da ótica dos trabalhadores. Essa da CNI serve só para a CNI, não serve para o Brasil e a CUT vai combatê-la.

Em algumas das suas intervenções em 2012 você destacou a necessidade de lutar contra a criminalização dos movimentos sociais. Como essa luta acontecerá?
FreitasÉ inconcebível que ainda não tenhamos organização por local de trabalho e que se entenda que lugar de sindicato ainda é da porta da escola, do banco e da empresa pra fora. O sindicato tem que estar no local de trabalho pra resolver o conflito no momento em que ele acontece. Não é possível que continuemos sem negociação coletiva para a grande parte das categorias, que são vítimas do dissídio coletivo e da intervenção do poder normativo da Justiça do Trabalho, judicialização da relação capital-trabalho. Isso é arcaico e precisamos mudar isso. E a criminalização dos movimentos sociais vem dentro desse viés de entender que os sindicatos são ruins para o Brasil. O modelo de organização social no país é um dos mais ricos do mundo e deve ser visto como um legado conquistado a partir da organização da sociedade brasileira. A criminalização não é só quando um dirigente sindical é assassinado, preso, mas também quando você estabelece o início de um acordo entre um sindicato e uma empresa ou setor patronal e o resultado não é reconhecido pela Justiça, que não enxerga os atores como aptos a decidir. Há também um aspecto político, porque o julgamento do Mensalão, com a teoria do domínio dos fatos, deixa abertura para que seja aplicado o mesmo princípio em outras situações, como aconteceu em Rondônia, onde o companheiro Udo Wahlbrink, ficou preso durante 90 dias devido a uma ocupação de terra que ocorreu a mil quilômetros, por ser presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Vilhena, Ao ser clientelista, ao fazer um julgamento pra punir o PT e o Lula, o Supremo Tribunal Federal abriu um leque para criminalizar todo o movimento social brasileiro. Precisamos organizar no Brasil um movimento em torno da valorização da democracia, para que contratos não sejam quebrados, contra a intolerância de um setor diante do outro, contra o mando da informação por meio de uma mídia que tem seis ou sete famílias donos de televisão, jornal site, produtora, revista. Nesses 30 anos da CUT e 10 de governo democrático e popular devemos aproveitar para deixar claro que não toleraremos nenhum tipo de atentado contra a democracia, de tentativa de regime de exceção. O Brasil não é o Paraguai, não vai se depor a Dilma como se depôs o Lugo. Aqui temos uma classe organizada que tem capacidade de resistência. Contra a criminalização e o preconceito, só a mobilização.

Patrões derrotam Convenção 158 da OIT (via @BlogdoMiro)

Por Marcos Verlaine, no sítio do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap):

Depois de quatro horas de “debate”, a maioria da Comissão de Trabalho da Câmara rejeitou a Convenção 158, da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que protege o trabalhador contra a demissão imotivada, com a aprovação do parecer contrário do relator, deputado Sabino Castelo Branco (PTB-PE). Sob a batuta da CNI (Confederação Nacional da Indústria), o relatório contra a Mensagem Presidencial 59/08 foi aprovado por 17 votos favoráveis e oito contrários.

O relator, que em 2010 havia apresentado parecer favorável à mensagem presidencial, mudou completamente o voto e não justificou oralmente as razões da mudança repentina e radical.

Minoritária na Comissão, a bancada sindical fez de tudo para evitar a aprovação do parecer, que está em franco desacordo com a agenda unitária dos trabalhadores. Contraditoriamente, talvez por não ser defensável o parecer, nenhum deputado da bancada empresarial falou a favor do texto de Sabino, embora concordasse com ele.

Nem o relator defendeu ou explicou seu voto, já que mudou radicalmente de posição num espaço curto de tempo. Ele também não se pronunciou sobre o conteúdo da matéria.

Ao debater a questão da regulamentação da Convenção 158, o deputado Vicentinho (PT-SP) indagou ao relator se o empregador não deve explicações ao trabalhador no momento da dispensa. E questionou também o fato de ter havido 15 milhões de contratações e 14 milhões de demissões nos últimos anos. O que demonstra uma precária relação de trabalho, que impede o assalariado de, por exemplo, se qualificar melhor.

Não se assuste

O resultado não foi novidade. Com escore semelhante, a Comissão aprovou por 17 a 7, em junho, o PL 4.330/04, do deputado Sandro Mabel (PR-GO), que regulamenta a terceirização na perspectiva empresarial. A novidade é o ritmo imposto contra a agenda dos trabalhadores.

Mas isto não deve assustar quem acompanha a política e o Congresso, pois os empresários anunciaram em março de 2010 o que pretendiam para as eleições que se avizinhavam – ampliar a representação no Congresso. Tanto os empresários das cidades, quanto os do campo.

Mais que comparecer

A pressão dos sindicalistas que compareceram à sessão desta quarta-feira, aliada à articulação que foi construída pela bancada sindical, que usou todos os recursos regimentais possíveis, surtiram certo efeito, mas foram insuficientes para aprovar a Convenção 158.

Destaque-se que a vitória patronal expõe um método antidemocrático da bancada empresarial – sem debate e por meio de “rolo compressor”.

Comparecer já foi importante, já que em outras votações os empresários tiveram e têm tido certa folga para aprovar as matérias de interesse do segmento no Congresso. É preciso também procurar os deputados e dialogar com eles sobre a agenda que interessa aos trabalhadores.

Sabino Castelo Branco disse que não foi procurado por ninguém. “Os deputados contrários ao meu parecer não me procuraram para conversar”, comentou sem entrar no mérito do relatório que apresentou.

Este argumento do relator não corresponde à realidade, pois Sabino apresentou seu novo parecer no dia 11 de julho, às vésperas do recesso parlamentar. Portanto, não houve tempo de se construir uma mediação de quem discordava do parecer, outrora favorável.

Choque de agendas

Uma por uma, a Comissão de Trabalho da Câmara com maioria conservadora, como disse o deputado Vicentinho, vai derrubando a “pauta trabalhista”, aprovada pelas centrais em 2008, em reunião na Liderança do PDT.

Primeiro aprovou a terceirização sem mediar com os trabalhadores. O PL 4.330 representa tão somente a visão empresarial-patronal sobre o tema. Agora, derrotou a Convenção 158, antes de dialogar com as centrais; numa ação ostensiva das confederações patronais na Comissão.

Para a próxima quarta-feira (17), já está pautado para votação na Comissão de Trabalho o PL 1.992/07, do Executivo, que institui a previdência complementar do servidor, matéria que não interessa ao funcionalismo, pois na prática privatiza o instituto previdenciário dos trabalhadores públicos. Ao mesmo tempo em que quer rejeitar o PLP 8/03, do deputado Maurício Rands (PT-PE), que regulamenta a demissão imotivada.

Para completar, o presidente do colegiado, deputado Silvio Costa (PTB-PE) apresentou projeto de lei (PL 1.463/11), que cria o Código de Trabalho e flexibiliza os direitos trabalhistas. Com este projeto Silvio Costa, que é empresário da educação, quer resgatar relações trabalhistas baseadas “no negociado sobre o legislado”.

Tramitação

A mensagem presidencial que regulamenta a Convenção 158 no Brasil já foi derrotada nas comissões de Relações Exteriores e Defesa Nacional; e de Trabalho, Administração e Serviço Público. Agora, a matéria vai ser examinada pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, antes de ir ao plenário, que dará a posição final sobre o tema.

Veja como votaram os membros da Comissão:

Votos contrários ao parecer de Sabino (8)

Eudes Xavier (PT-CE)

Policarpo (PT-DF)

Vicentinho (PT-SP)

Daniel Almeida (PCdoB-BA)

Paulo Pereira da Silva (PDT-SP)

Assis Melo (PCdoB-RS)

André Figueiredo (PDT-CE)**

Roberto Santiago (PV-SP)**

Votos favoráveis (17), portanto contra a Convenção 158

Gorete Pereira (PR-CE)

Sabino Castelo Branco (PTB-AM)

Andreia Zito (PSDB-RJ)

Eros Biondini (PTB-MG)

Ronaldo Nogueira (PTB-RS)

Augusto Coutinho (DEM -PE)

Laércio Oliveira (PR-SE)

Luciano Castro (PR-RR)

Walney Rocha (PTB-RJ)

Silvio Costa (PTB-PE)*

Erivelton Santana (PSC-BA)

Sandro Mabel (PR-GO)

Darcísio Perondi (PMDB-RS)**

Jutahy Junior (PSDB-BA)**

Alex Canziani (PTB-PR)**

Efraim Filho (DEM-PB)**

Henrique Oliveira (PR-AM)**

Heleno Silva (PRB-SE)**

(*) Não computa o voto do presidente do colegiado. Votaria no caso de empate da votação.

(**) Suplentes na Comissão.

Postado por Miro

Afinal quem está dividindo a classe trabalhadora?

Em artigo, três dirigentes nacionais da CUT, ligados à corrente CSD (CUT Socialista e Democrática) criticam a postura das demais centrais sindicais, a quem classificam como divisionistas.

Fonte: http://arturcut.wordpress.com

Leia o artigo:

Temos assistido nas últimas semanas uma ofensiva por parte de algumas Centrais Sindicais em questionar as ações e princípios da CUT, afirmando especialmente que esta Central está em crise, rompendo com a unidade de classe e que seu destino é o isolamento das demais Centrais Sindicais. Negritaremos aqui alguns pontos que nos permitem reafirmar porque a CUT é forte, representativa, de massas, e, essencialmente, DIFERENTE DAS OUTRAS CENTRAIS SINDICAIS. Neste momento, a tarefa do movimento sindical combativo é ir às ruas, mobilizar e pressionar o governo, em todas suas esferas, para avançar e aprofundar as mudanças necessárias ao país.

Ao longo de quase três décadas de existência este compromisso com a classe trabalhadora, conquistado e reafirmado cotidianamente através da luta, foi-se traduzindo nos números que hoje consolidam a CUT como a maior Central Sindical do Brasil, da América Latina, e a 5ª maior Central do mundo. Longe de estar em crise, a CUT atualmente tem mais de 2milhões e 300mil trabalhadores e trabalhadoras filiados, a Força Sindical, pouco mais de 870 mil, a UGT 490 mil, a CTB 483 mil, a NCST 437 mil e a CGTB 436 mil. Somando as cinco demais centrais sindicais, há cerca de 2 milhões e 400 mil sócios/as representados/as por todas essas outras Centrais. A CUT, sozinha, representa 2 milhões e 300 mil trabalhadores e trabalhadoras.

Reafirmamos o protagonismo da CUT na esquerda brasileira e como referência política para a classe trabalhadora. Construímos um movimento com a profundidade e capilaridade social necessária para disputa de hegemonia. Partimos da compreensão da necessidade de construir lutas unitárias com os diversos movimentos sociais que sejam capazes de intervir na conjuntura.

Desde sempre reivindicamos que a CUT construa alianças prioritárias com os movimentos sociais. O entendimento aqui é que a classe trabalhadora organiza-se para além do movimento sindical. Há movimentos sociais que reivindicam o protagonismo popular na construção de uma sociedade sem classes, livre do machismo, do racismo e da homofobia. E é ao lado destes movimentos representativos e com legitimidade social que a CUT deve posicionar-se.

Divisionistas contra a CUT

Para avançarmos ainda mais em nossa estratégia, é preciso considerar as acertadas experiências internacionais, que vêm buscando unidade em torno de plataformas de interesse geral da classe trabalhadora no contexto de globalização da exploração do capital. A CSI (Confederação Sindical Internacional) e a CSA (Confederação Sindical das Américas) são os instrumentos concretos de construção do novo internacionalismo sindical.

Movimento contrário ao que vivenciamos em nosso país atualmente, com inúmeras centrais sindicais, com distintas concepções e práticas, tais como posturas sectárias, conservadoras, oportunistas e combativas.

Reivindicamos a unidade da classe trabalhadora e por isso, já em 2007, quando a Corrente Sindical Classista (PCdoB) saiu da CUT, afirmávamos ser um erro histórico tal ruptura). Levantamos inclusive que este partido já tinha cometido outro erro de igual monta e sentido inverso antes, quando em 1983 se recusou a participar da fundação da CUT, mantendo uma aliança com o sindicalismo pelego e atrelado. Erraram na década de 80 por apostar na unidade com setores reacionários com os quais não era possível ter nenhuma identidade política. Erraram em 2007 por atacar a unidade arduamente construída entre os setores sindicais progressistas e de esquerda num momento histórico crucial para a classe trabalhadora. E parecem insistir novamente no erro agora em 2011 ao privilegiarem mais uma vez construir um campo político comum com o sindicalismo pelego, expressado pela Força Sindical, fundada em 1991 com apoio político e financeiro do governo Collor para combater a CUT.

Todas as experiências de centrais sindicais criadas após a CUT tiveram o sentido de enfrentamento e contraposição à Central Única dos Trabalhadores. São resultados de divisões do movimento sindical. Divisionistas em ação.

Desde sua fundação a CUT tem um compromisso intrínseco com a classe trabalhadora.  Entre seus princípios históricos está a luta pelo fim do imposto sindical e pela liberdade e autonomia sindical.

Somos contrários ao imposto sindical porque partimos do princípio militante sobre o financiamento das organizações populares. A idéia de independência de classe e de autonomia política decorre também desse princípio. O sindicato, portanto, deve ser sustentado financeiramente pela própria classe trabalhadora que ele representa e organiza. Esta, por sua vez, deve ser soberana na definição dos mecanismos de arrecadação, de sustentação e de utilização dos recursos materiais de sua entidade representativa de classe. Defendemos, assim, um sindicato que afirme a democracia na sua prática cotidiana.

Ao reafirmar que é contra o imposto sindical, a CUT definiu que utilizará os recursos oriundos desse imposto, enquanto ele durar, em: 1) mobilizações e fortalecimento das agendas de luta, como passeatas, greves, materiais de agitação de massa; 2) iniciativas de formação política sindical; 3) inserção internacional da CUT nas lutas da classe trabalhadora, principalmente na América Latina. E é exatamente isto que fazemos, vide, por exemplo, o 1º de maio da CUT este ano, que teve como foco principal a luta pelo fim do imposto e por liberdade e autonomia sindical.

É importante construir amplos movimentos em torno de campanhas e ações políticas em defesa de direitos da classe trabalhadora. Porém, a unidade deve ser construída em torno de programas políticos e não de maneira pontual e pragmática.

A CUT, mesmo não sendo a única Central, continua sendo o principal patrimônio sindical da classe trabalhadora brasileira. Em sua trajetória e em sua cultura estão projetadas as principais conquistas organizativas e políticas da classe trabalhadora brasileira desde a redemocratização. Isso não se inventa em um escritório ou em um pedaço de papel, isso é resultado da experiência concreta de milhões de trabalhadores e trabalhadoras na luta de classes! Por isso, o que não aceitamos, é que em nome de uma suposta unidade das Centrais Sindicais tenhamos que abrir mão dos princípios históricos da CUT.

Ouvimos, em um tom quase autoritário, uma outra central sindical acusar a CUT de estar se isolando das demais Centrais Sindicais, citando como exemplo o 1º de Maio supostamente unitário das Centrais sem a CUT e que foi um verdadeiro palco para estrelas da oposição ao nosso projeto político, como Kassab, Alckimin e Aécio Neves.

Para além do já afirmado aqui e também por Artur Henrique, ,há demais pontos em divergências com as Centrais que nos impedem atualmente de atuarmos conjuntamente com elas.

A agenda prioritária neste momento é aquela que impulsiona o projeto democrático e popular e conquista avanços concretos nas condições de vida do povo trabalhador. Os movimentos sociais com representatividade e legitimidade social são fundamentais e estratégicos para esta pressão ser vitoriosa. Por isso estamos junto ao MST, a Marcha Mundial das Mulheres e a CMP no dia Nacional de Mobilização em Defesa da Classe Trabalhadora na luta por trabalho decente, educação, defesa das reformas agrária, política e tributária, e pela transformação das condições de vida de mulheres e homens brasileiros.

Para impulsionar esta agenda chamamos todos e todas militantes CUTistas às ruas no próximo dia 06 de julho, dia Nacional de mobilização da CUT com os movimentos sociais!

Somos diferentes! Somos Fortes! Somos CUT!

Rosane Silva – Secretária Nacional da Mulher Trabalhadora da CUT

Rosana Sousa – Secretária Nacional de Juventude da CUT

Dary Beck Filho – Diretor da Executiva Nacional da CUT

CUT anuncia afastamento das outras centrais. Centrais repelem proposta da CUT e apelam por unidade.

CUT anuncia afastamento das outras centrais.

A longa parceria que as principais centrais sindicais viveram nos governos Lula e nas eleições presidenciais de 2010 parece muito próxima do fim. Maior das centrais, com quase 39% dos trabalhadores sindicalizados, a CUT decidiu marcar suas diferenças com as outras entidades. Os motivos vão da política pré-eleitoral para 2012 e 2014 às questões próprias dos sindicatos e às divergências expostas pelas centrais durante o recente processo de decisão do salário mínimo.

“Cada vez mais ficará clara nossa diferença com relação à Força Sindical e às demais centrais. Estamos chegando ao limite da parceria. Nesses anos, a CUT acabou construindo mais pautas conjuntas. Mas, se a CUT não se voltar mais para as relações do trabalho, para as mudanças que estão ocorrendo, vai acabar ficando do lado de fora”, anunciou a Brasília Confidencial o presidente nacional da Central Única dos Trabalhadores, Artur Henrique.

As centrais devem se reunir com os movimentos populares entre os dias 21 e 25. Devem também participar juntas das possíveis mobilizações contra a política econômica e por reformas estruturais. Mas, de acordo com Artur, o distanciamento será crescente. A CUT quer, por exemplo, acabar rapidamente com o imposto sindical e o que chama de sindicatos de gaveta.

“Essa é uma grande bandeira que a CUT deverá levar sem as demais centrais. E isso é incompatível”, afirma Artur.

O casamento que a CUT pretende desfazer se deu logo no início do primeiro Governo Lula, quando foi criado o Fórum Nacional do Trabalho. As centrais e as entidades representantes do patronato discutiam as políticas trabalhistas.

“Havia uma harmonia necessária, porque as centrais precisavam se unir para discutir com as empresas, sem muitas divisões, o que não é mais o caso. Vamos manter nossa participação em agendas comuns, pois a luta de classes continua, mas marcaremos mais nossas diferenças”, reafirma Artur.

Depois da união com a Força Sindical e outras centrais em torno da candidatura presidencial de Dilma Rousseff, no ano passado, o acordo político entre as centrais também está prestes a desmoronar. Uma das grandes preocupações da CUT é a aproximação da Força Sindical e de outras centrais a governos do PSDB.

“Há um debate político que precisa ser feito. Algumas centrais confundem seu papel e já ensaiam sua atuação para as eleições de 2012. Aqui na CUT é diferente. Um dirigente não pode acumular o cargo com um cargo de deputado, por exemplo. E nós não faremos coro ao PSDB e ao DEM, assim como não apoiaremos ou atacaremos o Governo Dilma cegamente”, diz o principal dirigente da CUT.

O presidente da Força Sindical e do PDT em São Paulo, deputado federal Paulo Pereira da Silva, diz que não vê riscos de ruptura com o Governo Dilma ou mesmo entre as centrais.

“Nós, inclusive, vamos convidar Dilma para o nosso 1º. de Maio. Nós vamos aumentar a pressão ao governo, porque não gostamos da política de arrocho que está sinalizada, mas o que queremos é que a presidente venha para o nosso lado”.

O secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna, também disse não acreditar em um rompimento entre as centrais.

“O que acontece é que a CUT foi criada nos anos 80, com uma ideia de central única que prevalecia na época. Algumas correntes da CUT ainda defendem isso. Nós viemos depois da queda do muro de Berlim e não temos o mesmo ideário político”, disse Juruna lembrando que a direção da Força reúne membros do PSDB, além do PDT.

“As eleições de 2012 e 2014 quem está decidindo são os partidos. Nos sindicatos somos plurais”.

O poderio das centrais entre os 4,8 milhões de trabalhadores sindicalizados:

Central Única dos Trabalhadores: índice de representatividade de 38,23%.

Força Sindical: índice de representatividade de 13,71%.

CTB – Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil: índice de

representatividade de 7,55%.

UGT – União Geral dos Trabalhadores: índice de representatividade de 7,19%.

NCST – Nova Central Sindical de Trabalhadores: índice de representatividade de 6,69%.

CGTB – Central Geral dos Trabalhadores do Brasil: índice de representatividade de 5,04%

 

Centrais repelem proposta da CUT e apelam por unidade

As centrais sindicais apelaram ontem à CUT (Central Única dos Trabalhadores) em favor da manutenção da unidade de ação. Como Brasília Confidencial antecipou na edição de ontem, a maior central do país quer encerrar a parceria iniciada há oito anos com as demais entidades. Na tarde passada, a Força Sindical, CTB, UGT e Nova Central emitiram nota afirmando que “introduzir no debate o fim da contribuição sindical”, como a CUT decidiu fazer, é uma forma de romper o processo de unidade das centrais.

A briga é travada em torno de vários temas e ameaça embaralhar o apoio unitário dos sindicatos à presidente Dilma Rousseff. Os presidentes da CUT, Artur Henrique, e da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), têm acirrado sua briga pela internet, com entrevistas, artigos em blogs e mensagens no Twitter. Paulinho disse estar “de saco cheio do PT”, em entrevista ao Terra Magazine, e Artur respondeu, inclusive em seu twitter, que “Paulinho está louco para sentar no colo do PSDB”. O líder da CUT ainda comparou as demais centrais a uma “velharia”, porque defendem o imposto sindical. E ontem declarou que “a Força foi montada com dinheiro da FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo). Os empresários construíram a Força para acabar com a CUT. Ele (Paulinho) apoiou Collor, FHC e Alckmin”, disse questionando uma crítica de Paulinho, de que a CUT precisa ser mais autônoma em relação ao governo.

O presidente da Força Sindical, que se opôs à proposta do governo de fixar o salário mínimo em R$ 545, promete novos embates.

“Agora a luta se volta para impedir a reforma na Previdência”.

No site da Força Sindical, Paulinho afirmou que técnicos dos ministérios da Fazenda e da Previdência já iniciaram estudos para propor aumento do tempo de contribuição para a aposentadoria: 65 anos (homens) e 60 anos (mulheres).

“Somos contra esta proposta e defendemos a extinção do fator previdenciário”.

Única das centrais que não assinou ontem o documento de apelo à CUT, a CGTB, presidida por Antonio Neto, do PMDB, considera as declarações da CUT sobre o imposto sindical como uma “armadilha” para separar as centrais. E reclama da briga entre os líderes da CUT e da Força Sindical.

“Há um exagero nas declarações tanto do Artur quanto do Paulinho. As lideranças precisam se lembrar de que elas não são partidos. Em vez de brigar, temos é que focar na macroeconomia. Há uma disputa no governo entre monetaristas e tributaristas e nós tínhamos é que estar marcando presença para os interesses dos trabalhadores. O PDT precisa ir lá no governo e resolver os seus problemas, enquanto a CUT precisa deixar de fazer colocações equivocadas”, afirmou Antonio Neto.

Lideranças sindicais ouvidas por Brasília Confidencial avaliam que a separação das centrais poderá comprometer o apoio dos sindicatos ao governo federal. Dizem essas fontes que, se a presidente Dilma Rousseff atender a pressão da CUT pelo fim do desconto da contribuição sindical, será acusada de querer destruir a organização dos trabalhadores. Dirigentes das centrais, muitos deles ligados também a partidos como PSDB, PPS e PV, aproveitariam o rompimento para apoiar candidatos da oposição em 2012 e 2014